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13/06/2017 12:16 - Crédito escasso preocupa pequenos lojistas

São Paulo - A dificuldade de acesso à linhas de crédito para capital de giro - fator que contribuiu para o alto volume de fechamentos no comércio nos últimos anos - continua preocupando micro e pequenos lojistas. Caso o cenário não melhore e as vendas também continuem fracas, a perspectiva do setor é que mais pontos de venda sejam encerrados neste ano.

 

"A situação continua muito complicada para o pequeno lojista. Nesse momento de instabilidade os bancos pedem muitas exigências para conceder crédito para capital de giro e está cada vez mais difícil para o comerciante de menor porte ter acesso a esse recurso", afirma o presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de São Paulo (Sindilojas-SP), Ruy Nazarian.

 

Com a oferta escassa dos bancos privados e o custo alto do dinheiro, a entidade, que representa mais de 100 mil empresários do setor, enviou no início deste mês um ofício ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) solicitando linhas de crédito com menos exigências e taxas de juros inferiores. Até o fechamento da matéria, o Sindilojas não tinha recebido retorno do banco. "As garantias pedidas pelas instituições financeiras são, em geral, muitos grandes, e tornam praticamente impossível para os micros e pequenos lojistas conseguirem empréstimo para investir no estoque e manter o seu negócio funcionando. Por isso vimos a necessidade de fazer a solicitação ao BNDES."

 

Fechamentos

O cenário descrito pelo empresário foi um dos fatores que contribuiu, de acordo com ele, para que muitos varejistas de menor porte fechassem as portas nos últimos dois anos de recessão. Retrato dessa realidade, estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Turismo e Serviços (CNC) mostra que só no ano passado 108,9 mil lojas foram encerradas no comércio nacional. Do total, aproximadamente 66,7% eram micro e pequenas empresas (72,3 mil) - ou com até 49 funcionários.

 

"E muitas ainda devem fechar, porque a situação está insustentável: o movimento continua fraco e o crédito escasso. Para o pequeno nem é uma quantia alta, às vezes ele precisa só de R$ 50 mil, R$ 60 mil, mas mesmo assim é difícil conseguir", afirma Nazarian.

 

O presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), Claudio Felisoni, também ressalta que o cenário é extremamente prejudicial para a manutenção dos negócios. "As empresas dependem de crédito para girar seu negócio, então, obviamente, se as taxas estão altas e a oferta escassa - no momento que os varejistas mais precisam desses recursos - a operação fica muito comprometida", afirma Felisoni.

 

Apesar de concordar que as micro e pequenas continuem sendo impactadas pelo cenário de crédito escasso e vendas fracas, o economista sênior da CNC, Fabio Bentes, acredita que o quadro tenha melhorado um pouco neste ano e que os fechamentos percam força no setor. A perspectiva da entidade é que no primeiro semestre o ramo ainda feche com saldo negativo - de 20 mil unidades encerradas. Mas, no segundo semestre, deve haver uma reversão do cenário, terminando o ano com estabilidade.

 

Maior cautela

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra, o quadro descrito pelos entrevistados é natural em momentos de recessão. "Sempre existiu essa dificuldade do pequeno lojista de ter acesso ao crédito, mas na crise o risco aumenta e o banco fica mais cauteloso para conceder empréstimos."

Ele acrescenta que, do ponto de vista do setor financeiro, é natural que as grandes empresas tenham maior facilidade de acesso ao crédito, já que o risco da dívida não ser paga é consideravelmente menor.

 

O quadro só deve modificar, na visão do especialista, com a recuperação da economia e a diminuição dos riscos. Mesmo assim, ele ressalta que o poder público poderia ter um papel mais atuante, diminuindo as dificuldades do setor. "O BNDES e outros bancos públicos poderiam estar mais próximos do pequeno lojista e conceder linhas mais acessíveis", afirma.

Felisoni concorda: "Essa poderia ser uma saída para a situação, mas óbvio que com critérios claros e não de forma indiscriminada", finaliza.

 

 

Fonte: DCI São Paulo

 

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