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02/09/2011 10:53 - Logística reversa é tendência

Ideia é dar o devido descarte ou reaproveitamento aos produtos.

 

A necessidade de pensar políticas econômicas sustentáveis e de criar formas de desenvolvimento menos nocivas ao meio ambiente resultou, em 2010, no Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), com a Lei Nº 12.305, de agosto de 2010. A Lei de Resíduos Sólidos chamou a atenção para a prática da logística reversa na cadeia produtiva da indústria. Já adotado há alguns anos por alguns setores da economia, como de embalagens de bebidas e automobilístico, o processo, agora por lei, deverá ser ampliado para outras áreas.

 

A aplicação da logística reversa pode ser observada tanto em produtos ainda não consumidos, quanto naqueles que requerem assistência técnica e, ainda, nos itens já utilizados. A lógica da ideia é retornar na cadeia produtiva os produtos já sem utilidade para o devido descarte ou reaproveitamento, ao contrário de simplesmente atirá-los na natureza.

 

Para o coordenador do MBA em Gestão do Meio Ambiente e Sustentabilidade da FGV/IBS, Roberto Guimarães, o conceito de logística reversa está revolucionando o mercado, assim como fez a tecnologia há alguns anos. "As empresas estão desenvolvendo e adotando esse sistema, impulsionadas por fatores econômicos e estratégicos, como sensibilidade ecológica, pressões legais e redução do ciclo de vida dos produtos", esclarece.

 

Os benefícios da aplicação da política são inúmeros: desde a preservação ambiental até o retorno institucional de imagem para as empresas, a redução de custos e a diferenciação diante da concorrência. Setores como o farmacêutico, de acordo com resolução específica que rege o descarte de medicamentos vencidos nas drogarias e farmácias, aposta em formas de retorno de produtos consumidos ou não utilizados na cadeia produtiva.

 

Medicamentos - A Unifar Drogaria se apoiou na Resolução RDC nº 33, de 25 de fevereiro de 2003, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que dispõe sobre o Regulamento Técnico para gerenciamento de resíduos da área da saúde e informa sobre o descarte de medicamentos controlados vencidos de farmácias e hospitais, para, além de tratar corretamente os medicamentos da drogaria, receber da população os medicamentos vencidos e em desuso. O projeto recebeu o nome de Ecodescarte Consciente e não gera gastos para a população ou para outros setores envolvidos. O resultado esperado é o engajamento social da comunidade com a entrega dos medicamentos não utilizados e a consolidação da marca no mercado como uma empresa ecologicamente responsável.

 

Segundo o sócio diretor da Carvalho Martins Comunicação, empresa responsável pela gestão da marca Unifar Drogaria, Sérgio Martins, a responsabilidade é de todos e a preocupação socioambiental deve ser inerente aos valores e à missão de uma empresa. " possível mostrar à sociedade a importância do papel empresarial na preservação do meio ambiente e, além disso, garantir competitividade, perenidade, sobrevivência, evolução, conscientização e equilíbrio", analisa.

 

No setor de atacado, a empresa Granprie Food Service, que produz óleo de algodão, está atenta ao recolhimento correto, tanto do óleo utilizado quanto das embalagens, desde sua inauguração em 2009. "Temos a visão que podemos sempre contribuir para a qualidade de vida e proporcionar melhores escolhas para a sociedade. E não podemos deixar de frisar a importância do ecodescarte, que contribui para o meio ambiente e, conseqüentemente, para a população", informa o diretor da Granprie, Leonardo Pena.

 

Já no segmento de varejo, a Exclusivo Choperia dá o exemplo ao realizar a reciclagem do óleo de cozinha usado. Os sócios Luciano Braga e Renata Vale doam semanalmente o óleo sujo a uma empresa que fabrica produtos de limpeza. Em troca, os empresários recebem alguns itens como desinfetante, sabão, pano de chão e cloro. "Desta forma, além de ajudar o meio ambiente, evitando o descarte desse tipo de resíduo no solo ou esgoto, também economizamos cerca de 6,5% do estoque por mês recebendo os produtos de limpeza", diz Braga. Para o empresário, a nova Lei de Resíduos Sólidos será mais uma forma de estimular não somente as grandes empresas, mas também as pequenas e médias a cumprirem seu papel social com sustentabilidade.

 


Veículo: Diário do Comércio - MG

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