Eles não têm campanhas milionárias, não patrocinam nenhum grande time de futebol, mas os salgadinhos para aperitivos formam uma indústria que movimenta mais de R$ 2,6 bilhões ao ano. Só em 2009, conforme dados Nielsen, as vendas desses produtos cresceram 13% em faturamento e 5,7% em volume, em linha com o mercado de cervejas, que teve evolução semelhante no mesmo período (crescimento de 11,8% em faturamento e de 5,9% em volume).

"Nossas vendas andam de mãos dadas com o setor de cervejas uma vez que boa parte do consumo, principalmente o de amendoim, acontece como acompanhamento para a bebida", diz Gabriel Cherubini, vice-presidente da Yoki Alimentos, líder de vendas em amendoins e pipocas de micro-ondas. Os dois mercados têm comportamento tão semelhante que, assim como as cervejarias, os fabricantes de salgadinhos para aperitivo também esperam vender mais este ano por conta da Copa do Mundo da África do Sul, daqui 50 dias.

O segmento de salgadinhos para aperitivos, segundo a Nielsen, é composto basicamente por amendoim torrado e suas versões (ovinhos, japonês, pimenta mexicana etc). Também entram para a categoria os extrusados (assados, em forma de pastelzinho), os petiscos prontos de milho e de batata (desde que não sejam fritos), pipoca pronta e pipoca para micro-ondas.

No ano passado, o setor vendeu R$ 305 milhões a mais que os R$ 2,355 bilhões de 2008, segundo dados Nielsen. Com o crescimento previsto para este ano, que deve variar entre 8% e 12%, o faturamento do setor deve chegar perto de R$ 3 bilhões - o que é mais, por exemplo, do que movimenta a indústria de sorvetes, que em 2009 registrou receita de R$ 2,26 bilhões, também segundo a Nielsen.

A Yoki espera uma alta de 12% a 15% nas vendas de amendoins, tanto em volume quanto em faturamento, e de até 15% nas de pipoca. A Hikari planeja vender 5% mais em volume de amendoins. "Em junho normalmente nossas vendas triplicam por conta das festas juninas. Com a Copa, podemos quadruplicar o volume em relação a um mês normal", diz Ana Paula Cruzato de Almeida, gerente de marketing da Hikari, segunda maior fabricante de pipocas para micro-ondas do país, com 7% de participação (a primeira é a Yoki, com 80%, segundo a empresa).

Impulsionada pelo crescimento do mercado de cervejas, a Yoki conseguiu vender 9% mais salgadinhos e amendoins em 2009 que em 2008 e 10% mais pipocas. "O ganho de renda da classe C faz as pessoas consumirem mais. Se elas saem de casa, elas frequentam mais as 'happy hours' e consomem nossos amendoins. Se ficam em casa, assistem a filmes e comem nossas pipocas", diz Cherubini, da Yoki, que tem, nos supermercados, 11% das vendas de amendoins, 7% das vendas de salgadinhos extrusados de milho e 6% das de batatas chips assadas.

Veículo: Valor Econômico