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11/09/2013 08:18 - Café: Dilma "bancou" opções

Área econômica defendia contratos para até 1,5 mi/sacas, governo liberou 3 mi/sacas.

O presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), deputado federal Silas Brasileiro (PMDB-MG), disse ontem que a própria presidente Dilma Rousseff "bancou" o lançamento de contratos de opções de venda para 3 milhões de sacas de café, uma vez que a área econômica do governo defendia que a intervenção no mercado fosse de 1 milhão a 1,5 milhão de sacas.

O governo destinou R$ 1,05 bilhão para comprar 3 milhões de sacas de café no vencimento das opções em março do próximo ano, o que ocorrerá se os preços se mantiverem abaixo do valor de referência de R$ 343/saca e os cafeicultores decidirem entregar o produto. O primeiro leilão será realizado na próxima sexta-feira, e outros dois nas sextas-feiras seguintes, com oferta semanal de contratos para 1 milhão de saca.

Na opinião de Silas Brasileiro, o governo não precisará gastar dinheiro com as opções de venda, porque os preços do café devem reagir nos próximos meses. Ele afirmou que os leilões asseguram a venda de café de qualidade, que estão escassos no mercado por causa das chuvas que prejudicaram a qualidade do produto. Ele calcula que com o reembolso da sacaria e sem incidência do Funrural o produtor deve receber R$ 349/saca.

O deputado acredita que outro fator que deve contribuir para que o preço do café suba acima dos atuais R$ 280/saca é a perspectiva de queda na produção nos próximos anos, uma vez que a baixa remuneração neste ano desestimulou o investimento nos tratos culturais das lavouras, principalmente adubação. Ele calcula que a próxima safra deve ficar na faixa de 43 milhões de sacas, volume inferior às 47,54 milhões de sacas estimadas para este ano e bem abaixo das 50,8 milhões de sacas colhidas em 2012, que foi recorde para ano de bienalidade positiva.


Reação - Brasileiro aposta na reação dos preços do café nesta safra, mas não vê espaço para altas expressivas. Ele acredita que os preços devem se manter entre R$ 350 a R$ 400/saca nos próximos três anos, levando-se em conta vários fatores, como a redução do diferencial de produção entre os anos de baixa e alta produção das lavouras, o que contribui para atenuar a volatilidade do mercado, pois antes havia oscilação entre 25% a 30% no volume produzido de um ano para o outro. Silas cita também como fatores de contenção dos preços a redução do ritmo de crescimento do consumo na Europa e a preocupação do governo brasileiro com o impacto dos preços do café na inflação.

O deputado mineiro diz que uma das prioridades do Conselho Nacional do Café será a busca de alternativas para reduzir o custo de produção, uma vez que não existem perspectivas para altas mais significativas nos preços. Ele diz que a reforma da legislação trabalhista em relação a terceirização é importante para a cafeicultura, por causa da participação expressiva do gasto com mão de obra no custo de produção.

Silas Brasileiro, que participa da Semana Internacional do Café, que está sendo realizada no Expominas, em Belo Horizonte, afirmou que espera da Organização Internacional do Café (OIC) melhora das estatísticas por parte dos países produtores, principalmente as previsões de safra, e incentivo a iniciativas que visem a reduzir a volatilidade de preços do café.



Comercialização do grão está atrasada

A comercialização da safra de café do Brasil 2013/14 (julho/junho) melhorou o ritmo no mês de agosto e fechou o mês a 32%. O dado faz parte de levantamento de Safras & Mercado. No entanto, as vendas seguem atrasadas em relação ao ano passado, quando, em igual período, 35% da safra 2012/13 estava comercializada. Também há atraso em relação à média dos últimos cinco anos, que aponta que 39% da produção normalmente já está negociada no período.

Em relação ao mês de julho, houve avanço de 11 pontos percentuais na comercialização. Com isso, já foram comercializadas 17,18 milhões de sacas de 60 quilos, tomando-se por base a estimativa de Safras & Mercado, de uma safra 2013/14 de café brasileira de 52,9 milhões de sacas.

A comercialização de arábica gira em torno de 29%, contra os 33% em 2012 e os 38% na média dos últimos 5 anos para o mês. A venda de conillon totaliza 42% da produção, em linha com o ano passado, quando 43% era o índice do fim de agosto, e com a média de 5 anos (42%).

Segundo o analista de Safras Gil Barabach, a comercialização ganhou um pouco mais de agilidade, com as questões climáticas envolvendo o frio no Brasil e a valorização do dólar. "Ainda há um bom volume de café remanescente (da safra 2012), com o produtor, na medida do possível, direcionando em primeiro plano a venda desses cafés. Também há a preferência pela venda das bebidas mais fracas, de qualidade", aponta o analista.

Já do lado da demanda, os compradores continuam na defensiva, mantendo a estratégia de se posicionar da "mão-para-boca". Apesar desses entraves, diz Barabach, o fluxo comercial melhorou. "Mas, ainda dentro de um ritmo compassado. O exportador só mostra um pouco mais de agressividade para cobrir algum ôburaco de exportação", afirma.



Veículo: Diário do Comércio - MG

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