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08/04/2013 09:27 - Estiagem abala exportações de couro cearense

Expectativa é de que o quadro piore, caso não comece a chover nas regiões produtoras, segundo o setor

Apesar de mais resistentes que as peles de bovinos, as peles de ovinos e caprinos são as mais atingidas pela seca, pois, de acordo com os produtores, a alimentação e a hidratação precárias causam falhas no couro dos animais Foto: Divulgação

Por conta da seca que atinge o Nordeste brasileiro, a qualidade do couro de caprinos e ovinos produzido no Ceará está abaixo da média histórica, prejudicando as exportações para a Europa. Se, antes da estiagem, 70% do produto atingiam classificações altas de excelência, hoje, esse índice não passa de 30%. A situação preocupa os empreendedores, que buscam outros mercados para amenizar os prejuízos.

Em janeiro deste ano, as exportações relativas ao setor registraram queda de 24,1% em relação a igual período de 2012, saindo de US$ 10,3 milhões para US$ 7,8 milhões.

"As importações vêm sendo cada vez menores. E o quadro pode piorar, caso não volte a chover", alerta a delegada do Sindicato da Indústria de Curtimento de Couros e Peles no Estado do Ceará (Sindicouros), Roseane Medeiros, também diretora da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec).

Nas exportações, estão incluídos os couros de caprinos, bovinos e ovinos. Porém, explica Roseane, a redução se deve, sobretudo, às peles de caprinos e ovinos. Isso porque, no Estado, a maior parte do couro bovino vem das regiões Norte e Centro-Oeste, que não são afetadas pela seca. E o produto que chega ao Ceará é o chamado wet blue (que passa por um processo inicial de curtimento para depois receber o acabamento).

Ela também explica que a pele do boi é mais encorpada e, com determinados recursos técnicos, é possível melhorar a qualidade do material. Já a pele de caprinos e ovinos é finas, o que torna mais difícil essa espécie de restauração do couro.

Defeitos na pele

Embora sejam mais resistentes que os bovinos, ovinos e caprinos também sofrem com a seca. Com alimentação e hidratação precárias, os animais acabam sentindo as consequências, ficando, por exemplo, com defeitos na pele. "A situação está impactando bastante a lucratividade das empresas. Os produtores buscam outros mercados, mas vendem o couro a preços baixos, que não cobrem o valor que gastam com o animal", diz.

Conforme Roseane, para ovinos e caprinos, a classificação da qualidade do couro vai de um a sete. Até o começo de 2012, 70% do produto eram classificados de um a três, algo considerado bom para os negócios.

Atualmente, cerca 85% do que é produzido no Estado estão entre quatro e sete na escala. "O rebanho está muito afetado. As classes mais baixas dobraram em relação à média histórica do Ceará", aponta a delegada.

No Brasil, couro está em alta

Diferentemente do Ceará, a situação nacional quanto à exportação de couro está em alta. A exemplo dos meses de janeiro e fevereiro deste ano, o mês de março registrou alta nas vendas ao mercado externo em relação a igual período de 2012. O valor total exportado, em março de 2013, foi de US$ 190 milhões, ou seja, 9,4% a mais do que março do ano passado.

De acordo com dados preliminares da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior, no acumulado deste ano, o crescimento é de 17,1% em relação ao primeiro trimestre de 2012, totalizando US$ 543,7 milhões contra US$ 464,3 milhões. Tal crescimento tem suporte por meio das ações setoriais promovidas pelo Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), por meio do Projeto Brazilian Leather.

O projeto - que promove o couro brasileiro em mercados, gerando negócios e oportunidades para o país - tem incrementado ações para a qualidade dos processos em indústrias de curtumes, aumentado a participação do Brasil no mercado internacional e qualificando profissionais em busca de resultados mais competitivos. A participação dos couros no total de produtos brasileiros exportados passou de 0,8% para 1,1% no acumulado de 2013 em comparação a similar período do último ano.



Veículo: Diário do Nordeste

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