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01/06/2017 10:40 - Brasileiros ainda sentem sinais da crise e esperam melhora da economia

O Brasil voltou a crescer no primeiro trimestre deste ano, mas a população ainda sente os sinais da crise econômica. Ao fim da pior recessão já registrada no país, mais de 14 milhões de brasileiros continuam desempregados. A recuperação da economia é lenta e a retomada das contratações é um dos últimos passos.

 

O G1 foi às ruas do Centro de São Paulo ouvir os consumidores sobre suas percepções em relação à economia e expectativas para o futuro. Os relatos mostram que grande parte dos brasileiros ainda sente a crise e segura gastos, mas tem esperança que a situação melhore (veja todos os relatos no fim do texto).

 

A publicitária Luciana Palla, 34 anos, não sentiu a recuperação da economia. "Eu acredito que ainda não deu para perceber nenhuma melhora, espero que até o final do ano a gente consiga sentir esse otimismo. Eu fui mandada embora em fevereiro deste ano e estou procurando emprego", disse.

 

Já a vendedora Karol Santos, 19 anos, percebeu uma recuperação no comércio, mas diz que as vendas ainda estão fracas. "No começo do ano, as vendas estavam péssimas. Agora está dando uma melhorada. Mas o pessoal ainda está preferindo levar sempre uma peça apenas, menos quantidade. Os consumidores estão bem acanhados, com medo de comprar".


Recuperação vem do campo

Um dos motivos pelo qual os brasileiros das grandes cidades não sentem a recuperação da economia é que o crescimento do primeiro trimestre foi puxado pelo agronegócio, como comenta o economista Nelson Marconi, professor da PUC e da FGV.

"O setor que estava crescendo mesmo é o agronegócio. Como ele corresponde a uma parte importante do PIB, isso gera um impacto positivo, mas afetando muito mais as cidades do interior, onde aumentou a venda de produtos agrícolas. As pessoas dos centros urbanos não sentem isso, e é a maioria da população", diz Marconi.

 

Para que o crescimento da economia faça diferença para as pessoas, a recuperação deve ser estrutural, dizem os economistas. Isso depende de uma série de fatores, como o restabelecimento da credibilidade econômica e política do país. Para o consultor financeiro Miguel Daoud, o Brasil ainda não deu o primeiro passo para voltar a crescer.

"Essas pontes precisam ser construídas de forma sólida. Não basta vontade para transpor o abismo", compara Daoud.

 

O economista aponta a instabilidade política como uma das principais dificuldades para a retomada do crescimento sustentável. "O primeiro passo que o Brasil tem que dar para sair da recessão é reestabelecer a credibilidade política, e ela está muito ruim. A credibilidade traz a confiança dos investidores e dos consumidores, faz com que ocorram investimentos, o que diminui o estoque de desempregados. Isso não está acontecendo. "

 

Etapas da recuperação

A recuperação da economia é uma reação em cadeia, explicam os economistas Otto Nogami, professor do Insper, e Nelson Marconi, da PUC e da FGV. De acordo com os especialistas, o primeiro passo para um país voltar a crescer é a organização das contas públicas. Isso porque, só com as contas em ordem, os investimentos públicos podem voltar a ganhar força, puxando o PIB para cima.

Com as contas públicas em dia, a confiança dos empresários também se recupera, já que, prevendo que a economia vá crescer, as empresas buscam elevar sua produção.

 

"Os investimentos mexem com toda a estrutura produtiva do país. Ao mexer nessa estrutura, inevitavelmente tem início a geração de empregos", aponta Nogami.

A retomada do emprego é essencial para o passo seguinte da recuperação - a confiança dos consumidores. As famílias mais confiantes voltam a gastar e o consumo aumenta. "O investimento gera emprego e faz com que a confiança da população aumente. A sociedade volta a consumir, e então a economia começa a girar de novo", diz Nogami.

 

Pessimismo persiste

Os dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) mostram que os índices de confiança do consumidor estão melhores em 2017 na comparação com o ano anterior, mas seguem abaixo do patamar considerado "neutro", de 100 pontos. Isso significa que eles ainda estão pessimistas com a economia brasileira.

 

 

Fonte: G1


 

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