Espaços vagos em terrenos onde rede possui lojas serão utilizados para construção de empreendimentos


Arroz, feijão, batata e construção. A receita do empresário Abilio Diniz para vitaminar o faturamento do Grupo Pão de Açúcar acaba de ganhar mais umingrediente. A rede varejista passa a atuar no segmento imobiliário e quer aproveitar o espaço excedente nos terrenos de suas lojas. Em parceria com incorporadoras, o grupo cria um novo formato imobiliário, onde prédios residenciais e comerciais dividem espaços com as instalações da varejista.

Segundo Caio Mattar, CEO da GPA Malls&Properties, braço imobiliário do Grupo Pão de Açúcar, há cerca de 1,5 milhão de metros quadrados disponíveis em terrenos do grupo que já abrigam lojas. “Sempre que possível, nós compramos áreas maiores do que construímos, agora vamos começar a usá-las e rentabilizar o espaço”, disse.

O primeiro empreendimento com a formatação 'varejoimobiliária' é o Thera Faria Lima Pinheiros. Com um VGV (Valor Geral de Vendas) que deve alcançar os R$ 500 milhões, o projeto é resultado de uma parceria entre o GPA e a Cyrela.

O Thera Faria Lima Pinheiros, localizado em uma região nobre na capital paulista, será construído em um terreno da rede varejista que estava desocupado. “É uma área de cerca de 13 mil metros quadrados que já abrigou uma loja nossa e atualmente está livre. Por isso, cedemos o terreno, a Cyrela constrói e vende as unidades e nos repassa uma percentagem”, disse Mattar, explicando o formato do negócio sem revelar quanto o GPA vai embolsar no negócio.

O empreendimento terá 972 unidades divididas entre o Thera Residence, com apartamentos de 66 m² a 90m² e unidades duplex, e o Thera Office, com escritórios a partir de 37 m² com possibilidade de junção em até 930 m².

Além disso, o local também terá uma loja do Pão de Açúcar.

“É importante ressaltar que não seremos concorrentes das incorporadoras, não temos objetivo de construir shoppings ou empreendimentos sozinhos. Estamos apenas buscando parceiros para aproveitar ao máximo nosso espaço disponível”, disse o executivo, que ressaltou que o lema do Grupo Pão de Açúcar é “sweat the asset” (suar os ativos), mas afastou uma possível crise financeira na empresa.

Investimento zero

Mattar ressalta que o modelo de negócio de sua área é diferenciado e não requer investimentos iniciais. “Só vamos trabalhar com o que já temos, já investimos há muitos anos. Os terrenos são nossa moeda e os parceiros vão cuidar da incorporação. Portanto, só teremos lucro e vamos usar esse capital para comprar mais terrenos.”

A receita da nova modalidade da empresa será destinada para acelerar o processo de expansão da rede, que prevê abertura de 16 lojas em 2011, 80 em 2012 e outras 120 em 2013.

O executivo garante que cerca de 20%das lojas do grupo estão em terrenos onde há espaço disponível para a construção de empreendimentos. “Temos 25 projetos em andamento e mais dois deles devem ser lançados este ano, um em Santo André e outro em Guarulhos.
Escolhemos nossos parceiros incorporadores de acordo com a região.”

Em 2012 a expectativa é de lançar mais seis empreendimentos neste formato. “A estratégia de crescimento do Grupo Pão de Açúcar agora passa por este formato”, finaliza.


Veículo: Brasil Econômico