Sustentabilidade
11/05/2011 12:10 - São Paulo também restringe uso de sacola plástica
Tendo Belo Horizonte como exemplo, meta do governo é conseguir, já em janeiro, a extinção dessas embalagens.
Seguindo a iniciativa de Belo Horizonte de apoiar o uso de sacolas retornáveis na hora das compras, o governo do Estado de São Paulo oficializou, na segunda-feira, dia 9, um acordo com os supermercados paulistas que tem o objetivo de abolir a distribuição de sacolas plásticas descartáveis para a população e incentiva a adoção do uso de sacolas retornáveis em todo o Estado.
O lançamento do acordo foi feito pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, na abertura oficial da convenção anual da Associação Paulista de Supermercados (Apas). O presidente da Associação Mineira de Supermercados (AMIS), José Nogueira Soares Nunes, participou do lançamento a convite da Apas.
Nogueira é também um dos organizadores da campanha educativa que incentiva a adoção do uso de sacolas retornáveis em Belo Horizonte e o fim do uso de sacolas plásticas descartáveis no comércio varejista.
A campanha tem apoio de todas as entidades do comércio de Belo Horizonte, da Prefeitura de Belo Horizonte e do Movimento das Donas de Casa e Consumidores de Minas Gerais. A medida será implantada em todo o Estado de São Paulo a partir de julho até o final do ano, começando pelos supermercados e, gradativamente, estendendo-se a outros tipos de comércio varejista que serão convidados pelo governo paulista a aderirem ao acordo.
O governador Alckmin disse que a meta é conseguir, já em janeiro, a eliminação completa do uso de sacolas plásticas descartáveis no Estado.
Exemplo - Com menos de um mês de vigência da Lei Municipal nº 9.529/2008, que tem o objetivo de eliminar o uso de sacolas plásticas em Belo Horizonte, São Paulo percebeu os bons resultados alcançados na capital mineira e decidiu adotar o modelo utilizado em Belo Horizonte. "Nosso objetivo é que o consumidor passe a depender cada dia menos das sacolas plásticas", destaca o superintendente da Apas, Carlos Corrêa.
Para José Nogueira, a iniciativa em implantação em São Paulo mostra que Belo Horizonte tomou a decisão acertada em adotar a medida. "Assim como já é feito em países da Europa, Ásia, África e América do Norte, a redução do uso do plástico descartável como embalagem no varejo avança para outras partes do mundo e chega à América do Sul. Belo Horizonte e São Paulo saem na frente no Brasil. A tendência é que o país inteiro reduza o consumo de plástico descartável como embalagem para compras", comenta.
Números - Só em Belo Horizonte eram distribuídas diariamente 450 mil sacolinhas plásticas. A previsão é que com um mês de campanha cerca de 56 toneladas de plástico não biodegradável deixarão de ser descartadas no meio ambiente.
Com apenas duas semanas de campanha, até mesmo as sacolas descartáveis de plástico biodegradável, de uso ainda autorizado em Belo Horizonte, estão sendo relegadas pela população.
Por exemplo, houve uma queda de 75% no repasse, a preço de custo de sacolas compostáveis em todas as padarias de Belo Horizonte em relação aos primeiros dias. "Percebemos que nossos consumidores têm levado as sacolas retornáveis para transportar os produtos", destaca o presidente Associação Mineira da Indústria de Panificação (Amipão), Luiz Carlos Xavier.
José Nogueira lembra que toda mudança gera desconforto, mas que São Paulo aderindo à campanha mostra que Belo Horizonte será lembrada como pioneira no futuro. "Podemos salvar o planeta com pequenas ações. O mundo não precisa da sacola plástica descartável para viver. Aliás, viverá mais saudável sem ela. Estamos no caminho certo."
Já para o presidente do Ietec e coordenador-geral da Conferência Latino-Americana sobre Sustentabilidade (Ecolatina), Ronaldo Gusmão, é preciso que toda a população seja conscientizada e que haja vontade política e apoio popular. "Como a lei já estava sendo discutida há três anos, durante este período era necessário ter feito um trabalho nas escolas, com os professores e alunos de escolas públicas e com os formadores de opinião, para que se atingisse um número considerável de pessoas, sensibilizando a população. Além disso, campanhas mais enfáticas deveriam ter sido feita."
Ainda segundo Gusmão, a sacola bio-oxidegradável é um crime contra o meio ambiente. "Além de ser usado alimento em sua produção, a incorporação de aditivos em derivados de petróleo que fazem com que os plásticos se submetam a degradação acelerada não melhora o seu impacto ambiental e, potencialmente, dá origem a certos efeitos negativos. A lei deveria ser composta com base na redução do lixo e não apenas das sacolas plásticas. A redução de resíduos é algo que deveria ser discutido e ampliado com maior intensidade. Desta forma não pareceria, mas seria de fato mais ecologicamente correto."
O Instituto de Educação Tecnológica (Ietec), alinhado com a ideia de sustentabilidade, criou sacolas retornáveis de algodão natural e pet reciclado para estimular o reaproveitamento de materiais e desencorajar seus alunos a utilizarem a sacola plástica convencional, nociva ao meio ambiente. Com o mote, "Você é o que você planta", as ecobags estão sendo distribuídas, desde janeiro, a todos os alunos dos cursos de pós-graduação do Instituto. As sacolas acompanham um bloco ecológico, impresso em papel reciclado, e uma caneta ecológica, com corpo de papelão reciclado.
Pioneira em educação ambiental e responsável pela Conferência Latino-Americana sobre Sustentabilidade (Ecolatina), o instituto condena a poluição visual e, desde 2001, somente utiliza papel reciclado em suas publicações.
Agora, além de reciclado, o papel usado pelo Ietec possui a certificação Forest Stewardship Council (FSC). O selo atesta que toda a cadeia produtiva, do plantio à produção do papel, como também a impressão gráfica, são feitas de maneira ecologicamente adequada, socialmente justa e economicamente viável, cumprindo todas as leis vigentes. A certificação é a única apoiada pelo Greenpeace e pela WWF, duas organizações de destaque internacional.
Veículo: Diário do Comércio - MG
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