Geral
18/04/2013 08:21 - Cotação do algodão em baixa
Desoneração de imposto para 80 mil toneladas da pluma afetou preços no mercado interno.
Os preços da pluma de algodão em Minas Gerais apresentaram retração após o anúncio da desoneração do Imposto de Importação para 80 mil toneladas de pluma entre 1º de maio e 31 de julho. Com a redução dos valores, os produtores estão receosos em relação aos preços que serão pagos pelo produto ao longo dos próximos meses, período em que ocorre a colheita do algodão no Estado.
A Câmara de Comércio Exterior (Camex), vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), aprovou, na semana passada, o pedido de alíquota zero para a importação de fibra de algodão solicitado pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit)
O volume a ser importado com isenção de impostos, 80 mil toneladas entre maio e julho, foi calculado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) de forma que não prejudique os produtores nacionais.
Antes do anúncio, a alíquota do produto era de 10%. A medida aprovada atendeu as reivindicações do setor têxtil que, durante a entressafra do algodão, nos meses de maio, junho e julho, sofre com a escassez de matéria-prima.
De acordo com o diretor-executivo da Associação Mineira dos Produtores de Algodão (Amipa), Lício Pena, mesmo com a anuência da Abrapa, os preços recuaram e os produtores do Estado estão cautelosos em relação à possibilidade de novas quedas nas cotações.
Os preços pagos pelo algodão estão girando em torno de R$ 64 por arroba de pluma, 3% menor que o registrado na semana anterior. Mesmo com o recuo, ainda é suficiente para garantir lucro aos produtores, porém o ideal é que o mesmo ficasse em torno de R$ 70 por arroba de pluma.
"Qualquer estímulo à importação interfere diretamente na cotação interna do produto. O pedido teve como fundamento o receio da indústria têxtil em relação à menor oferta de pluma ao longo deste ano, uma vez que tanto a safra mineira como a brasileira será inferior. Essa possibilidade de recompor os estoques com produto importado causou retração nos preços da pluma brasileira", diz.
Produção - A safra 2012/13 de algodão em pluma em Minas deve sofrer retração de pelo menos 30% em relação ao período anterior. Além da concorrência com a soja, as cotações pouco atrativas na época do plantio, fizeram com que os produtores migrassem para a oleaginosa. Em 2012, no período de plantio, a arroba de pluma era negociada em torno de R$ 55, valor considerado insuficiente para garantir rentabilidade.
Segundo o sétimo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em Minas Gerais é esperada produção de 29,2 milhões de toneladas de pluma de algodão, o que representa queda de 30% em relação ao volume registrado na safra passada.
A área destinada ao cultivo do algodão também ficou menor. Ao todo serão 20 mil hectares, retração de 32,4% em relação aos 29,6 mil hectares utilizados anteriormente. Pela previsão da Conab, a produtividade média ficará em torno de 1,4 tonelada por hectare, alta de 3,3%. A tendência é que ao longo da colheita os números sejam revisados para baixo.
De acordo com o superintendente de Agropecuária e Silvicultura da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), e coordenador do Programa Mineiro de Incentivo à Cultura do Algodão (Proalminas), Walter Antonio Adão, a redução na safra mineira deverá ser ampliada ao longo da colheita, uma vez que várias regiões produtoras registraram perdas severas com a variação climática e também pela infestação da lagarta Helicoverpa zea, antes comum em lavouras de milho, que passou a causar danos significativos nos campos de algodão.
Quebras - "Várias regiões estão registrando quebras significativas na cultura, somente com a infestação da lagarta deverá ser registrada perda próxima a 30%. Além disso, em algumas regiões ocorreram chuvas abundantes e em outras, como no Norte do Estado, seca severa, girando perdas em torno de 70% a 80% da produção", observa Adão.
Além do comprometimento da qualidade e do desenvolvimento dos algodoeiros, uma vez que a lagarta ataca a maçã e as folhas da cultura, os custos de produção também foram ampliados, já que para combater a infestação foi necessário ampliar o número de dedetizações nas áreas cultivadas.
Mercado começa a dar sinais de fraqueza
Com as cotações domésticas tendo alcançado a paridade de importação, o mercado brasileiro de algodão começa a dar sinais de fraqueza nos referenciais de preços. "Este comportamento deve ganhar força com a notícia de que a Camex aprovou, no dia 9 passado, a isenção da alíquota para a importação de 80 mil toneladas de algodão, entre 1º de maio e 31 de julho", explica o analista de Safras & Mercado lcio Bento. Antes da desoneração, a alíquota do produto era de 10%.
A medida atende a reivindicações da indústria têxtil que encontra dificuldade de abastecimento. "O reflexo sobre as cotações nacionais dependerá do comportamento do lado da oferta", frisa Bento. Entretanto, mantida a situação de preços internacionais e câmbio, as cotações domésticas já devem ter atingido o seu pico na temporada atual. Para o analista, o momento ainda é atrativo para negociar lotes remanescentes da safra velha. Na quarta-feira passada, a fibra de melhor qualidade foi indicada a R$ 2,14 por libra-peso no CIF de São Paulo.
O relatório de abril de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda), divulgado no dia 10, estimou a produção de algodão do país na temporada 2012/13 em 17,29 milhões de fardos, ante 17,01 milhões no mês anterior.
As exportações deverão ficar em 13 milhões de fardos em 2012/13, ante 12,75 milhões no relatório passado. O consumo interno foi previsto em 3,40 milhões de fardos, igual ao mês anterior.
Baseado nas estimativas de produção, exportação e consumo, os estoques finais norte-americanos foram previstos em 4,20 milhões de fardos para a temporada 2012/13, mesmo patamar do mês passado.
Para a temporada 2011/12, é esperada produção de 15,57 milhões de fardos, exportações de 11,71 milhões de fardos, consumo de 3,3 milhões de fardos e estoques finais de 3,35 milhões de fardos.
Veículo: Diário do Comércio - MG
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