Geral
24/06/2010 09:56 - Novelas: um enredo de ganhos para o varejo
Quem tem cerca de 35 anos certamente se lembra do batom "Boka Loka", da primeira versão da novela global "Ti Ti Ti", sucesso entre as mulheres na década de 1980. O sabonete "Vale quanto pesa", de "Elas por Elas", folhetim estrelado por Eva Wilma também fez a cabeça das telespectadoras. Inseridos no cotidiano dos atores de televisão, esses itens se transformaram em sucesso de vendas no varejo.
O jeito de se vestir dos personagens das telenovelas também atrai milhares de consumidores, como aconteceu com as meias de lurex coloridas, usadas por Sônia Braga em "Dancin' Days", com o anel-pulseira da protagonista Jade em "O Clone" e com os lenços em "Caminho das Índias", febre nas ruas em 2008.
Segundo o coordenador do curso de pós-graduação em produção executiva e gestão da televisão, da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), Vagner Matrone, é importante que o lojista acompanhe sempre as tendências e perceba o que está sendo divulgado em novelas e seriados. "Tudo isso influencia o comportamento de compra. O brasileiro gosta de ter uma referência na hora de escolher o produto e a teledramaturgia é muito marcante."
O batom "Boka Loka", lançado na novela "Ti Ti Ti", em 1985 teve tanta aceitação que a nova versão da trama, que começará no segundo semestre do ano, terá um perfume como parte do remake. Batizado de "Tititi", o produto será alvo de disputa entre dois estilistas em pé de guerra e promete trilhar o mesmo caminho do batom no segmento de cosméticos.
Recurso – Aproveitando o impacto das novelas no consumo, as indústrias brasileiras apostam no formato merchandising, recurso no qual o produto fica inserido na cena, para ampliar as vendas. (veja mais ao lado) O primeiro anúncio em teledramaturgia surgiu na extinta TV Tupi, com propaganda do medicamento Engov na novela "Beto Rockefeller".
E continua em alta nos dias de hoje. Apenas na novela "Viver a Vida", penúltima produção do horário nobre da Globo, foram realizadas 112 ações de empresas, que renderam aos cofres da emissora aproximadamente R$ 73 milhões.
De acordo com levantamento do instituto de pesquisa Controle da Concorrência, que realiza monitoramento de ações publicitárias na mídia, as empresas que mais apostaram no formato foram a montadora Kia, com 35 ações (entre elas os carros dos personagens Miguel, do ator Mateus Solano, e Marcos, de José Mayer); o Banco Itaú, com 13; a Nextel, com 12 e a Natura, com 11 inserções. Juntas, 16 empresas fizeram 5.448 segundos de publicidade subliminar em "Viver a Vida" – aquela na qual o consumidor não percebe a venda direta do produto.
Sutileza – Para o diretor do Controle da Concorrência, Fabio Wajngarten, o formato de propaganda feito dentro das novelas é rentável tanto para emissoras quanto para quem anuncia. Ele diz que, nesse caso, o merchandising prende muito mais a atenção do telespectador porque é uma propaganda sutil e está inserido no cotidiano dos personagens da novela. "Ir ao banco, dirigir de casa até o trabalho, comer chocolate, tomar uma cerveja no bar com amigos, ir ao cabeleireiro. Quem nunca faz isso? O formato é muito eficiente e rentável, porque faz o consumidor se identificar."
Um exemplo dessa tendência é a nova novela da Globo, "Passione". Segundo o instituto de pesquisa, os dois primeiros capítulos tiveram 11 ações publicitárias de cinco empresas (Fisk, Houston Bike, Kia, Tiptoe e Hospital São Luiz), ante nenhum merchandising nos dois primeiros capítulos da anterior, "Viver a Vida".
E vem mais anúncio por aí: a marca de cosméticos Embelleze, que aposta no formato desde 1999, já fechou contrato com a emissora global para aparecer em "Passione". Em "Viver a Vida", foram investidos R$ 2,6 milhões em seis ações.
Segundo o diretor de mídia da empresa, Vitor Silveira, a novela faz parte da cultura dos brasileiros, com uma audiência grandiosa, comparada à da Broadway, nos Estados Unidos. "O preço cobrado para a ação chega a ser uma vez e meia maior do que o do comercial tradicional, mas vale à pena, pois os personagens dão valor à marca."
Outras emissoras também faturam com ações comerciais diferenciadas na teledramaturgia. Foi o caso da Record, com a novela "Bela, a Feia", na qual a rede Magazine Luiza participou integrando o cotidiano dos personagens. Em "Vende-se um véu de noiva", do SBT, a Jequiti Cosméticos – que também pertence ao Grupo Sílvio Santos –, teve até uma atriz exclusiva para falar sobre os produtos da marca.
Omerchandising promete ser o único modo de anunciar na televisão, no futuro, o que deverá aumentar as vendas por impulso. A avaliação é do coordenador do curso de pós-graduação em produção executiva e gestão da televisão da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), Vagner Matrone.
"Depois de ver determinado produto em uma novela, as pessoas terão a opção de efetuar a compra, em um simples clique, pelo controle remoto. Bastará digitar o número do cartão de crédito."
No presente, a inclusão de merchandising em novelas é uma saída para os publicitários que tentam evitar a fuga dos telespectadores durante os intervalos comerciais e serve como incentivo de vendas para o varejo.
Segundo especialistas em mídia e comércio, os produtos divulgados nas tramas são sinônimo de sucesso porque prendem os consumidores até o fim da publicidade.
"O efeito desse tipo de propaganda é muito maior, uma vez que está relacionado à identificação do ator com a marca. As pessoas gostam de ver os seus ídolos usando os mesmos produtos que elas encontram por aí, na vida real", afirma o presidente da Fundação Instituto de Administração, da Universidade de São Paulo (FIA/USP), Cláudio Felisoni.
Veículo: Diário do Comércio - São Paulo

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