As entidades que fazem parte do Conselho Estadual do Leite (Conseleite), entre as quais o Sindilat, a Farsul, a Fetag e a Fecoagro, decidiram criar o Instituto do Leite - cujo nome poderá ser Centro de Inteligência do Leite. A medida acontecerá independentemente da instituição de um Fundo do Leite, como quer o governo do Estado, porque já existe o Fundesa - criado pelas cadeias de produção e genética da avicultura, suinocultura e pecuária de corte e leiteira -, que dispõe de dinheiro e estrutura para desempenhar as funções previstas para o instituto, como montagem de um esquema de promoção, desenvolvimento, apoio e defesa da cadeia láctea.

A informação foi dada ontem pelo diretor financeiro e coordenador da Comissão de Leite da Farsul, Jorge Rodrigues, e pelo secretário executivo do Sindilat, Darlan Palharini, que participaram do primeiro debate organizado pelo Jornal do Comércio na Casa do JC na Expointer. O setor pretende que o instituto seja tripartite - envolvendo produtores, indústria e governo -, mas com gestão privada e sem necessidade de um fundo, o que, segundo Rodrigues, implicaria criação de mais um tributo sobre o já onerado setor produtivo. “Da forma que estamos propondo, não haverá mais um encargo financeiro para os produtores e a indústria”, explicou.

Questionado sobre o fato de a administração ser realizada pelo setor privado, Palharini justificou que todos os institutos similares que existem no mundo são assim. “A administração pelo setor público é muito complicada e lenta, e nós precisamos de um organismo que desenvolva com agilidade e rapidez as ações e os projetos de que o setor precisa,” afirmou. Segundo ele, o Fundesa, além de já dispor de dinheiro, atende às propostas do setor para o instituto. “As entidades do Conseleite que decidiram pela criação do instituto estão abertas em relação ao projeto, mas definiram que deve ser tripartite, sem necessidade de fundo específico e sob gestão privada”, acrescentou.

O Rio Grande do Sul tem mais de 121 mil produtores de leite e aproximadamente 430 mil propriedades rurais, das quais 200 mil teriam produção de leite. Não há muito controle sobre toda essa produção, o que é uma necessidade para aperfeiçoamento do setor. Um dos trabalhos do instituto será realizar estudos e propor medidas e soluções para organizar a cadeia produtiva, mas isso tem que ser feito, segundo Palharini, sem gerar custos sociais.

De acordo com os participantes do debate, o Rio Grande do Sul precisa divulgar mais o seu setor lácteo. “É uma fonte de renda muito importante e precisa de valorização e resgate”, destacou Palharini. Rodrigues, da Farsul, entende que o primeiro trabalho do instituto deve ser melhorar a informação sobre o que acontece nele e em seu entorno, organizando e valorizando a informação.

O diretor da Farsul afirmou que, no recente caso da fraude investigada pela Operação Leite Compensado, o assunto foi apresentado de maneira errada. Segundo Rodrigues, foram os produtores que promoveram a necessidade de uma investigação e fiscalização sobre a qualidade do produto. Outro trabalho necessário seria a padronização de testes laboratoriais para verificação da qualidade. Rio Grande do Sul, há três laboratórios autorizados a fazer análises do leite. “Se você levar a mesma amostra aos três, cada um dará um parecer diferente”, disse.



Veículo: Jornal do comércio - RS