Usando a água da chuva e a luz do sol no processo de produção, a indústria Quiminova, especializada em produtos de limpeza, se tornou referência no Noroeste de Minas Gerais por sua preocupação com a sustentabilidade. Por meio da reciclagem do plástico e do óleo de cozinha, feita pela própria comunidade, a empresa consegue unir os benefícios da economia na produção e do cuidado com a natureza. Segundo o proprietário da indústria, Alcir Antônio Corso, desde que começou o trabalho de reaproveitamento de materiais junto à população de Paracatu, a reciclagem aumentou cinco vezes no município. "Hoje, 40% dos resultado das nossas vendas vêm desse diferencial que é a reciclagem. Foi o que agregou valor aos nossos produtos", afirma.

A indústria nasceu há seis anos, do sonho do empresário que também é engenheiro agrônomo. Ele diz que sempre fazia pequenas misturas em casa, experimentando novas combinações de produtos de limpeza, até que resolveu transformar o hobby em negócio. "Percebi a necessidade de ter um diferencial. Como estava no interior, teria dificuldade de adquirir embalagem e matéria-prima e ainda concorrer com marcas de Belo Horizonte ou Uberlândia. Então idealizei um projeto onde eu fabricaria a embalagem e usaria matéria-prima da própria região. Fiquei um ano estudando, foi um quebra-cabeça, mas o resultado começou a aparecer", lembra.

Não só apareceu, como não para de crescer. Segundo Corso, nos últimos três anos, a indústria registrou aumento anual de 25% a 30% nas vendas. O sucesso tem relação com o diferencial de uma marca sustentável, mas também porque a reciclagem lhe rende boa economia. A Quiminova usa o óleo de cozinha como matéria-prima e recicla plástico que é transformado em embalagens. Além disso, coleta a água da chuva e usa a luz solar no processo de fabricação. "Hoje conseguimos economizar cerca de 38% de energia elétrica. Também não compramos nada de material virgem, pois o plástico pode ser reutilizado infintas vezes. A economia chega a 80% no valor final da embalagem", afirma. A Quiminova fica em uma área de 2.800 metros quadrados, tem 18 funcionários e se dedica a duas linhas de produtos de limpeza: a doméstica e a automotiva. Entre suas especialidades estão amaciante, desinfetante, sabão, além de cera, shampoo e silicone para automóveis.

O proprietário explica que resultado positivo veio também por meio do incentivo feito à população. Ele destaca que não bastava reciclar e ser exemplo: era preciso também motivar a comunidade. "Vamos às escolas divulgar, explicando como acontece a reutilização do óleo e do plástico. Também colocamos pontos de coleta na cidade", explica. Corso afirma que a ideia se espalhou de tal forma, que, hoje, a indústria nem precisa se dar o trabalho de coletar a matéria-prima, pois ela chega por meio da população. " muito gratificante ver as pessoas levando o óleo ou o plástico para reciclar. Temos colocado na cabeça das crianças a necessidade de se preocuparem com o meio ambiente e é muito bonito vê-los se envolvendo", diz.



Veículo: Diário do Comércio - MG