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04/08/2009 10:41 - Desvalorização do dólar reduz exportação e eleva importação

O resultado da balança comercial em julho foi um superávit de US$ 2,928 bilhões (média diária de US$ 127,3 milhões). O valor é 12% inferior ao registrado no mesmo período de 2008 e 42,2% menor do que o registrado em junho deste ano. Para o secretário de comércio exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), Welber Barral, os principais motivos são a queda nas vendas de soja no mês e a desvalorização do dólar frente ao real.

 

O resultado do superávit no mês de julho foi obtido em decorrência das exportações em US$ 14,143 bilhões (média diária de US$ 614,9 milhões, ante média de R$ 689 milhões em julho) e importações de US$ 11,215 bilhões (média diária de US$ 487,6 milhões, ante média de R$ 468,7 milhões em junho).

 

Antonio Colangelo Luz, professor da Trevisan Escola de Negócios, acrescentou que a queda em julho só não foi maior pelo aumento nas exportações de açúcar. "A diminuição das compras por parte da China não foi tão percebido, principalmente em razão do crescimento das exportações de açúcar".

 

De acordo com o professor da Fractal, Celso Grisi o recuo no saldo comercial para o mês é menor do que o esperado. "O recuo esta sendo menos intenso. Eu esperava um recuo maior, principalmente com o preço das commodities em queda. No acumulado do ano por exemplo, eu imaginava um recuo de 40% nas exportações com relação a 2008 e o percentual ficou na casa de 30 %. O cenário diante da crise que enfrentamos é positivo", argumentou o professor.

 

Barral completou ao dizer que a retração é um movimento "natural". Segundo ele, o fato de o superávit ter ficado abaixo das estimativas, que variavam entre US$ 3,2 bilhões e US$ 4,2 bilhões, é um fenômeno que já ocorreu em anos anteriores. "Isso é natural. Se pegarmos os anos anteriores não é uma variação considerável. E evidentemente começa-se a sentir agora um efeito relacionado com a taxa de câmbio, que mudou há três meses e que começa a ter efeito agora. Mas ainda é uma avaliação muito pequena. Se você notar, em 2007 houve uma variação parecida. É período que acaba a safra de soja, você tem alguns efeitos que acabam explicando pequenas variações na exportação", afirmou Barral.

 

Entre janeiro e julho, no entanto, o Mdic aponta que houve um crescimento no superávit da balança comercial de (15,6%) por valores e pela média diária (16,4%), na comparação com o mesmo período do ano passado. O total acumulado é de US$ 16,913 bilhões (média diária de US$ 116,6 milhões).

 

De acordo com Barral, o governo mantém a meta de US$ 160 bilhões de exportações em 2009, o que, para ele, "é coerente com a queda de 20% das exportações este ano". O secretário avaliou que as importações de bens e capital estão observando um fenômeno "interessante". As exportações dos primeiros sete meses totalizaram US$ 84,095 bilhões e as importações US$ 67,182 bilhões.

 

Dólar

 

O secretário ponderou, também, que o recuo do dólar pode contribuir para estimular as compras do exterior e gerar um resultado comercial menor no restante de 2009. De acordo com Adriano Gomes, professor da ESPM o cenário para o futuro mostra uma tendência de queda nas exportações e um crescimento gradual das importações. "Podemos destacar a desvalorização em 22% do dólar e a perda de valor substancial dos principais itens da pauta que são em sua maioria commodities. As importações tendem a ascender, os empresários anteciparam as suas compras em função da queda do dólar e do final da crise mundial. As exportações em decorrência das projeções devem cair lentamente, mas a balança comercial chegará nos US$ 20 bilhões", explicou Gomes.

 

"O câmbio é um dos elementos de competitividade e é um incentivo às importações. O câmbio pode gerar um efeito de incentivo ao consumo. Pode haver queda de saldo [da balança comercial] no resto do ano [na comparação com igual período de 2008]", disse o secretário de comércio exterior.

 

Segundo ele, mantidas as atuais condições, o saldo comercial vai continuar, porém, positivo no resto do ano. "Não teremos as atribulações do ano passado, principalmente no que se refere à bolha dos preços de commodities [produtos básicos com cotação internacional]", disse Barral.

 

Veículo - DCI

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