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13/06/2013 09:55 - Sojicultor não foca produção "responsável"

De acordo com estudo elaborado pela KPMG, apenas 3% da oferta mundial do grão são certificadas .

Apenas 3% da oferta mundial de soja é certificada seguindo as normas que visam a promover a produção mais responsável.  o que aponta estudo publicado pela KPMG Internacional intitulado "Um roteiro para a produção de soja responsável: abordagens para aumentar a certificação e reduzir o risco". Isto significa que a soja está muito aquém de outras commodities cujos níveis de produção certificada são muito maiores.

A publicação da KPMG foi feita em colaboração com a Sustainable Trade Initiative (IDH), WWF, FMO (companhia financeira de desenvolvimento da Holanda) e International Finance Corporation (IFC). O estudo apresenta um plano de ação para superar as barreiras que têm impedido o crescimento da produção de soja responsável certificada, entre elas, a demanda de mercado fraca para esse tipo de produto, as variações na disponibilidade de soja certificada, o custo da certificação para os produtores e a existência de múltiplos certificados.

Para um dos autores do estudo, Sidney Ito, sócio da KPMG no Brasil e na América do Sul, responsável pela prática de Corporate Governance & Sustainability, a produção de soja está crescendo, impulsionada pelo crescimento populacional e aumento da riqueza no mundo em desenvolvimento.

"Mas à medida que a produção cresce, também aumentam os impactos ambientais e sociais do setor. O nível muito baixo de soja certificada na cadeia de suprimentos atual apresenta risco para os usuários de soja em grande escala. Enfrentar as barreiras para a produção responsável do grão não é um trabalho somente para os produtores.  necessária uma abordagem colaborativa em toda cadeia de fornecimento passando também pelos usuários finais, comerciantes e processadores, investidores e organismos de certificação, assim como dos governos e consumidores", explica.


Compromisso - O estudo elenca as principais ações recomendadas tais como um maior compromisso com a certificação por parte dos usuários finais, que incluem empresas de alimentos e de varejo; uma maior colaboração entre as agências certificadoras para alinhar os seus critérios e processos de avaliação; e apoio financeiro dos processadores de soja para ajudar os agricultores a financiar os custos iniciais de certificação.

O documento cita ainda outros fatores que podem promover a produção responsável, como a pressão de bancos que incluírem a certificação entre as condições para a concessão de financiamento às empresas da cadeia de soja, e a disseminação pelos governos de incentivos financeiros, por exemplo, por meio dos seus sistemas fiscais.

A análise da KPMG mostrou que há boas oportunidades de negócios no mercado de soja se os principais países produtores, como a Argentina e Brasil, investirem na certificação da sua produção. O estudo identificou que o prazo médio de retorno para o investimento em certificação dos produtores é de apenas três anos e, para os agricultores maiores e mais bem preparados, pode ser de apenas um ano.

Para o sócio da KPMG, se considerarmos que as empresas que são usuárias finais, como fabricantes de alimentos, ração animal e biocombustíveis, são as maiores prejudicadas pela falta de certificação, é altamente recomendado que essas empresas desenvolvam uma estratégia de mitigação de riscos relacionados à sua cadeia de fornecimento.

Na visão de Carlos Alberto Silva, gerente da KPMG no Brasil na prática de sustentabilidade e especialista no assunto, as informações do estudo são valiosas para o mercado brasileiro, que somado ao da Argentina responde por quase metade da produção mundial de soja.

"No Brasil, 10 milhões de novos hectares foram assimilados pela produção de soja entre os anos de 2000 e 2010 (uma área quase igual ao tamanho da Coreia do Sul), crescimento de 73%. Já na Argentina, o aumento foi de 75%, com novos 8 milhões de hectares. Além disso, não podemos deixar de ressaltar que a soja é uma das culturas alimentares mais valiosas do mundo, fornecendo mais proteína por hectare do que qualquer outra cultura", comparou.



Veículo: Diário do Comércio - MG

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