Notícias do setor
Economia
Jurídico
Tecnologia
Carnes / Peixes
Bebidas
Notícias ABRAS
Geral
Redes de Supermercados
Sustentabilidade
Estaduais
 



Você está em:
  • Notícias do setor »
  • Economia

Notícias do setor - Clipping dos principais jornais e revistas do Brasil

RSS Economia

10/07/2009 14:10 - Crescimento contínuo das despesas correntes é 'assustador' , diz Arminio

O ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga está preocupado com o forte aumento das despesas correntes do governo. Pelo que observa "do crescimento quase que contínuo que se vê nos gastos públicos", com alta expressiva do dispêndio com pessoal, aposentadorias e custeio da máquina, Arminio diz que é "obrigado a concluir" que há sinais de descontrole da situação fiscal do país.

 

"Não é um descontrole explosivo ano a ano, mas, como é via de mão única para cima, o que se vê com o passar dos anos é assustador. Tem que parar", afirma ele, que é sócio da Gávea Investimentos. A alta dos gastos correntes tira espaço do investimento e empurra para cima os juros, explica.

 

Para Arminio, o ideal é que o Brasil mantenha superávits primários mais próximos de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) ainda "por uns anos". A questão é que a dívida bruta ainda é elevada como proporção do PIB, "especialmente quando se leva em conta o alto nível dos juros", diz. Em maio, a dívida bruta estava em 61,9% do PIB. Países com classificação de risco semelhante à do Brasil tem o indicador na casa de 34%, segundo números da Standard & Poor's (S&P).

 

"Vejo muitas vantagens em se manter por mais alguns anos um superavit primário capaz de reduzir a relação dívida/PIB, e assim reduzir o prêmio de risco Brasil e alavancar o crescimento." Se promover uma economia mais forte para pagar os juros da dívida por alguns anos, o país terá uma folga que permitirá reduzir o superávit em anos de recessão como o atual, avalia. Ao mesmo tempo, completa Arminio, isso requer um esforço fiscal maior quando a economia cresce acima da média.

 

Depois de atingir 4,1% do PIB em 2008, o superávit primário deve ficar neste ano em 2,2% do PIB, segundo os analistas ouvidos pelo BC. Para 2010, a previsão é de um esforço fiscal de 3% do PIB. Mas há vários economistas que preveem superávits inferiores a esses, dada a tendência de crescimento acelerado das despesas correntes e da incerteza quanto ao ritmo de retomada da expansão das receitas.

 

A seguir, os principais trechos da entrevista, concedida por e-mail de Nova York, quando Arminio voltava da China. Segundo a "Dow Jones", ele foi nomeado um dos 14 integrantes do recém-estabelecido conselho consultivo internacional do fundo soberano chinês China Investment Corporation, que tem US$ 200 bilhões. Os membros vão aconselhar o fundo sobre o ambiente econômico internacional, governança corporativa, estratégia de desenvolvimento e política de investimento.

 

Valor: O superávit primário neste ano será bem menor que em 2008. O resultado é conjuntural ou aponta para uma deterioração estrutural das contas públicas?

Arminio Fraga: Em parte é conjuntural, mas a Receita Federal acaba de anunciar mais um ano de aumento na carga tributária, que está em torno de 36% do PIB. O lado da despesa é que assusta mais, e muito, e não de hoje.

 

Valor: As despesas correntes do governo central aumentaram muito de janeiro a maio. Os gastos com pessoal cresceram 22,63%, ou R$ 11,432 bilhões em termos absolutos. Como o sr. avalia essa trajetória de gastos correntes?

Arminio: Aí está realmente um problema sério, que precisa ser abordado com certa urgência, de forma transparente e detalhada. Não dá para a relação gasto corrente /PIB continuar crescendo indefinidamente, pois isso come espaço do investimento e pressiona as taxas de juros para cima.

 

Valor: O investimento federal cresceu 25% no período, mas para apenas R$ 9,276 bilhões - menos que o aumento com os gastos de pessoal. Por que a União ainda investe tão pouco, mesmo com o PAC?

Arminio: Porque o gasto corrente ocupa o espaço.

 

Valor: Qual o impacto da política fiscal atual sobre as perspectivas futuras de crescimento do país?

Arminio: Vejo dois problemas. O primeiro eu já mencionei: o "crowding out" do investimento prejudica crescimento. O segundo, pouco discutido, diz respeito à eficiência do setor público, que me parece uma questão igualmente grave.

 

Valor: Hoje, o superávit primário necessário para estabilizar a relação dívida/PIB é bem menor do que no fim dos anos 90 e começo da atual década. Isso indica que o problema de solvência está fora do radar dos investidores?

Arminio: A questão da solvência de longo prazo requer uma visão mais estrutural das coisas. Penso que nossa dívida bruta ainda é alta como proporção do PIB, especialmente quando se leva em conta o alto nível dos juros. Vejo muitas vantagens em se manter por mais alguns anos um superavit primário capaz de reduzir a relação dívida/PIB, e assim reduzir o prêmio de risco Brasil e alavancar o crescimento. Isso leva a uma recomendação prática muito clara: temos que ter um superávit primário mais para 4% do PIB por uns anos. Essa folga permite uma queda em anos de recessão, como o atual, e requer um superavit maior quando se cresce acima da média.

 

Valor: O governo definiu um mecanismo de reajuste do salário mínimo que leva em conta a inflação nos últimos 12 meses e o PIB de dois anos anteriores. Isso pode levar a mais um reajuste superior a dois dígitos em 2010. Como o sr. vê esse mecanismo de correção?

Arminio: Preliminarmente, esta conta seria menos problemática sem o vínculo com os cálculos da Previdência, tema relacionado ao início da nossa conversa. Como não é assim, me parece que por ora seria razoável apenas proteger o salário mínimo contra perdas reais e no máximo dar aumentos equivalentes ao crescimento do PIB per capita.

 

Valor: O sr. vê sinais de descontrole da situação fiscal no país?

Arminio: Do que foi dito até aqui, e da observação do crescimento quase que contínuo que se vê nos gastos públicos, sou obrigado a concluir que sim. Não é um descontrole explosivo ano a ano, mas como é via de mão única para cima, o que se vê com o passar dos anos é assustador. Tem que parar.

 

Valor: Os princípios da lei de responsabilidade fiscal estão de algum modo ameaçados?

Arminio: A LRF foi um marco fundamental - sem ela, o país provavelmente já teria quebrado. Mas ainda vejo muita despesa permanente sendo criada sem real fonte de receita equivalente. E falta um mecanismo mais global de limitar a relação dívida/PIB.

 

Valor: A herança fiscal que o próximo governo vai receber será um peso muito grande?

Arminio: Sem a menor sombra de dúvida - para não falar de uma certa politização do Estado, que não sei bem medir, mas que parece real.

 

Veículo: Valor Econômico

Enviar para um amigo
Envie para um amigo
[x]
Seu nome:
E-mail:
Nome do amigo:
E-mail do amigo:
Comentário
 

 

Veja mais >>>

03/01/2025 10:43 - Pix já é a forma de pagamento mais usada no Brasil
28/06/2024 10:20 - GPA conclui processo de venda de postos de combustíveis
27/06/2024 09:00 - Grupo Zaffari anuncia investimento de R$ 1,5 bilhão em novos empreendimentos
24/06/2024 11:21 - Rede Festival implanta soluções para gestão de frota e reduz custos
21/06/2024 09:05 - Spani anuncia investimento de R$ 45 milhões com nova loja Paulínia
20/06/2024 09:06 - Flex Atacarejo prevê aumento nas vendas durante as festas juninas
18/06/2024 08:46 - ExpoSuper 2024 promete movimentar mais de R$ 1 bilhão no setor supermercadista catarinense
13/06/2024 09:25 - Com aquisição, rede britânica avança em foodservice
06/06/2024 09:30 - Festa Junina: supermercadistas esperam aumento nas vendas de produtos típicos
31/05/2024 10:19 - Consumidores americanos voltam a preferir supermercados
28/05/2024 09:06 - Varejista europeu busca expansão com abordagem múltipla
24/05/2024 10:05 - DM assina parceria com o Grupo Aliança
23/05/2024 08:50 - Trader Joe’s: consumidor quer valor, não preço
22/05/2024 09:28 - Paderrí investe na categoria de pães e bolos, trazendo maior valor agregado para o mercado
22/05/2024 09:22 - Satisfação do consumidor em abril atinge 77,95% na região Centro-Oeste do País

Veja mais >>>