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05/04/2013 09:33 - Acordo com a LBR deve atrair investidores

Executivo da CRP, que representa fundo detentor de capitais da empresa, espera fechar 2013 com finanças em dia

Um acordo da Lácteos Brasil (LBR) com credores não validará apenas o processo de recuperação judicial, mas poderá reativar o interesse de investidores dispostos a injetar dinheiro na empresa. A aposta é do sócio-diretor-superintendente da CRP Companhia de Participações, Clovis Meurer, que representa um fundo detentor de 2,3% do capital acionário da LBR. Meurer, que acompanha a modelagem do plano a ser entregue até 10 de maio à Justiça de São Paulo, acredita que as medidas envolvendo revisão da capacidade de produção, distribuição e linhas de produtos devem permitir que a geração de caixa positivo ainda este ano. A intenção é concluir os procedimentos para repactuar o passivo até agosto. Em 2012, a companhia tentou obter R$ 500 milhões com investidores, mas fracassou.

O executivo acredita que é possível alcançar em 2013 o chamado Ebitda, lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, combinando ajustes na operação e maior fôlego no caixa com o adiamento na quitação de compromissos com dívidas. A receita bruta deve repetir os mais de R$ 2 bilhões do ano passado. “O plano de recuperação dá esta condição. Tudo vai depender de como será concluído, o que inclui a concordância de credores”, vincula o sócio-diretor superintendente da CRP, lembrando que a operação do negócio e nova condição financeira têm de andar juntas. Reação dos preços e demanda por produtos em 2013 devem colaborar, citou o gestor. Os bancos são os maiores credores. O passivo é estimado em mais de R$ 1 bilhão. Os números de 2012 ainda não foram fechados, mas devem confirmar novo prejuízo. Meurer não comenta as cifras. O desempenho negativo tem sido atribuído a fatores de mercado, cadeia produtiva, estiagem em 2012 e efeito de tributação do setor.

A possibilidade de atrair novos sócios, principalmente candidatos estrangeiros, que chegaram a examinar ativos e a situação geral do grupo no ano passado, é sustentada pela perspectiva de um acordo com aval da Justiça. “Empresa em recuperação judicial e acordo com credores é mais facilmente entendida por um possível investidor. Quem olha a empresa não tem mais dúvida. Está escrito perante um juiz”, reforça Meurer. O pedido para usar o mecanismo de adiamento de quitação de dívidas, previsto na nova Lei de Falências para Sociedades Anônimas, foi anunciado em 15 de fevereiro. Segundo o executivo da CRP, a medida foi recurso após “um mês e meio de muito exame” e depois de esgotar, em dezembro, conversações com grupos interessados em aplicar no negócio. “Cinco grupos analisaram a LBR em 2012, durante todo o ano”, informou o executivo. 

Enquanto buscavam dinheiro novo, os acionistas alteravam o comando. O executivo Rami Goldfajn, ex-conselheiro da BRF, assumiu a presidência, e Nelson Bastos, ex-presidente da Gradiente e especializado em reestruturações de empresas, também reforçou o time no comando da recuperação judicial. O fundo CRP VII, que está no laticínio e tem recursos dos fundos de pensão da Funcef, Petros e Valia e do Bndes, da Finep, da Fapes e  da CRP, deve esperar mais dois anos para fazer o desenvestimento dos R$ 50 milhões aplicados em 2010. A projeção de sair este ano foi adiada para obter melhor retorno, esclareceu Meurer. A composição acionária tem ainda Monticiano (com maior participação), Bndespar e o empresário Wilson Zanatta (fundador da Bom Gosto). A LBR foi criada em 2011, na fusão do laticínio gaúcho Bom Gosto e Leitbom.

A empresa não comenta se ocorrerão novas demissões entre os mais de 4 mil empregados (eram 5 mil em 2012). Até agora foram quase 500 em unidades do Estado e de Santa Catarina. Não houve acordo com sindicatos de trabalhadores para que a LBR parcelasse o pagamento de verbas rescisórias. O presidente da Fetag-RS, Elton Weber, disse que não há registros de atrasos no pagamento dos cerca de 3 mil produtores gaúchos ligados à companhia. Mesmo assim, Weber admite preocupação com eventual impacto do fechamento de unidades de processamento. “O cenário para os produtores é de estabilidade. A garantia da empresa é de que não haverá mudanças para o setor”, explicou o dirigente, a partir de conversas com a indústria. “Até porque, se parar a produção, a empresa quebra mesmo”, associou Weber. O presidente da Fetag-RS evitou projetar expectativa sobre a recuperação judicial, prevenindo que há histórias de grupos que conseguiram reverter crises e outros que não.



Veículo: Jornal do Comércio - RS

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