Geral
15/08/2013 11:56 - Exportações entram na pauta dos laboratórios
A participação das exportações brasileiras de medicamentos e farmoquímicos (insumos) no comércio global farmacêutico praticamente duplicou ao longo da década de 2000, totalizando mais de US$ 2 bilhões em 2011. Os dados fazem parte de um levantamento encomendado pelo Sindusfarma (Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos do Estado de São Paulo) e Abiquifi (Associação Brasileira da Indústria Farmoquímica e de Insumos Farmacêuticos), com o apoio da Apex-Brasil.
Embora as farmacêuticas sejam forte importadoras, sobretudo de insumos para a fabricação de medicamentos, os laboratórios instalados no país estão em busca de oportunidades no mercado externo. De acordo com o estudo, entre 2007 e 2011, a expansão das exportações brasileiras de farmoquímicos e produtos farmacêuticos foi maior do que os embarques de produtos industrializados de outros setores, excluindo commodities agrícolas. Enquanto as exportações de produtos industrializados cresceram 21,35%, as de farmoquímicos aumentaram 176% e as de medicamentos subiram 94,9% no período.
Segundo José Correia da Silva, presidente da Abiquifi, o Brasil tem um sistema sanitário seguro. "É uma vantagem comparativa, não competitiva, mas faz enorme diferença em relação a outros países." De acordo com Silva, o Brasil produz 150 das 4 mil moléculas comercializadas no mercado internacional. "Temos expertise em produtos controlados, excepientes [insumos que contemplam todos os itens de um comprimido, exceto o princípio ativo], anestésicos e coquetel para Aids", disse.
O estudo constata que o processo de internacionalização de indústrias farmoquímicas e farmacêuticas brasileiras tem avançado de forma significativa. Entrevistas realizadas com onze empresas que já atuam no mercado internacional revelaram movimentos que envolvem aquisição de empresas no exterior, formação de joint ventures, registro de patentes no exterior, participação em projetos internacionais de pesquisa e desenvolvimento e contratos de transferência de tecnologia com vários países.
Embora a base de exportação do segmento farmacêutica ainda seja pequena, Silva disse que o país tem um grande potencial para crescer no mercado global.
Para Nelson Mussolini, presidente-executivo do Sindusfarma, o setor tem todo o interesse em alavancar as exportações, independentemente se os produtos são oriundos de laboratórios nacionais ou de capital estrangeiro. "Essas operações são uma espécie de 'hedge' forçado, uma vez que as indústrias são importadoras. Isso ajuda nos resultados dessas companhias." Mussolini disse que os medicamentos genéricos produzidos no Brasil começaram a ganhar maior espaço no exterior.
Os mercados mais promissores, do ponto de vista estratégico para o setor farmacêutico, são os países emergentes, destacaram os economistas Virgínia Eickhoff Haag e Hélio Henkin, autores desse levantamento. O estudo traz evidências de que os setores farmoquímico e farmacêutico brasileiros ingressaram em trajetória irreversível de inserção internacional.
Um indicador dessa tendência é a boa reputação que laboratórios brasileiros têm em vários países, principalmente na América Latina. Já para as multinacionais, o Brasil é uma importante plataforma de exportação, com participação relevante no faturamento entre os países emergentes. No caso das multinacionais entrevistadas para o estudo, o Brasil só perde em faturamento para a China.
No caso dos farmoquímicos, os principais importadores dos produtos nacionais são Holanda, Espanha, Estados Unidos, Argentina e Reino Unido. Os principais compradores de medicamentos são Dinamarca, Venezuela, Argentina, EUA e México.
Entre os desafios apontados pelos laboratórios estão o aprimoramento do ambiente regulatório, os mecanismos de apoio à inovação no Brasil e a necessidade de reforçar e ampliar acordos bilaterais. Algumas empresas sugerem a criação de um mecanismo de "fast track" para o registro de produtos exportáveis, "a fim de garantir a chegada do produto no tempo certo e antes de potenciais competidores".
Veículo: Valor Econõmico
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