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11/05/2009 09:55 - Brasil reduz trocas com parceiros latino-americanos

Apesar de ganhar espaço no comércio exterior com a China, o Brasil registrou fortes perdas no comércio com os parceiros da América Latina e Caribe, onde o governo brasileiro tem trabalhado para aumentar as vendas nos últimos anos. A corrente de comércio caiu mais de 30% entre janeiro e abril, na comparação com igual período do ano passado. Ou seja, o valor gerado por compras e vendas entre as partes somou US$ 15,5 bilhões, impulsionado pelas exportações de US$ 9,25 bilhões e importações de US$ 6,255 bilhões. O número é 31,8% menor do que os US$ 22,69 bilhões obtidos em igual etapa do ano passado, quando os embarques somaram US$ 14,029 bilhões e os gastos dos brasileiros nos países do bloco foram de US$ 8,66 bilhões. Com isso, o superávit comercial do Brasil com América Latina e Caribe caiu 40%, de US$ 5,33 bilhões para US$ 3 bilhões, segundo os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).

 

Refletindo tal cenário, os superávits históricos do Brasil com os países do Mercosul, principalmente com Argentina - o principal comprador dos produtos manufaturados dentre os demais país do bloco econômico - praticamente foram zerados no primeiro quadrimestre. De acordo com os dados do Mdic, a participação das exportações na balança comercial com a América Latina e Caribe caiu de 26,6% para 21,3% no primeiro quadrimestre deste ano. É uma queda de 5,3 pontos percentuais.

 

O vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, atribui parte da queda das vendas dos produtos brasileiros ao bloco latino-americano e Caribe à perda de mercado para os chineses. Ao se referir à política adotada pelo governo brasileiro no bloco, Castro diz que o Brasil não tem feito a lição de casa. "O Brasil tem sido generoso com os países vizinhos", disse Castro. "A queda da participação das exportações para China representa menos emprego para os brasileiros", complementou.

 

O arrefecimento da participação das vendas para os países latino-americanos é influenciado, principalmente, pela redução da demanda dos argentinos, o principal comprador de produtos manufaturados do Brasil, dentre os demais do bloco. Castro diz, porém, que a crise, que inicialmente atingiu os países desenvolvidos, começa a bater à porta dos países emergentes mais agressivamente. Ele lembra que a demanda argentina tem sentido fortemente os efeitos da crise financeira internacional. Além disso, o governo argentino tem adotado medidas protecionistas contra os produtos brasileiros; e os consumidores daquele país têm trocado os produtos brasileiros pelos chineses, decisão que vem sendo uma tendência observada nos demais países da América Latina.

 

A América Latina é o principal mercado do Brasil, sobretudo de commodities; e o Brasil é o principal comprador de produtos manufaturados do bloco. No ano passado, o comércio brasileiro com os países da região atingiu US$ 79,85 bilhões, resultado de exportações de US$ 51,1 bilhões e importações de US$ 47,125 bilhões, com superávit de US$ 22,53 bilhões. O intercambio cresceu 26,3% sobre os US$ 63,18 bilhões.

 

China ganha força

 

Segundo informações do Ministério do Comércio da China, o volume de comércio do país asiático com a América Latina superou US$ 100 bilhões em 2008. Tornou-se o segundo maior parceiro do bloco, atrás apenas dos Estados Unidos.

 

No mês passado, a China passou a ser maior parceiro comercial do Brasil. A corrente de comércio com o país asiático atingiu US$ 3,2 bilhões em abril e ultrapassou os Estados Unidos com US$ 2,8 bilhões. A cifra chinesa representa quase a totalidade do intercâmbio comercial do Brasil com a América Latina e Caribe, que foi de US$ 3,88 bilhões, no mês.

 

Se considerar apenas o comércio com o Mercosul, houve uma queda de 3,4 pontos percentuais na participação das vendas na balança comercial com esses países, saindo de 12,2%, entre janeiro e abril de 2008, para 8,8%, em igual etapa deste ano. O saldo comercial que, no primeiro quadrimestre de 2008, era superavitário em US$ 1,675 bilhão, recuou para US$ 289 milhões, em igual etapa deste ano.

 

A forte redução do superávit comercial com o Mercosul foi decorre da queda de 40,1% das exportações, que saltaram de US$ 6,415 bilhões para US$ 3,842 bilhões entre o primeiro quadrimestre de 2008 e o primeiro deste ano. Um ritmo mais acentuado do que o das importações que caíram 25%, de US$ 4,74 bilhões para US$ 3,55 bilhões, no mesmo período.

 

Veículo: Gazeta Mercantil

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