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14/08/2013 09:21 - O retrato falado do setor sucroalcooleiro brasileiro

A concorrência brasileira no cultivo da cana e na produção de etanol é fato consumado e ponto acomodado. A sua permanência eficaz na indústria dependerá única e exclusivamente de projetos estratégicos, planejamentos, estipulação de prazos, definição de mercado, questões de logísticas, enfim, oportunidades e panoramas cruciais que possam ser impetrados. Ao mesmo tempo é válido tentar encontrar efeitos negativos e desnecessários a fim de que determinados pontos não estejam sob a tutela da vulnerabilidade e, mais do que isso, possam ser evitados e combatidos em sua plenitude. Isso trará mais equilíbrio e sustentabilidade ao setor.

Tempos atrás constaram na agenda do governo determinadas alterações na forma de arrecadação dos impostos que permitiram comercializar diretamente o etanol das usinas para os postos de gasolina. Embora as distribuidoras tenham uma eficiência de logística, é certo que, independentemente do raio de extensão, existe uma excursão desnecessária do produto e, em alguns casos, uma intermediação adicional no custo do produto. O Brasil é o país que apresenta o maior crescimento na produção de cana. Em média, 60% da cana obtida é dedicada à produção de etanol e o restante ao açúcar.

O que se observa de longa data é que de todo segmento voltado à agroindústria, a cana é exclusiva, não somente pelo benefício que traz para o país, como também pela sua história, a ponto de tornar-se líder no contexto mundial. Basta ver o desenvolvimento das regiões onde o açúcar e o etanol estão presentes.

A cana garantiu e obteve um ganho expressivo de um esquadrão de novos investidores, defensores e articulistas no segmento, inclusive eu (embora não seja produtor) nos últimos anos. Porém, os antigos profissionais que já militavam no passado acabaram por antecipar o que viria pela frente. Grande êxito, muito embora ainda pairem algumas inquietações, em específico, como a sustentabilidade, que se divide em questões relacionadas ao custo tributário, a terra (cultivo), as pessoas que deste setor se beneficiam e, principalmente, um arcabouço que cada vez mais se prolifera, que é a questão ambiental.

Embora tenha havido diversos investimentos no setor sucroalcooleiro, o que se observa ainda é a formatação e solidificação dessa sustentabilidade, seja em termos econômicos, seja de ordem remuneratória para aqueles que dessa fonte tiram seu sustento. Fortalece-se cada vez mais, neste campo, uma distribuição de renda mais justa.

Os investimentos foram e continuam sendo feitos, seja na expansão, na modernização dos parques industriais que já existem, seja na implementação de novas usinas. Claro, há uma confiança positiva deste crescimento, devendo expandir novos horizontes e dar à indústria continuidade e, de quebra, trazer expectativas de geração de mais empregos e riquezas para o país. Esta capacidade produtiva traz confiança, crescimento e credibilidade do mercado interno e externo, tanto do etanol quanto do açúcar.

Excepcionalmente, e infelizmente, o preço do açúcar não está nos patamares que devia estar, até porque o custo de sua fabricação está quase que competindo com o seu valor de venda. Isso deve mudar, e assim esperamos. Praticamente o que se ouve dizer é que os produtores de cana, na última safra não obtiveram lucro nenhum. Aliado a isso, ainda temos algumas resistências de exportação do etanol, pois a cada momento surgem novas motivações/invenções, e até intervenções de outros governos em nossos negócios.

Ou seja, somos privados, em certos momentos, de alavancar a nossa economia em detrimento de eventual regulação de outros países o que acaba por cercear o estímulo ao crescimento da economia e à redução de desigualdades até o crescimento do nível de emprego e dos salários, ou à correção das chamadas falhas de mercado. As intervenções típicas dos governos modernos na economia ocorrem no âmbito da definição de tributos, da fixação do salário mínimo, das tarifas de serviços públicos e de subsídios. Não bastassem embargos e outros, ainda há o uso de "alegorias", como comparar o etanol de outros grãos, com o etanol de cana.

Mas, se atentem: quando o Proálcool se tornou um dos maiores empreendimentos na década de 70, vários questionamentos em torno das possibilidades de êxito das usinas diante das adversidades se apresentavam. Muitos imaginavam que o programa sairia do nada em meio a tantos problemas que, na época, os governos enfrentavam. Eram dívidas e mais dívidas internas e externas.

Hoje, existem empresas do setor no mercado de ações. Este é um exemplo de expansão, credibilidade e empreendedorismo, ou seja, um grande desafio e de alto risco, que é a abertura de capital de uma empresa. Isso só nos leva a crer que muito mais se acertou do que se errou no mercado do etanol e do açúcar.

E isso se deve a uma trajetória positiva do setor em capacitar cada vez mais seus colaborares e, ao mesmo tempo, trazer esta habilitação junto aos seus gestores. O setor é otimista e acredita que pode mais. Continua investindo, mesmo com subsídio insuficiente. Os êxitos do setor sucroalcooleiro superaram, e muito, e continuam ultrapassando grandes desafios.

O setor é de alto risco, pois dividem colaboradores, máquinas e a própria natureza. Sem plantio, de nada adianta. Sem contar as adversidades de pragas que hoje se alastram pelos canaviais.

Este paradigma chamado "produtores de etanol e açúcar" sintetiza exatamente o que pretendíamos tratar aqui. Elaborar um retrato falado deste setor que representa aos brasileiros uma das maiores fontes de riqueza e que fora desenvolvido no tempo, trazendo significativo crescimento à indústria brasileira e auxiliando na reconstrução da imagem positiva daqueles que fomentaram e contribuíram para o setor sucroalcooleiro.

Foram anos de estudos e pesquisas, desenvolvimento de técnicas agrícolas, enfim, uma soma de estratégias de identificação a partir de diversas e distintas concepções da época que hoje traz competência e conhecimento no que fazemos, e que ainda somos capazes de fazer.



Veículo: Diário do Comércio - MG

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