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17/07/2013 10:56 - Fabricantes preparam reajuste para 2º semestre

Fabricantes de eletrodomésticos fazem nova tentativa neste ano de reajustar preços. Na Eletrolar Show, feira do setor que vai até amanhã em São Paulo, as tabelas de preços estão de 5% a 12% acima dos valores apresentados no ano passado, segundo executivos ouvidos pelo Valor. Os reajustes devem chegar ao consumidor, caso o varejo aceite os reajustes, a partir da segunda quinzena de agosto, depois do Dia dos Pais.

As negociações não têm sido fáceis pois o consumidor tem se mostrado mais retraído. E a demanda fraca não tem aberto espaço para aumentos de preços acima da inflação. Segundo o IPCA, índice que mede a inflação oficial, os preços dos eletrodomésticos subiram 4,73%, em 12 meses até junho, enquanto a média geral de preços subiu 6,70%. Produtos como TV e aparelhos de som mostram queda de 0,85% nos preços, no mesmo período (ver gráfico ao lado).

Até meados de agosto, fabricantes e varejistas continuam a trabalhar com margens mais apertadas, diz uma fonte.

O custo de produção vem subindo. Além do dólar, com alta de 11% em relação ao real no ano, sendo 6% nos últimos dois meses, matérias-primas (como plástico e aço) estão mais caras. A lei dos caminhoneiros, sancionada em abril de 2012 e que determina novas regras na jornada de trabalho dos motoristas, encarece o frete.

"Trazer o produto de Manaus a São Paulo fica mais caro", diz o presidente da Whirlpool, João Carlos Brega, que comanda a estratégia das marcas Brastemp e Consul. Ele diz que a nova lei aumenta o custo do frete de 15% a 30%.

A desvalorização do real também pesa. "Quando a desvalorização do dólar é de 3%, 4% ou 5%, eu consigo absorver. Mas o aumento é significativo, de 11%. Vai ter algum repasse de preço", diz Cyro Gazola, vice-presidente sênior da área de consumo e estilo de vida da Philips, que engloba de eletrodomésticos, como a linha Walita, até produtos de higiene pessoal, como barbeadores.

O grupo espanhol Taurus, dono da marca Mallory, produz de prancha de cabelo ("chapinha") a ferro de passar roupa e reajustou de 8% a 12% os preços de alguns produtos na feira. "É um aumento não linear, produto a produto. Cada caso é estudado", diz Àngel Riudalbàs, presidente da companhia no Brasil. O ambiente na Eletrolar, segundo ele, é de reajustes de 10% a 15%. "Ninguém tem margem para aguentar tanta perda, ninguém. Aumentos de custos como esses precisam ser repassados. Ninguém está conversando com a concorrência, mas o mercado comenta. A reação primeira é sempre de 'não vou repassar', mas o que está dolarizado, está dolarizado", diz ele.

Riudalbàs faz a conta do dólar: em 2012, a empresa trabalhava com a moeda em R$ 1,65, e agora há estimativas de R$ 2,27 para o fim do ano - uma alta de quase 40%. "A indústria não repassa esse aumento. Então negociamos. Pode demorar de 15 dias a dois ou três meses. Vamos negociar com o varejo." O executivo mora em Fortaleza e aponta outro problema na composição de custo: a mão de obra, que subiu 10% este ano.

A alemã Wap importa máquinas para limpeza industrial e doméstica. O faturamento aumentou 27% no primeiro semestre, mas as margens foram comprimidas. "É equação ruim. Você faz esforço para vender, e, quanto mais vende, mais perde", diz Édla Pavan, diretora no Brasil. "Estamos um pouco temerosos sobre como o consumidor vai reagir. Estava disposto a pagar R$ 400. Será que vai pagar R$ 450, R$ 460?", observa ela.

A executiva diz que o momento é complicado para "o setor todo, com 80% dos 'players' falando a mesma coisa". A tabela de preços da Wap para a Eletrolar está reajustada entre 5% e 7% para compensar parte das perdas de rentabilidade. "Para o segundo semestre, o novo posicionamento do câmbio pegou todo mundo de surpresa", diz Édla. "A indústria fica muito acuada nesta situação. A resposta do varejo não é automática. A partir do momento que você faz o repasse ele tem um mês para ajustar a tabela."

Sem comentar sobre os produtos da feira, mas falando sobre uma perspectiva geral para o segundo semestre, o presidente da Whirlpool é cauteloso: "no momento" não há perspectiva de aumento de preços. A concorrente Electrolux diz que "não foi definido o preço dos lançamentos de eletrodomésticos que estão na feira para este ano".



Valor Econômico

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