Geral
21/01/2011 10:42 - É hora de mudar?
Chuvas levantam discussão sobre necessidade de tirar a Ceagesp de área urbana e alagável, com risco para o abastecimento de São Paulo
As fortes chuvas de verão colocam uma vez mais em risco o abastecimento de alimentos na cidade de São Paulo. E trazem novamente à tona a discussão sobre a necessidade de mudança do complexo da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), o maior do gênero na América Latina. Localizado na Vila Leopoldina, fica uma região alagável e completamente adensada, o que contraria uma tendência mundial de instalar esses estabelecimentos de logística em regiões menos centrais, nas margens de rodovias.
A arquiteta urbanista Lucila Lacreta, diretora do Movimento Defenda São Paulo, adverte: "O governo não está se dando conta da gravidade desse problema. Existe um risco de desabastecimento de alimentos na cidade de São Paulo em função da localização de seu principal entreposto". A Ceagesp é um órgão federal, ligado ao Ministério da Agricultura. Segundo a arquiteta, além dos problemas com as chuvas, a Ceagesp está localizada numa região praticamente central, complicada sob o ponto de vista viário. "O ideal seria a transferência para a área do Rodoanel, perfeita sob o aspecto da logística".
Um dos cenários da novela "Passione", da Rede Globo, onde trabalhava a personagem Candê, interpretada por Vera Holtz, a Ceagesp entra em estado de alerta toda vez que ameaça um temporal na cidade. Isso porque foram incontáveis os episódios de enxurradas que alagaram todo o estabelecimento, deixando toneladas de frutas e verduras boiando na água das chuvas.
Ainda na semana passada, o entreposto uma vez mais ficou inundado pelo refluxo de águas do Rio Pinheiros. Com isso, os portões foram fechados às 2h de terça-feira, dia 11. Muitos caminhões carregados de mercadorias ficaram retidos no seu entorno. Uma rotina de verão na região da Vila Leopoldina.
Do lado de dentro da Ceagesp, depois das chuvas, ficam os estragos. Em outubro, o DIÁRIO revelou que Ministério Público (MP) e Prefeitura ameaçavam uma interdição do pavilhão Mercado Livre do Produtor, onde circulam mais de cinco mil pessoas diariamente, caso não fossem feitos reparos nas suas instalações. Os problemas encontrados iam de uma simples goteira até fiações expostas, falta de sinalização de emergência e vergalhões para fora da armação.
A diretoria da Ceagesp afirma que foram feitos reparos pontuais e que as obras estruturantes serão realizadas a partir de um laudo que se aguarda do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), que apontará as intervenções necessárias. A diretoria informa ainda que não há planos nem a curto nem a longo prazo para a mudança no endereço de suas instalações.
Projeto prevê unidades separadas no Rodoanel
No espaço da Vila Leopoldina seria instalado parque tecnológico ou bairro planejado, com estrutura urbana para beneficiar de 10 a 15 mil pessoas
O secretário de Agricultura e Abastecimento do estado de São Paulo, João Sampaio, informa que no início da gestão de José Serra, no governo de São Paulo, foram feitas tratativas com o governo federal para retomar o controle da Ceagesp ao estado e descentralizar suas instalações. De acordo com os primeiros esboços do estudo feito pelo estado, que acabaram não sendo considerados pelo governo federal, a parte de pescados ficaria localizada nas margens do Rodoanel Sul, no caminho da Rodovia dos Imigrantes. Frutas e verduras ficariam armazenadas num entreposto localizado no Rodoanel Oeste, próximo a Jundiaí. E grãos no eixo da Rodovia Castelo Branco, acesso aos maiores polos produtores.
"Esse modelo descentralizado funciona no mundo todo", diz Sampaio. "É assim em Londres, Nova Iorque e em quase todas as grandes cidades". O novo modelo, de acordo com o secretário, traria agilidade ao sistema e poderia ser gerido em parceria com a iniciativa privada.
Para o local onde está hoje a Ceagesp não faltam projetos. Já no Plano Diretor de 2002, elaborado durante a gestão petista de Marta Suplicy, falava-se na transformação estrutural daquela região. Em 2006, o então diretor do Instituto de Estudos Avançados (IEA), da USP, João Steiner, foi convidado a desenvolver os parques tecnológicos de São Paulo, respeitando vocações regionais.
Como parques tecnológicos devem ficar perto de universidades, Steiner defendeu que um deles fosse implantado na área da Ceagesp, próximo à USP. Seriam desenvolvidas ali pesquisas associadas aos serviços. Isso significa uma imensa gama de atividades como saúde, engenharia, finanças, moda, até telecomunicação, design, passando por culinária.
Outra possibilidade levantada é a criação de um bairro planejado no local. Segundo o presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Administração e Locação de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP), João Crestana, é possível desenvolver ali um projeto maior do que o da Nova Luz. "São 700 mil metros quadrados contra 500 mil da Nova Luz", afirma. "Penso que no lugar poderia ser feito um bairro planejado para beneficiar de 10 a 15 mil pessoas, com área verde, habitações, escritórios e tudo mais que a cidade está precisando para diminuir seu déficit habitacional".
Circulam pelo mercado 50 mil pessoas por dia
A Ceagesp é a maior companhia de distribuição de alimentos e flores da América Latina. Seus números são impressionantes: numa área de 700 mil metros quadrados, são vendidas mais de 10 mil toneladas de alimentos por dia e 6 mil de flores, num movimento de 50 mil pessoas, que deixam a cada mês cerca de R$ 150 milhões nas diversas barracas e galpões. Todos os dias, mais de 10 mil veículos circulam dentro do estabelecimento. Desses, cinco mil são caminhões.
10.000
toneladas de alimentos são vendidos por dia
Entreposto foi criado em 1969 pelo governo
A Ceagesp surgiu em 1969, da fusão de duas empresas mantidas pelo governo de São Paulo: o Centro Estadual de Abastecimento e a Companhia de Armazéns Gerais do estado de São Paulo. Em 1997, foi Federalizada.
50.000
pessoas passam pelas barracas e galpões
Veículo: Diário de S.Paulo

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