Geral
15/02/2011 11:12 - Lácteos Brasil lidera longa vida e mexe no mercado
A operação que criou uma das maiores empresas de lácteos do país, a LBR - Lácteos Brasil, começa a provocar um rearranjo no segmento. A desafiadora integração entre Bom Gosto e Leitbom, que resultou na LBR, ainda está em curso, mas já há sinais de mudanças no mercado. Controlada pela Monticiano Participações, uma empresa que tem como acionistas a GP Investimentos e a Laep (controladora da Parmalat), a Leitbom se uniu à gaúcha Bom Gosto no fim do ano passado.
Dessa fusão surge a maior empresa de leite longa vida do Brasil, com 20% das vendas nacionais. Logo atrás vem a BRF Brasil Foods, com cerca de 16%. O restante está dividido entre as outras quase 90 companhias do ramo no país, conforme fontes do mercado. Juntas, Bom Gosto e Leitbom contam com 12 marcas de leite longa vida em seu portfólio, presentes em diferentes regiões do Brasil - em boa medida, graças ao grande número de aquisições realizado pela empresa gaúcha nesses últimos anos.
Tamanho volume de marcas é, ao mesmo tempo, um importante ativo e um desafio para a nova companhia. Para um especialista do segmento, com a fusão essas marcas poderão ser mais bem trabalhadas no varejo e receber mais investimentos. Além disso, a concentração também pode gerar mais regularidade e sinergias entre elas. Para outro fonte do setor, porém, a Lácteos Brasil terá de concentrar marcas, pois "não é possível investir em todas". Segundo um terceiro especialista, deve haver uma racionalização, levando-se em conta o valor de cada marca e a sinergia entre elas.
Ainda que não seja possível identificar com clareza seus objetivos, já há movimentos visíveis envolvendo marcas da LBR nas gôndolas dos supermercados. "A empresa direcionou marcas diferentes para diferentes mercados do país", diz o diretor de uma grande rede varejista. Ele frisa que não são marcas novas, mas que passaram a ser colocadas em mercados que antes não as recebiam. Ao mesmo tempo, afirma, a marca Parmalat, que tinha perdido espaço, voltou com mais força. Para outro executivo do varejo, há casos em que a própria sazonalidade da pecuária leiteira explica a presença de uma marca típica de uma região em outra em um determinado período. "Podem ser testes, mas nesse momento ainda é difícil saber".
Maurício Palma Nogueira, da Bigma Consultoria, afirma que em uma integração do porte da LBR, ajustes devem ocorrer. "As marcas devem ser avaliadas uma a uma, e a tendência é que as não rentáveis desapareçam", acrescenta, pontuando se tratar de uma análise apenas genérica.
Serão necessários, também, ajustes operacionais na nova gigante de lácteos. Com uma captação de mais de 2 bilhões de litros de leite por ano, a Lácteos Brasil fica atrás apenas de Nestlé nesse quesito. Todo esse volume é processado em 30 fábricas, e a expectativa de especialistas é de que a empresa tenha de reduzir o número de unidades para ganhar eficiência e rentabilidade. "[A empresa] terá de avaliar quais são as plantas mais eficientes, que têm a melhor logística para distribuição", diz Nogueira, acrescentando que a avaliação da "saúde" de cada unidade deve ser criteriosa.
Diretor-presidente da Lácteos Brasil, Fernando Falco afirma que ainda é prematuro se posicionar sobre marcas e fábricas porque, no momento, há uma consultoria trabalhando num projeto de 90 dias para identificar sinergias entre Bom Gosto e Leitbom. Nessa avaliação de sinergias, explica, serão levadas em consideração questões tributárias dos Estados onde as fábricas estão instaladas, captação de leite, custos de produção, de logística e de vendas.
Ele se refere à integração das duas empresas como um "trabalho monstruoso" e afirma não acreditar na necessidade de "um movimento fabril" porque há demanda reprimida por lácteos, já que ainda existe informalidade no mercado brasileiro.
Há também, segundo Falco, demanda reprimida pela marca Parmalat, que vai se tornar uma marca nacional. A estratégia da LBR prevê também marcas regionais fortes. "Nosso portfólio atende a todas as classes, com precificação distinta", diz. Ele nega que a companhia esteja direcionando marcas regionais para mercados como a capital paulista, e reforça que a marca nacional da LBR será a Parmalat.
Eduardo Eisler, diretor de marketing da Tetra Pak, maior fornecedora de embalagens longa vida no país, espera desdobramentos positivos da união entre Leitbom e Bom Gosto no mercado. Para ele, a fusão deve levar a uma maior competitividade na qualidade dos produtos lácteos, já que estimulará investimentos na cadeia produtiva. "Junto com fusões e aquisições vem a profissionalização da cadeia", afirma.
Outro efeito no mercado deve ser a menor volatilidade dos preços do leite longa vida, cenário visto num passado recente, quando laticínios com dificuldades financeiras acabavam derrubando a cotação do longa vida, lembra um especialista com grande experiência no setor de leite.
Para esse especialista, a LBR deve impulsionar a concorrência com marcas fortes, principalmente de outras empresas de grande porte. Mas ele não vê disputa acirrada em preços. Dois concorrentes da nova companhia, que pediram para não ser identificados, também acreditam que o sobe e desce dos preços do leite longa vida deve diminuir após a fusão. "Haverá mais equilíbrio", afirma um deles.
No começo do ano passado, a Bom Gosto foi acusada de concorrência desleal por laticínios da região Nordeste por supostamente vender leite longa vida por preços abaixo do custo de produção na região. A empresa sempre refutou as acusações.
É certo que a fusão entre Leitbom e Bom Gosto tem potencial para mexer com a estratégia das outras grandes companhias do setor de lácteos, que devem ser suas principais concorrentes. Mas o espaço de empresas menores não está sob ameaça por conta da maior concentração do setor, estimam especialistas. " As pequenas estão fincadas em mercados regionais, têm distribuição alternativa e no varejo tradicional, como padarias e mercearias", comenta um analista.
Eisler, da Tetra Pak, também vê espaço para as pequenas empresas regionais e acredita que devem ocorrer fusões também entre companhias de menor porte. Maurício Nogueira, da Bigma, concorda que há lugar para os pequenos laticínios, porém afirma que a vida "é mais difícil" para essas empresas, porque elas têm volumes menores e geralmente linhas de captação de leite menos eficientes.
Mas o desafio desses laticínios não para por aí. A concentração aumenta a competição por leite, acrescenta Nogueira. Além disso, de uma maneira geral, as empresas grandes são as que ficam com os fornecedores mais competitivos e mais produtivos.
Veículo: Valor Econômico

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