Rede de supermercados alega que operação está alinhada com o redesenho do modelo de negócio.

A rede francesa de supermercados Carrefour, segunda maior com atuação no Brasil, anunciou o fechamento de cinco lojas no país. Foram encerradas as atividades da unidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro; do bairro Ipiranga (Zona Sul) e Morumbi (Zona Oeste), em São Paulo; Vitória e Brasília.

Procurado, o Carrefour não disponibilizou porta-voz para comentar o assunto. Em nota, a empresa informou que "o Carrefour Brasil vem realizando um amplo processo de reestruturação das operações. Essas mudanças na rede estão alinhadas com o redesenho do modelo de negócio iniciado em 2010. A implementação das medidas contribuirá para que o grupo fortaleça sua posição de líder no varejo alimentar nacional". A assessoria de imprensa do grupo não soube informar se há previsão de fechamento de outras lojas em Minas.

O Carrefour de Uberaba foi inaugurado em novembro de 2006, mediante aporte de R$ 30 milhões, e gerava aproximadamente 350 empregos diretos. Todos os funcionários foram demitidos. No país, foram mais de 600 demissões. À época da abertura da unidade do Triângulo Mineiro, a prefeitura de Uberaba concedeu uma série de incentivos fiscais, como a isenção do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e do Imposto sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISSQN) pelo prazo de 10 anos.

Com o encerramento das atividades em Uberaba, o grupo passa a contar com sete hipermercados Carrefour em Minas Gerais: quatro na Capital; um em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH); um em Uberlândia, no Triângulo Mineiro; um em Juiz de Fora, na Zona da Mata; além de 17 lojas Carrefour Bairro, sendo 16 em Belo Horizonte e uma em Lagoa Santa (RMBH). No Brasil, o Carrefour também é detentor das marcas Atacadão e Dia.

 
Para abrir a loja em Uberaba, o Carrefour recebeu uma série de incentivos, como a isenção do IPTU

Rombo - No ano passado, o Carrefour descobriu um rombo contábil de 500 milhões de euros no Brasil e substituiu toda a diretoria. Desde então, aumentaram os rumores sobre um possível negócio envolvendo a filial brasileira.

No mês passado, o presidente mundial da varejista, Lars Olofsson, esteve no Brasil e negou que a unidade brasileira esteja à venda. Olofsson disse que o Brasil faz parte do "coração" da estratégia do Carrefour.

Em 2010, o Carrefour faturou no Brasil 12,5 bilhões de euros (R$ 27,5 bilhões pelo câmbio atual), 33,7% mais que em 2009. Em reais, a receita da multinacional francesa aumentou 13,2% no país na mesma base de comparação.

O Carrefour está no Brasil há 36 anos e, hoje, conta 170 lojas distribuídas pelo território nacional. A primeira unidade do Carrefour no país foi inaugurada em 1975, na cidade de São Paulo, trazendo um novo conceito de varejo até então pouco disseminado: os hipermercados. Em 1976, o mesmo se repetiu no Rio de Janeiro, com a primeira unidade naquele estado, a segunda no país.

Mercado - As conversas entre o Pão de Açúcar, do empresário Abilio Diniz, e o Gurpo Carrefour sobre uma possibilidade de fusão continuam agitando o varejo. Independentemente da ideia sair do papel ou não, já há quem se mostre interessado em entrar no negócio de alguma forma. Este é o caso da varejista chilena Cencosud, do empresário Horst Paulmann.

No final do ano passado, a Cencosud comprou a maior rede supermercadista mineira e a sétima do país, a Irmãos Bretas, Filhos e Cia (Supermercados Bretas). O acordo foi fechado em R$ 1,35 bilhão e incluiu, além das 62 lojas, a aquisição de mais oito unidades a serem inauguradas ainda neste ano. O grupo chileno também ficará com o Centro de Distribuição, que tem capacidade para atender até 300 lojas, cinco vezes mais que o tamanho do grupo.

O interesse da Cencosud é expandir a atuação no território brasileiro. O grupo chegou ao país em 2007 e desde então adquiriu diversas redes de supermercados regionais. Atualmente, conta com 130 pontos de venda e detém 33% do mercado na região Nordeste e 25% em Minas Gerais. Adquirir ativos do Carrefour seria uma forma de entrar em estados em que o grupo ainda não tem participação.

Veículo: Diário do Comércio - MG