Geral
18/06/2013 09:27 - Ano da quinoa
Especialistas discutem prioridades para pesquisa com planta nativa das altitudes andinas, mas que pode ganhar espaço no Cerrado brasileiro
Liliane Castelões
Da Embrapa Cerrados
Estabelecer ações prioritárias para a pesquisa com quinoa e estratégias para ampliar mercado e consumo no Brasil foram os principais objetivos do Workshop Ano Internacional da Quinoa, realizado, na última quinta-feira (13), pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), com apoio da Embrapa Cerrados, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
A quinoa é uma planta nativa da Colômbia, Peru e Chile, que produz um grão considerado muito importante à alimentação e à vida do homem já que não contém o glúten (item considerado restrito para muitas pessoas). Embora tenha sido substituída pelos grãos consumidos na Europa, como o trigo e a cevada, a quinoa, apresenta um bom resultado como cultura de verão nas entressafras, por ser botanicamente diferente das espécies nativas. Além disso, a planta é mais resistente às pragas e doenças que ficam nos restos de cultura e plantas espontâneas, diminuindo seu impacto negativo.
O Ano Internacional da Quinoa foi proposto pelos países membros das Nações Unidas, sob a liderança da Bolívia, e lançado em fevereiro. Cultura cultivada há mais de sete mil anos nos países andinos, a quinoa é considerada pela FAO como grão estratégico para a segurança alimentar.
O evento reuniu produtores, pesquisadores, representantes de órgãos públicos e setor privado. A Bolívia e o México, países produtores da quinoa, foram representados, respectivamente, pelo embaixador Jerjes Talavera e pelo conselheiro para assuntos políticos José Luis Uribe. Da embaixada da Bolívia no Brasil participou também o primeiro secretário Faleg Cópas.
O representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic, afirmou que entre os objetivos do Ano Internacional da Quinoa está a integração dos atores da cadeia produtiva da quinoa. "É uma cultura de grande potencial agronômico e industrial, de alto valor nutricional que deve ser inserida em programas federais como os de merenda escolar e de alimentação de grupos vulneráveis", destacou.
PESQUISA
O chefe-geral da Embrapa Cerrados, José Roberto Peres, considerou o evento como o marco da retomada da pesquisa com o grão. "É o momento de resgatarmos a pesquisa. Temos o desafio de incrementar os sistemas de produção, seja convencional ou orgânico, para atender à demanda do mercado", disse.
Os novos estudos serão focados nas prioridades elencadas ao final do workshop e desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar. Em relação ao sistema de produção serão executadas pesquisas em melhoramento genético, com vistas à uniformidade de ciclo e tipo de plantas, precocidade, qualidade dos grãos e enriquecimento do banco de germoplasma.
Atualmente, a Embrapa Cerrados desenvolve pesquisas com genótipos oriundos da primeira cultivar brasileira, a BRS Piabiru. O pesquisador Walter Quadros explicou que estão selecionando novos materiais, principalmente precoces e para produção na agricultura familiar. A caracterização e enriquecimento do banco de germoplasma, que conta com cerca de mil acessos, também é meta do projeto de pesquisa.
As pesquisas com quinoa na Embrapa Cerrados foram iniciadas na década de 90. O então pesquisador da Embrapa Cerrados Carlos Spehar, atualmente professor da Universidade de Brasília (UnB), fez as primeiras seleções com o objetivo de que a cultura fosse compor o sistema de produção e uma alternativa para diversificação no plantio direto. "A primeira demanda era agrícola, a alimentar surgiu depois. O que gerou o investimento em preparo de alimentos", comentou.
COMPETIÇÃO NO MERCADO
O produtor Sebastião Conrado, da Fazenda Dom Bosco, em Cristalina (GO), vem apostando na quinoa desde o início das pesquisas. A plantação de BRS Piaburu, em 2012, lhe rendeu cerca de R$ 4 mil por hectare. "Não é um valor insignificante, mas, na minha região, não compensa por que o lucro é muito maior com feijão, milho e hortaliças", disse. Além da competição econômica com outras culturas, ainda existem as dificuldades com os maquinários, principalmente colheitadeira e secador de grãos.
A adequação tecnológica para o cultivo não é o único problema. O preço da importação e a resistência alimentar dificultam a consolidação do mercado. Para Adilson de Oliveira, do Instituto Federal de Brasília, a perspectiva é de que os preços elevados e a demanda reprimida persistam por algum tempo. "Enquanto dependermos de importação, a situação será essa. O mercado tem potencial mediante a queda do preço e o maior conhecimento sobre as alternativas de uso", frisou.
Cerca de 70% da quinoa adquirida por empresas brasileiras é importada da Bolívia. O principal mercado demandante de quinoa é São Paulo, seguido de Santa Catarina, que são pólos de processamento do grão. Geralmente, a quinoa é incluída em alimentos já processados, como farinha de milho ou leite.
PRODUTOS
Um subproduto da quinoa que está sendo utilizado é o extrato. O diretor do Instituto Biophytis do Brasil, Clayton Corrêa, relatou como a empresa de origem francesa está investindo na produção de um medicamento que combate a obesidade abdominal e a perda da massa muscular. O "quinolia" já está registrado na França e passará por ensaios toxicológicos e pré-clínicos no Brasil.
Em função dos múltiplos usos da quinoa, a perspectiva é segmentar o mercado, buscando atender as demandas para processamento industrial e para consumo in natura. Para fomentar a produção e o consumo, os participantes do workshop defendem a criação de associações de produtores e beneficiadores, além de linhas específicas em políticas públicas.
AÇÕES
Dentre as atividades desenvolvidas este ano para a promoção da quinoa destacam-se o estabelecimento de uma rede global de pesquisa; exibição itinerante sobre os benefícios do consumo do grão nos cinco continentes; realização, em julho, no Equador, do Congresso Mundial; publicação de catálogo de variedades e de livro de receitas internacional no contexto do programa Chefs contra a Fome.
De acordo com o representante da FAO, as ações promocionais implementadas este ano se tornarão contínuas. "Os comitês - o Internacional e os que serão criados por cada país, como já fizeram o Chile, Peru e a Bolívia - serão responsáveis em reforçar continuadamente o conhecimento sobre a quinoa. Saíremos do baixo conhecimento para tornar o grão altamente conhecido e consumido", disse.
Veículo: Diário da Manhã - GO
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