Alimentos produzidos neste sistema tem mais cálcio, ferro e são melhores para o meio ambiente

Um em cada três supermercados no país vendem produtos orgânicos. Eles são mais caros, mas muitos consumidores estão dispostos a pagar mais, com isso o setor vem crescendo 40% ao ano, com investimento em lojas especializadas.

Dick Thompson produz orgânicos há 22 anos e deixou a função de executivo no mercado financeiro pra investir na atividade. Com sua esposa, ele comprou um sítio no Rio de Janeiro e começou a plantar hortaliças. Atualmente, faz pães e importa grãos, como a linhaça, e vende, apenas em São Paulo, para mais de 120 estabelecimentos. Uma das filhas do casal, Camila Thompson Mendez, faz a representação dos produtos.
– Desde que eu comecei a trabalhar com este projeto, no início de janeiro, eu sinto que a procura é constante e aos poucos está aumentando. Então estamos conseguindo abrir mais produtos em cada um dos pontos de venda que a gente trabalha.

 
O produtor conta que começou com a entrega em 1991.
–Entregávamos como hobby, para cinco clientes nossos. Isso foi aumentando e hoje nós entregamos para duzentas famílias por semana. Em 1997 tivemos que nos estruturar profissionalmente porque entramos em supermercados. Fomos pioneiros na entrega do produto do grande varejo – explica Dick.

 
A casa onde a família Thompson distribui seus produtos tem os mais variados orgânicos. Alimentos, cosméticos, produtos de limpeza e mesmo roupas.  Nardi Davidsohn administra o local e diz que não tem dificuldade pra encontrar o que a clientela pede.  São mais de mil produtos na loja. Por dia, em torno de cem pessoas passam por aqui. Gente que paga até 30% a mais do que pagaria por um produto convencional.
– Eu sinto agora pessoas novas vindo. Pessoas que não eram consumidores de orgânico, percebem que elas não vão ter que abrir mão de nada do seu dia a dia, do pão, da manteiga, do queijo, do leite – diz Davidsohn.

As pragas de lavoura convencional são um aliado nesse tipo de produção. Os sócios Francisco Sulino e Neilor José de Oliveira, de Ibiúna (SP), cultivam há doze anos.
– No orgânico você planta um pedacinho de cada coisa. Cinco canteiros uma coisa, cinco canteiros outra, pra fazer a rotação do plantio. Não usa veneno, não usa nada. Você trabalha livre e sossegado – explica Oliveira
 

Pesquisas mostram que alimentos produzidos neste sistema tem mais cálcio, mais ferro e fazem bem também para o meio ambiente.  Segundo a Associação Brasileira de Orgânicos, o faturamento deste mercado cresce 40% ao ano.
 

Além de plantar, Francisco e Neilor fazem o beneficiamento das hortaliças de outros produtores da região. Pelo menos 25 fornecem para eles. O engenheiro agrônomo que presta consultoria no negócio, Celso Ribeiro, controla a qualidade dos produtos, se certifica da origem e do sistema de produção orgânica.
– Tem um número de entrada do produto. Isso aqui vai pro mercado. Se por acaso acontecer alguma coisa lá na pós porteira e no nosso Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) vier alguma reclamação de algum produto nosso, pelo número do produtor eu tenho todo o histórico desta produção do milho – fala Ribeiro.
 

Por dia, os sócios entregam mais de 130 caixas de hortaliças e verduras orgânicas no mercado de São Paulo. Quando começaram o número ficava entre 15 caixas por dia. Em mais dois anos eles esperam dobrar a entrega.

Veículo: Midia News