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10/09/2013 11:14 - Por temer fraudes, lojistas rejeitam 7% de compras on-line

O combate a fraudes nas compras pela internet avançou no Brasil, nos últimos anos. Porém, uma pesquisa mostra que, na comparação com os Estados Unidos, ainda há espaço para melhorar. Segundo levantamento da CyberSource , empresa que pertence à bandeira de cartões Visa, os lojistas brasileiros rejeitaram cerca de 7,1% dos pedidos de compra no primeiro semestre, ante 5,6% no mesmo período do ano passado. Nos EUA e Canadá, em 2013, o índice foi de 2,7%, ante 2,5% em 2012. Na América Latina, o índice de 2013 é pior que o brasileiro: 8,3%

"Pode ser que o comércio eletrônico no Brasil e na América Latina seja mais atacado que nos Estados Unidos, e por isso a rejeição de pedidos [de compra] é maior. Mas isso é algo que não temos como provar", disse Fernando Souza, diretor-geral da CyberSource no Brasil. A empresa calcula ter evitado R$ 250 milhões em fraudes no comércio eletrônico brasileiro nos últimos 12 meses.

No comércio eletrônico, quem paga a conta das fraudes é o lojista. A regra estabelecida pelo sistema financeiro prevê que, em compras feitas sem a captura presencial do cartão (caso desse meio de vendas) é a loja que fica com o risco de fraudes. Isso vale tanto no Brasil quanto nos EUA. Lá, porém, assim como em alguns países europeus, há discussões para que os bancos assumam parte do risco. Nas fraudes de clonagem de cartões, por exemplo, eram os bancos emissores do plástico que pagavam pelo golpe.

O estudo da CyberSource mostra também que a relação entre a receita total de lojistas brasileiros com comércio eletrônico e as perdas com compras fraudulentas é de 1,08%, considerando dados do primeiro semestre de 2013. Na América do Norte, a razão é de 0,67% e na América Latina, 1,35%. No Brasil, a CyberSource entrevistou lojistas que respondem por 70% do total de volumes financeiros de compras on-line.

"Algumas tecnologias de combate à fraude ainda são recentes no Brasil, o que pode explicar a diferença entre os índices", disse Souza. "Os diferentes estágios de maturidade do comércio eletrônico do Brasil e dos EUA também são fatores a serem considerados."

O problema é que prevenir uma fraude pode sair caro para o lojista. O processo de prevenção envolve manter tanto custos de uma equipe para revisar manualmente transações em que há dúvida sobre possíveis fraudes, quanto o risco de exagerar na cautela e bloquear transações legítimas.

Por exemplo, neste ano, em um dia de semana, todos os ingressos para uma determinada sessão de cinema foram esgotados em uma sala de exibição do Brasil. Além de ser longe das férias escolares, não se tratava de nenhum grande sucesso de bilheteria. E o mais interessante é que ninguém apareceu para prestigiar a película aparentemente tão aclamada. Foi tudo uma frande, informou a CyberSource, sem revelar detalhes. O "golpe do cinema" foi a forma encontrada por fraudadores para testar, em transações de baixo tíquete médio, se os números de cartões obtidos ilegalmente funcionavam. Foi um meio criativo que encontraram para escolher os cartões que seriam usados em fraudes de maior valor.

Eduardo Daghum, sócio da Horus, consultoria especializada na prevenção de fraudes, disse que há fraudadores focados na América Latina. Para os golpistas, os sistemas de prevenção na região seriam mais vulneráveis que nos EUA, o que os atrai, somado ao fato de que o comércio eletrônico está em crescimento nesses países. Quanto ao Brasil, Daghum opinou que, nos últimos anos, tem chegado ao país uma série de sistemas de prevenção equivalentes aos implantados no exterior. Para o especialista, uma legislação mais branda que a americana no combate às fraudes digitais também ajuda a entender a maior ousadia de golpistas no mercado brasileiro.

Outro indicador da pesquisa reforça o peso das fraudes no orçamento do varejo: os índices de revisão manual. De acordo com o levantamento, 31% dos pedidos de compra das lojas precisam passar por uma revisão manual que decide se os aprova ou não. Na América do Norte, esse percentual é de 26%.

George Pozzobon, gerente de risco e recuperação da Netshoes , disse que o alto volume de revisão manual de transações era um dos fatores que comprometia a eficiência operacional da varejista. Neste ano, a loja passou a usar recursos mais modernos para tentar automatizar mais o processo de seleção de transações fraudulentas. "É fundamental termos agilidade para identificar uma fraude e evitar a entrega do produto", disse.

"As fraudes não são um problema estático. Nossa função é tentar antecipar as tendências e as novas estratégias que os fraudadores vão usar", disse Andrew Naumann, diretor de produtos e soluções globais da CyberSource. Para ele, com o comércio eletrônico mais protegido, os fraudadores podem voltar as atenções para pagamentos feitos com celular ou sistemas que armazenam dados na nuvem - em equipamentos fora dos PCs dos usuários e acessados por internet.



veículo: Valor Econômico

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