Seduzida por um mercado onde a vaidade não tem limites, a PuraInova, empresa recém-criada de dermocosméticos, busca na água mineral sua fonte de inspiração e de negócios. Fundada pelo francês Joel Ponte, ex-Natura e L'Oréal, e mais quatro executivos da indústria cosmética, a companhia já nasce com um aporte do fundo Inseed Investimentos, uma gestora de "venture capital" especializada em empresas de base tecnológica em estágios iniciais de desenvolvimento, que terá 35% de participação na nova companhia.

"Desenvolvemos nossos produtos com água termal, com propriedades importantes para a pele", afirma Ponte. Essa matéria-prima é captada de uma fonte da Serra do Japi, no interior de São Paulo, com certificação do Departamento Nacional de Pedras e Mineração (DNPM).

Nessa primeira fase de implementação, a PuraInova manterá uma equipe de pesquisadores em seu laboratório próprio na capital paulista e vai terceirizar a industrialização de seus produtos, entre eles, linhas de hidratantes e filtros solares voltadas para peles sensíveis, antienvelhecimento, e água mineral contendo 15 minerais e microelementos e água mineral com lipossomas - na fábrica da Lamy Química, de Louveira (SP), que também produz os dermocosméticos da Jequiti, que pertence ao Grupo Silvio Santos.

"Temos planos de ter nossa fábrica própria nos próximos três anos, em um investimento estimado em R$ 15 milhões", diz o executivo.

A PuraInova está em fase final de negociação para um aporte de R$ 7 milhões do fundo Inseed para investimentos na área de pesquisa e desenvolvimento de suas linhas de produto. A Inseed também é cogestora do Criatec, fundo voltado para empresas emergentes inovadoras, com montante comprometido de R$ 100 milhões, cujos cotistas são BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e o BNB (Banco do Nordeste), informou Francisco Perez, diretor de negócios e de relações com investidores do Inseed..

O mercado de dermocosméticos no Brasil é um dos mais promissores, com crescimento de cerca de 20% ao ano. Dados levantados pela consultoria IMS Health, a pedido do Valor, mostram que a receita desse segmento atingiu nos últimos 12 meses US$ 1,73 bilhão até setembro.

Segundo Ponte, a entrada da PuraInova no mercado atenderá uma forte demanda por produtos diferenciados para a pele da mulher brasileira. "As brasileiras têm uma tendência a ter pele mais oleosa", afirma Débora Pedroso, sócia e diretora científica da empresa. Segundo ela, muitos dos tradicionais produtos vendidos no país têm formulação europeia, voltada para pele mais seca. Bióloga formada, Débora fez pós-graduação especializada em águas minerais.

Segundo Débora, atualmente a maior parte dos dermocosméticos é desenvolvido a partir de água filtrada, sem manter os ativos na água mineral. O diferencial da PuraInova, de acordo com ela, é que os pesquisadores da companhia conseguiram isolar esses ativos e criar produtos que mantêm as propriedades da água mineral. Dermatologistas foram consultados antes da apresentação dos produtos.

Os produtos da PuraInova chegarão ao mercado a partir de 12 de novembro em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba (PR) pelas portas da Droga Raia, que fechou contrato de três anos com a empresa. Outras redes locais de Santa Catarina, Distrito Federal e Goiás também vão comercializar a linha. "A expectativa é atingir 4 mil pontos em três anos", afirma Ponte.

Esse segmento é disputado atualmente por grandes marcas internacionais, como La Roche-Posay, Vichy e Avéne. No Brasil, laboratórios, como o Mantecorp e Theraskin, também possuem participação significativa nesse segmento. A expectativa é atingir uma receita de R$ 30 milhões nos próximos três anos e ter seus produtos distribuídos em todo território nacional a partir de 2011.

Veículo: Valor Econômico