“O potencial de geração de empregos é gigantesco”. Quem garante que as oportunidades econômicas são infinitas com a aplicação dos conceitos de sustentabilidade ambiental no cotidiano das empresas é o professor Juarez Freitas, que apresentou o tema Tributação Ambiental: Impostos Verdes na segunda edição do Fórum de Sustentabilidade, realizada nesta quinta-feira pela Fecomércio em Porto Alegre.

Freitas afirma que os “empregos verdes”, ligados diretamente às iniciativas sustentáveis, como a reciclagem, somam três milhões no Brasil. “Mil desses postos são de catadores de material reciclável. Então podemos perceber que, com o aprofundamento das práticas de responsabilidade ambiental empresarial, o potencial criado é enorme”, disse.

O professor mostrou como o conceito de sustentabilidade perpassa diferentes esferas da organização social brasileira e é, inclusive, um princípio constitucional. “A diretriz constitucional muda todas as relações sociais e fundamenta as mudanças trazidas pelo Estatuto das Cidades, pela Lei dos Resíduos Sólidos e pelo Novo Código Civil”, disse Freitas ao lembrar que também os princípios tributários deveriam observar a sustentabilidade, o que ainda não acontece.

“A tributação não respeita a capacidade contributiva e chega a patamares absurdos, como a taxação de 50% sobre a energia elétrica gerada por fontes renováveis”, exemplificou. Para ele, é importante observar a “sustentabilidade ética”, o respeito aos direitos fundamentais das gerações futuras e de todos os seres vivos. “Na questão da mobilidade urbana, embora a lei priorize o transporte coletivo, no último ano o governo deu R$ 16 bilhões em subsídios e incentivos à compra de veículos particulares, enquanto os recursos que foram para o transporte público somaram R$ 2 bilhões.”

Para Ricardo Voltolini, autor do livro Conversa com Líderes Sustentáveis, a inclusão dos princípios da sustentabilidade nas relações sociais pode ganhar força a partir da gestão das empresas. Para isso, ele defende que é necessário o envolvimento direto dos presidentes das companhias. “Sustentabilidade é um assunto para grandes líderes, mas isso não é exclusividade das grandes empresas. Quando se fala em liderança, se fala em atitude”, disse. Voltolini lembrou o programa Ideia Sustentável – Plataforma Liderança Sustentável, iniciativa que está sendo estendida às micro e pequenas empresas (MPEs) com o apoio do Sebrae.

Segundo Voltolini, um dos pontos que diferenciam os líderes empresariais comprometidos com a sustentabilidade é o ponto de vista diante das ações de redução de impacto negativo. Enquanto para os demais o cálculo é baseado em quais seriam as perdas em caso de negligência com a questão ambiental, os “líderes sustentáveis” pensam suas estratégias a partir das possibilidades de ganho diante das mudanças.

Para o presidente do Sistema Fecomércio-RS, Zildo De Marchi, a formação de líderes preocupados com a sustentabilidade anda “em bom ritmo” no Rio Grande do Sul e, em especial, no comércio. Ele acredita que, em breve, as ações de preocupação com a natureza serão predominantes e o cenário irá mudar positivamente.



Veículo: Jornal do Comércio - RS