Após período de alta, taxas cobradas no varejo voltaram ao mesmo nível de dois anos atrás

O consumidor que vai às compras para as festas de fim de ano vai encontrar juros semelhantes aos cobrados no Natal de 2007. De acordo com o levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), as taxas do comércio em setembro (5,94%) voltaram ao mesmo patamar de dezembro de dois anos atrás (5,93%).

Na média geral entre todas as modalidades, a taxa de juros para pessoa física é a menor da série história, que começou em 1995, com 7,01% a mês. Em relação a agosto, a queda nos juros médios foi de 0,07 ponto porcentual ao mês.

O recuo, segundo o vice-presidente da Anefac, Miguel de Oliveira, se deve pela competição entre os bancos e pela melhora do cenários econômico. “É o oitavo mês consecutivo de queda, mesmo com a Selic - taxa básica de juros - inalterada nesse mesmo período”, diz.

A maior redução em pontos porcentuais na comparação com agosto foi registrada nos juros do empréstimo pessoal das financeiras, que recuou 0,14 ponto e está no menor nível desde março de 2001. Na comparação com setembro de 2008, essa mesma modalidade aparece com o maior recuo, com 1 ponto porcentual de redução (veja tabela abaixo).

Mesmo assim, os especialistas em finanças não recomendam que o consumidor saia gastando no fim do ano apenas porque as condições de pagamento estão melhores. “O início de ano concentra muitos gastos. É preciso tomar cuidado para não entrar em 2010 com o pé esquerdo e cheio de dívidas”, afirma Oliveira.

A recomendação do professor de finanças do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), Ricardo Rocha, é que a pessoa que deseja comprar para o Natal faça uma planilha de gastos para os próximos meses. “Só no papel se consegue visualizar quanto pode gastar e se vai faltar dinheiro ou não para tudo que se quer fazer. Não esqueça que há impostos, investimento em educação - matrícula, material escolar, uniforme -, e compras de Natal, gastos de ano novo e férias”, comenta.

Expectativas

Para o próximo ano, Rocha e Oliveira não acreditam em aumento de juros. “O mercado financeiro cogita em aumento da Selic por pressão inflacionária do aumento do consumo. Se ocorrer, será um aumento de 0,25 ou 0,50 ponto porcentual em março, mas que não deve chegar ao consumidor”, afirma Oliveira.

Rocha acredita que o cenário dos juros para o próximo ano não está claro. “Não há motivos para alta. E se houver, há muito espaço entre a Selic e os juros do mercado, o que pode frear o aumento para o consumidor”, diz o professor do Insper.

PARA AS COMPRAS

Para os especialistas em Finanças, não é porque os juros caíram e porque há um melhor clima de otimismo que o consumidor deve gastar toda a sua renda nas compras de Natal. A recomendação é que no máximo 25% do salário seja comprometido com esses gastos

A opção também deve ser de parcelar as compras em um prazo menor para não estender demais a dívida e se perder em pagamentos de contas durante 2010 com dívidas contraídas no ano anterior. Colocar todos os gastos no papel ajuda a saber quanto sobrou para o período de festas

Veículo: Jornal da Tarde - SP