Ainda pessimista, o Boletim Focus divulgado pelo Banco Central traz a previsão um pouco melhor dos analistas do mercado financeiro para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. O prognóstico desta semana é de 0,39% de retração, ao invés dos 0,49% apresentados na semana anterior, para 2009.

Com isso, foi interrompida uma sequência de sete semanas de revisão para baixo na previsão dos analistas do mercado para o PIB brasileiro. Para 2010, entretanto, a expectativa do mercado para o crescimento do PIB permaneceu estável em 3,5%.

"Essa variação para o crescimento do PIB, foi pontual e mostra que as expectativas anteriores estavam superestimadas. O mercado ainda está se ajustando a nova realidade da economia", disse o professor de economia do Mackenzie Fernando Ribeiro de Leite Neto. Para o professor da Trevisan escola de Negócios, Alcides Leite, o valor apresentado é um "resíduo estatístico de uma margem de erro, baseado em uma variação totalmente aleatória". Para ambos o crescimento deve ser acima do zero, mas não deve ultrapassar 0,5%.

O Boletim manteve para 2010, o cenário apontando crescimento de 3,5%. "Os valores para este ano e para 2010 não eram esperados, os analistas estão ajustando seus pessimismos. O Mackenzie acredita que para 2010, o crescimento esteja entre 2% e 2,5%."

Com o cenário menos pessimista da economia, os analistas ouvidos pelo Focus, também elevaram as previsões para a inflação. A expectativa para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), cresceu de 4,23% para 4,30%. "A percepção é de queda nos preços internacionais, decorrente de uma demanda mais fraca", explica Ribeiro.

As projeções para os demais índices de inflação apresentados no Boletim foram a queda de 2,09% para 2,05 do IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) e o IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado) que cresceu de 2,02% para 1,99%. O IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômica) permaneceu igual a semana anterior.
"Em poucos meses os índices de varejo, como o IPCA, irão apresentar a mesma queda, pois irão acompanhar os índices de atacado", afirma Alcides Leite.

A manutenção da previsão para a taxa básica de juros (Selic) em 9,25% para este ano e em 9,5% para 2010, de acordo com Ribeiro é possível. No entanto, "o Mackenzie defende que 9,25% é um número muito elevado, prevemos um corte de aproximadamente 1% e a Selic em 8,5% para este ano", disse o professor.

Para Alcides Leite, os valores apresentados pelos analistas do Boletim são compatíveis se analisados juntos à inflação de 4,5%. "Teremos espaço para esse percentual." A balança comercial, de acordo com os analistas do Boletim, manteve sua previsão de superávit em US$ 16 bilhões para este ano, enquanto para 2010, a previsão subiu de US$ 14 bilhões para US$ 15 bilhões. Já a estimativa de entrada de US$ 22 bilhões em investimento estrangeiro direto em 2009, foi mantida. A expectativa para o déficit em conta corrente neste ano caiu de US$ 20 bilhões para US$ 19,5 bilhões.

Segundo o economista da Trevisan, a balança comercial "pode ficar um pouquinho melhor e fechar o ano entre US$ 16 bilhões e US$ 20 bilhões, com relação ao investimento, a estimativa é de que alcance US$ 30 bilhões."
A estimativa do mercado financeiro para a produção industrial, por sua vez, continua negativa em 4%.

A previsão para o dólar no fim deste ano permaneceu em R$ 2,25, contudo Ribeiro disse que o valor pode ser este, mas por ser uma variável muito complicada, "qualquer mudança no coletivo pode acarretar em uma fuga de capital da Bovespa o que levaria ao ajuste em queda de dólar fechar a R$ 2,80 no final do ano".

O mercado está menos pessimista em relação a economia. O prognóstico desta semana é de 0,39% de retração, ao invés do 0,49% apresentado na semana anterior, para 2009.

Veículo: DCI