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08/05/2017 12:15 - Inflação da baixa renda despenca e favorece retomada pelo consumo

São Paulo - O Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1) registrou aumento de apenas 3,64% nos doze meses encerrados em abril, dando força à tese de que, no curto prazo, o consumo terá maior peso para a retomada econômica brasileira do que o investimento.

 

Especialistas consultados pelo DCI mencionaram uma série de fatores que favorecem esse argumento, como o avanço do rendimento médio, os saques de contas inativas do FGTS, a redução das taxas de juros e a expectativa de crescimento do consumo no primeiro trimestre.

 

"Por outro lado, o investimento continua morto", comparou Agostinho Pascalicchio, professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Ele destacou o endividamento das empresas e a situação fiscal do setor público. "O governo está fazendo cortes de gastos e não tem recursos para novas despesas", diz.

Outros fatores que impedem o avanço dos aportes, seguiu Pascalicchio, são a elevada capacidade ociosa do setor privado e a apreensão dos investidores com os quadros político e econômico.

 

Ainda que o prognóstico para a demanda das famílias não seja muito melhor, os especialistas indicaram que ela deve crescer neste ano. Segundo a Tendências Consultoria, o consumo subiu 0,4% no primeiro trimestre, em comparação com os três últimos meses do ano passado, após marcar oito quedas consecutivas durante a recessão. As estimativas apontam crescimento também para os outros trimestres deste ano.

 

"Mais de 50% dos saques [de contas inativas] do FGTS devem ser usados para o consumo, mas as pessoas também devem aplicar mais na poupança e ampliar o pagamento de dívidas, o que vai ajudar na desalavancagem das famílias", afirmou Bruno Levy, economista da Tendências.

Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o percentual de famílias endividadas foi de 58,9% em abril de 2017, um pouco abaixo dos 59,6% vistos em igual mês do ano passado.

 

A redução das taxas de juros, entretanto, deve intensificar essa queda e fortalecer o consumo, afirmaram os especialistas. As últimas estimativas de mercado do relatório Focus apontaram que a Selic deve encerrar 2017 em 8,50% ao ano, quase três pontos percentuais abaixo do patamar atual (11,25% ao ano).

 

Derrocada dos preços

Divulgado na última sexta-feira pela Fundação Getulio Vargas (FGV), o IPC-C1, que mede o avanço dos preços para famílias com renda entre 1 e 2,5 salários mínimos, despencou durante o último ano. Em doze meses acumulados até abril de 2016, o índice teve aumento de 9,94%, superior ao dobro do resultado mais recente.

 

O recuo dos preços é um dos principais motivos para a expansão no rendimento no País. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve alta real de 2,5% dos ganhos mensais no primeiro trimestre deste ano, em comparação com igual período de 2016.

 

Pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE/FGV), André Braz ponderou que muitos trabalhadores continuam fora do mercado. "Com as taxas de desemprego e o endividamento altos, não podemos esperar uma disparada do consumo. Mesmo com o juro mais baixo, os bancos não costumam emprestar para pessoas em situação complicada", acrescentou.

 

No entanto, o entrevistado também indicou que a retomada econômica terá maior apoio do consumo neste ano. Segundo ele, o crescimento na demanda das famílias pode, inclusive, trazer algum alívio para o mercado de trabalho. "Inicialmente deve ser vista melhora no setor de serviços", disse Braz, após mencionar a alta ociosidade na indústria.


Alimentos em queda

Para a redução do IPC-C1, foi fundamental a baixa na inflação dos alimentos. O componente marcou aumento de 2,67% nos doze meses encerrados em abril deste ano, menos de um quinto dos 13,91% atingidos durante o ano terminado em igual período de 2016.

 

Após registrar avanço de 0,11% no mês passado, o IPC-C1 deve marcar altas inexpressivas também em maio e junho, afirmou Braz. "Neste mês, o índice deve ficar perto de 0,3%, bem abaixo do que vimos em maio de 2016". Com a desaceleração no confronto com o ano passado, a inflação da baixa renda em doze meses deve continuar caindo até o fim do semestre.

 

No resultado de abril, destaque para a tarifa de eletricidade residencial, que teve deflação de 7,83%, depois de avançar 5,75% em março. Os grupos vestuário, com recuo de 0,65%, e despesas diversas, que avançou 0,02%, também favoreceram o índice.

 

 

 


Fonte: DCI São Paulo


 

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