O varejo não perdeu tempo: três horas depois de o governo anunciar a redução do IPI para linha branca, o Walmart colocou no site a sua promoção de eletrodomésticos até 10% mais baratos. Até o início da noite de ontem, as principais redes do país (Magazine Luiza, Casas Bahia, Ponto Frio, Ricardo Eletro, Carrefour, Fast Shop) já tinham atualizado seus sites com as ofertas, que prometiam até 18% de desconto sobre o preço anterior.

Tanto o varejo quanto a indústria apostam que a redução do IPI e da taxa Selic, aliada ao aumento do salário mínimo em janeiro, contribua para gerar um "efeito psicológico" positivo nas vendas de Natal. Havia poucas expectativas para os eletrodomésticos neste fim de ano, principal data da categoria, que responde por 11% da demanda anual. A crise externa e o aumento do endividamento das famílias no Brasil, que também sofreram com a inflação, colocaram freio no consumidor. A Eletros, que reúne os fabricantes do setor, esperava que as vendas de dezembro fossem iguais às do Natal passado.

"Mas agora projetamos alta de 10% nas vendas deste mês em relação a dezembro de 2010", diz Lourival Kiçula, presidente da Eletros. Segundo ele, as vendas do ano inteiro devem somar 18,4 milhões de unidades de refrigeradores, fogões, lavadoras automáticas e ("tanquinhos"), o que representa alta de 2,2% sobre 2010. No ano passado, o setor teve crescimento modesto de 1,7% em relação a 2009, quando as vendas deslancharam 18%, com a redução do IPI.

Na Electrolux, as expectativas são altas. "Queremos crescer 30% nesses quatro meses de IPI reduzido, em comparação ao mesmo período do ano anterior", diz Eduardo Mello, vice-presidente comercial da empresa. Neste ano, o crescimento das vendas está em um dígito. "Foi um ano muito duro, com desaceleração em relação a 2010 e 2009", diz Mello. Agora, a empresa até se preocupa com as férias coletivas de dez dias entre Natal e Ano-Novo. "Nossa capacidade de reação [à demanda] é limitada neste primeiro mês, mas vamos trabalhar para que não falte produto no ponto de venda".

A Electrolux prevê aumento na compra de produtos premium, em substituição aos intermediários, até então os mais procurados.

A concorrente Whirlpool, dona das marcas Brastemp e Consul, está mais comedida. "Começamos o ano esperando alta de 10% nas vendas, expectativa que acabou caindo para 5%, mas projetar para a indústria aumento de 10% em dezembro é otimista demais", diz Armando Vale, vice-presidente de relações institucionais da empresa, que aposta em uma demanda mais consistente em janeiro.

Como na outra redução do IPI, as lavadoras devem puxar as vendas dos próximos quatro meses, afirma o superintendente do Magazine Luiza, Marcelo Silva. "Esperamos repetir o bom desempenho de 2009", diz ele, que já percebeu um "novembro melhor" para os eletrodomésticos, depois de dois meses seguidos de desaceleração.

A primeira redução do IPI vigorou entre abril e outubro de 2009, sendo prorrogada até janeiro de 2010. Agora, o prazo inicial é mais curto (até 31 de março), o que leva a varejista paulista Cybelar acreditar que o impacto será mais imediato do que da primeira vez. "Vamos ter um Natal 25% melhor do que o projetado", diz Ubirajara Pasquotto, presidente da empresa.



Veículo: Valor Econômico