Geral
20/02/2012 09:39 - Mais vale um genérico na mão do que...
Uma disputa judicial entre a indústria de medicamentos de marca e os genéricos, um setor que movimentou R$ 9 bilhões em 2011, foi parar nos órgãos de defesa da concorrência. Tudo começou em meados da década passada, quando grandes laboratórios farmacêuticos, como o dinamarquês Lundbeck e os americanos Eli Lilly e Genzyme, entraram com várias ações na Justiça para estender o prazo de validade de patentes e garantir exclusividade no mercado. A maioria dos processos já foi concluída e sempre com vitória para os fabricantes de genéricos. Mesmo assim, os laboratórios de marca não desistem da briga e continuam recorrendo ao judiciário, muitas vezes sem motivos plausíveis.
Esse tipo de procedimento provocou a reação da Pró Genéricos, entidade que representa o segmento no Brasil, e a gigante do mercado farmacêutico EMS, por meio do seu braço de medicamentos sem marca, a Germed Farmacêutica, que acusam os grandes laboratórios de abusar do direito de mover ações judiciais para prejudicar outras empresas do setor. É o que se chama, no jargão jurídico, de sham litigation, um litígio simulado, também conhecido como litigação de má-fé. A estratégia de protelação dos laboratórios tradicionais é simples. Mediante a contratação de escritórios renomados de advocacia, eles entram com vários processos ao mesmo tempo e, num primeiro momento, conseguem liminares que barram a concorrência até o julgamento do mérito da ação. Quanto mais demorar esse julgamento, melhor para eles. Situações desse tipo, raras há alguns anos, estão se tornando cada vez mais comuns no Brasil.
Na Secretaria de Direito Econômico (SDE), do Ministério da Justiça, existem atualmente 15 casos em investigação, dos quais oito são públicos (leia quadro ao final da reportagem). “Há um indício de conduta abusiva por parte dos laboratórios de marca, que pode trazer impacto econômico”, afirmou à DINHEIRO o secretário de Direito Econômico, Vinícius Carvalho. A tendência do governo é proteger a permanência dos genéricos, que aumentam a concorrência no mercado. “A atuação do Ministério da Justiça pode levar os laboratórios, no futuro, a serem menos agressivos contra os genéricos”, acredita Marcelo Calliari, sócio do escritório Tozzini Freire Advogados.As reclamações dos fabricantes de genéricos já surtiram um efeito positivo. “Conseguimos ampliar nossa participação no mercado ao reagir às ações”, diz o presidente da Pró Genéricos, Odnir Finotti.
“A Justiça não está dando mais liminares para os laboratórios esticarem suas patentes, e alguns já vêm até desistindo de processar os genéricos”, afirma o advogado da entidade, Aristóbulo Freitas. Os laboratórios acusados de práticas protelatórias abusivas foram procurados pela DINHEIRO, mas não quiseram comentar o caso. A Interfarma, que representa os fabricantes dos medicamentos de marca, minimiza a guerra travada com os genéricos. “Cinco processos é muito pouco para um setor que tem 650 indústrias”, diz o presidente da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa, Antônio Brito. Até agora, o único caso de condenação pela prática de litigação de má- fé não está ligado ao setor de saúde. Em 2010, a BOX 3 Vídeo, empresa que detém a rede nacional de televisão Shop Tour e veicula programas de ofertas de produtos e serviços, recebeu uma multa de R$ 1,7 milhão por impedir que concorrentes transmitissem programas semelhantes ao seu.
Durante dez anos, a Box 3 entrou com ações na Justiça para reduzir a concorrência. Seu advogado, Márcio Lamonica, diz que, apesar de o Cade entender que a Shop Tour quis prejudicar os concorrentes, não houve má-fé. “A empresa quer passar a mensagem: ‘pode concorrer, mas não me copie’.” A Shop Tour ainda pretende recorrer da decisão do Cade na Justiça. Dada a complexidade dos casos desse tipo, muitas ações acabam sendo arquivadas. É o caso da polêmica envolvendo Fiat, Volkswagen e Ford e a Associação Nacional dos Fabricantes de Peças (Anfape), que reúne as fabricantes de peças de reposição, que não são credenciadas pelas montadoras. A Anfape acusou as fabricantes de automóveis de abusarem de processos na Justiça para impedir que suas peças fossem comercializadas, mas o Cade entendeu que não houve má-fé judicial.
Veículo: Isto É Dinheiro

Veja mais >>>
25/10/2024 15:51 - Presente em 98,8% dos lares, macarrão é categoria potencial para varejo alimentar21/08/2024 17:56 - Consumidores brasileiros focam em alimentação saudável
28/06/2024 10:21 - Como será o consumidor de amanhã?
27/06/2024 09:15 - Show de Paul McCartney em Floripa tem apoio do Angeloni Supermercados
25/06/2024 08:58 - Supermercados “étnicos” ganham força no varejo americano
24/06/2024 11:22 - Grupo Pereira reforça inclusão no mês dos Refugiados e Imigrantes
24/06/2024 11:22 - Roldão beneficia 200 crianças com Arraiá Solidário
24/06/2024 11:10 - Mais uma inauguração: Rede Bom Lugar chega a São Miguel Arcanjo (SP)
24/06/2024 11:07 - Sam’s Club e Atacadão chegam juntos em João Pessoa (PB)
21/06/2024 09:04 - Sadia celebra os seus 80 anos em grande estilo
20/06/2024 09:07 - Supermercados Pague Menos participa de ações de empregos
19/06/2024 09:15 - Supermercadistas criam vídeos virais e atraem clientes
18/06/2024 08:54 - Grupo Savegnago abre 500 vagas de emprego para pessoas com mais de 50 anos de idade
18/06/2024 08:53 - Natural da Terra anuncia Paulo Drago como novo CEO
18/06/2024 08:50 - Coop anuncia novos executivos em sua diretoria