Início da safra na região Sul do país aumenta a oferta no mercado e pressiona cotação para baixo.

 
Em Minas Gerais, os preços pagos aos produtores de leite na primeira quinzena de maio ficaram estáveis em relação aos praticados em abril, girando em torno de R$ 0,78 por litro. A tendência, segundo representantes do setor leiteiro, é que os preços caiam ao longo do mês em decorrência do início da safra leiteira na região Sul do país, o que contribui para o equilíbrio da oferta frente à demanda.

O valor pago pelo litro do leite, entre janeiro e abril, registrou alta devido ao período de seca. A variação registrada foi de 27%, se comparado com igual período do ano passado. Em relação aos preços pagos em abril de 2009, o aumento no mês passado foi de 21,4%. Os dados são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP.

Em Minas Gerais, a valorização do preço do leite, registrada no primeiro quadrimestre foi atribuída à redução na oferta do produto. A queda no índice de captação foi de 3,4% em março em relação a fevereiro. Na comparação de março com igual período do ano passado, houve incremento de 3,4% no volume de captação. O volume de captação no Estado deverá ser ampliado nos próximos meses com a introdução de ração na alimentação das matrizes em substituição aos pastos.

Lucro - De acordo com o presidente da Câmara Setorial do Leite de Minas Gerais, integrante da Comissão do Leite da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) e presidente da Cooperativa Agropecuária Ltda. de Uberlândia (Calu), Eduardo Dessimoni, os valores pagos aos produtores já são suficientes para geração de lucro.

Na primeira quinzena de maio, o valor pago pelo litro de leite no Estado ficou em R$ 0,78, preço equivalente ao praticado em abril. "Com o ingresso da safra de leite do Sul do país no mercado, a tendência para os próximos meses é a manutenção ou pequena redução nos valores pagos pelo litro de leite em Minas Gerais. A interferência em Minas pode ocorrer devido ao Estado de São Paulo optar pelo produto do Sul, que tem preços mais competitivos por estar em período de grande oferta", avaliou Dessimoni.

Algumas cooperativas mineiras já estão registrando queda nos valores pagos pelo leite. Na Cooperativa dos Produtores de Leite de Icaraí de Minas, na região Norte do Estado, o valor pago pelo litro de leite, durante a primeira quinzena de maio, ficou próxima a R$ 0,70.

De acordo com o gerente da associação, Almir Almeida Magalhães, a queda registrada no valor, próxima a 5%, entre abril e maio, está prejudicando a rentabilidade dos produtores, já que o valor mínimo para cobrir os custos de produção, segundo ele, seria de R$ 0,80.

Na Cooperativa de Produtores de Leite da Bacia do Rio Paranaíba Ltda. (Cooproleite), localizada em Coromandel, no Alto Paranaíba, foi registrado recuo de 5,3% no preço do leite. De abril para maio, a cotação do litro caiu de R$ 0,75 para R$ 0,71.

De acordo com a gerente da Cooproleite, Lidiane Cristina Gonçalves, a variação nos preços já era esperada devido ao aumento da oferta do produto no mercado e a redução do consumo gerada pela elevação dos preços em abril.

Na Cooperativa dos Produtores de Leite de Mar de Espanha, na Zona da Mata mineira, até a primeira quinzena de maio, o preço pago pelo leite ficou estável em relação ao obtido em abril, girando em torno de R$ 0,70 o litro. Por dia, o volume de leite processado está em torno de 17 mil litros. A capacidade instalada é de 25 mil litros por dia.

De acordo com o vice-presidente da cooperativa, Carlos Augusto Tavares Rezende, a tendência é a manutenção dos preços em função da introdução de ração na alimentação do gado leiteiro, o que favorece a ampliação da produção.

Veículo: Diário do Comércio - MG