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15/02/2013 10:59 - Abilio pode ter chapa rival na BRF

Tanto mais perto chega o momento de apresentar a chapa para o novo conselho de administração da BRF, mais claros ficam os desafios que o empresário Abilio Diniz terá de enfrentar para assumir a presidência desse colegiado, como pretende, com apoio da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ) e da gestora de recursos Tarpon.

Juntos, os três acionistas chegam próximo a 25% do capital da empresa. É uma fatia importante, mas não é a solução definitiva, dado que a despeito de a BRF ser uma companhia com capital pulverizado na BM&FBovespa, as assembleias contam com participação de cerca de 70% do capital.

Enquanto Tarpon e Previ continuam trabalhando pelo nome de Abilio Diniz, como forma de trazer mudanças à companhia, discretamente a Petros atua em busca de uma alternativa. O fundo de pensão dos funcionários da Petrobras tem pouco mais de 10% dos papéis da companhia.

É nesse ambiente que o nome de Décio da Silva, presidente da fabricante de motores elétricos WEG, foi cogitado. Nem Petros e nem Décio comentaram o assunto.

O empresário e executivo já é membro do conselho da BRF e possui uma histórica ligação com o negócio. É filho de Eggon João da Silva, fundador da WEG, que foi acionista da Perdigão desde 1986. Eggon chegou a presidir a antiga Perdigão. Estava à frente dos negócios quando a companhia foi assumida pelos fundos de pensão, da família Brandalise em 1994.

Há um vínculo antigo entre Eggon, Décio e Nildemar Secches, presidente do conselho da BRF. Além da própria BRF, os dois últimos convivem nos conselhos da WEG e da Iochpe-Maxion. Logo após anunciar sua saída da companhia de alimentos, no início de fevereiro, Nildemar citou Eggon como uma figura de grande relevância em sua vida executiva e para a BRF. "O Eggon começou lá atrás na Perdigão. Foi uma pessoa fundamental e sempre, de uma forma ou de outra, continuou acompanhando a empresa. As pessoas não dão a devida importância a ele. Acho essencial fazer essa referência."

O Valor apurou que Décio, por conta do vínculo histórico com a BRF, não descarta essa possibilidade. Contudo, não estaria disposto a uma disputa pública, de chapas concorrentes.

A formação de ao menos uma - se não a única - chapa para o conselho da BRF deve estar pronta até 9 de março, quando deve ser feita a convocação para a assembleia de acionistas de 9 de abril.

É preciso que o nome dos candidatos esteja no material de votação que será enviado aos acionistas. Essa definição é ainda mais importante para que se possa contar com o voto - a favor ou contra - dos acionistas estrangeiros, que possuem quase 31% do capital da empresa e enfrentam um trâmite burocrático e demorado para votar se a posição estiver em recibos americanos de ações (ADRs).

As regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), porém, permitem que seja apresentada uma chapa concorrente até cinco dias antes da assembleia.

A elevada participação de estrangeiros na BRF é mais um dos desafios de Abilio Diniz, em especial, por conta da discussão do conflito de interesses. A varejista francesa Casino, sócia do empresário e controladora do Grupo Pão de Açúcar (GPA), já deixou claro que vê uma relação de conflito na participação simultânea nos conselhos de GPA e BRF. A existência do conflito não está provada, pois até o momento nenhuma das duas companhias divulgou o tamanho da relação comercial com a outra.

A Lei das Sociedades por Ações, no artigo 147, afirma que não pode ser eleito para o conselho de administração pessoa que "tiver interesse conflitante com a sociedade". Esse requisito pode ser dispensado pela assembleia de acionistas. Mas abre espaço para questionamentos que deverão partir tanto de acionistas da BRF como do GPA. No caso da varejista, o controlador francês já mostrou sua posição: deixou por escrito o pedido que Abilio renuncie ao conselho de GPA caso assuma o da BRF.

A despeito de os investidores nacionais se mostrarem mais flexíveis sobre esse ponto, em especial os acionistas da BRF, os estrangeiros, em geral, costumam fugir de polêmicas e pontos duvidosos. Nesses casos, optam pela abstenção (que não prejudica Abilio) ou pela rejeição, que pode ser uma pedra no sapato do empresário.



Veículo: Valor Econômico

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