Economia
09/02/2017 13:22 - Empresas buscam independência e impulsionam alta de 29% no crediário
Com prazos mais longos e taxas de juros mais baratas, as pessoas físicas e jurídicas apostam no cartão da loja como forma de parcelar compras e movimentar fluxo de caixa em meio à recessão
São Paulo - O crediário cresceu 29% no ano passado em relação a 2015 e deve alcançar alta de 35% este ano. Com prazos maiores, juros baratos e alternativa de auto-financiamento, lojistas e consumidores optam pelo setor para fugir do endividamento no sistema financeiro. Os dados são da Multicrédito e apontam que o crescimento foi constante ao longo do ano passado, chegando à alta de 35% em dezembro de 2016 ante igual mês de 2015.
De acordo com os executivos entrevistados pelo DCI, a mobilidade da linha de crédito e a facilidade de negociação na relação entre lojista e consumidor têm impulsionado esse crescimento. "Enquanto o cartão e os empréstimos bancários têm parcelas e negociações engessadas, o crediário coloca atrativos e maior possibilidade de adaptação por ambas as partes", explica Milton Goetten de Lima, sócio-fundador da Meu Crediário.
Do lado dos lojistas, a crescente restrição bancária durante a crise limitou os financiamentos e fluxo de caixa. "O empresário começou a buscar alternativas de auto-financiamento e, com o crediário, ele consegue não apenas atrair novos consumidores e melhorar as vendas, como também minimizar sua dependência do mercado financeiro", identifica Flávio Peralta, vice-presidente comercial da Multicrédito em entrevista ao DCI.
Da outra ponta, os consumidores que não conseguem mais empréstimos bancários ou limites no cartão de crédito convencional enxergam no crediário a possibilidade de alongamento nos prazos, negociação das parcelas e taxas de juros limitadas a 1%. "O mote dos anúncios não é o valor do produto a ser vendido, mas o quanto e o quando o consumidor quer pagar", acrescenta Peralta, e afirma que "o gancho foi a maioria do público", desbancarizada e com renda mais baixa.
"Isso impulsionou, intensamente, uma migração do uso do cartão de crédito para o crediário das lojas ao longo de 2016", completa o vice-presidente da Multicrédito. Segundo dados do Banco Central (BC), o cartão de crédito rotativo e parcelado para pessoas físicas mostrou recuo de 8,2% em dezembro passado com relação ao acumulado de 12 meses e do ano. Para pessoas jurídicas a queda foi de 22,6% na mesma comparação.
No viés das pessoas jurídicas, principalmente para os pequenos e médios lojistas, cujo ticket médio fica em torno de R$ 350, a flexibilidade das parcelas de acordo com a capacidade de venda do consumidor e do capital de giro da empresa, também tem sido um diferencial para a linha. "Muitos setores, como ótica, móveis, calçados e confecção, optam pelo crediário, exatamente porque perceberam que começam a atrair uma nova leva de clientes para a loja e fornece o capital de giro que, por causa da recessão, estava em falta", completa Milton Lima.
Ciclo vicioso
Os executivos, no entanto, ressaltam a probabilidade de aumento de risco. Os altos índices de inadimplência no setor de crédito no Brasil, tanto de pessoas físicas como de jurídicas, têm impactado fortemente as concessões.
Ainda de acordo com dados do BC, apesar da leve desaceleração dos indicadores no último mês de 2016, os calotes das empresas estão em 4,5% no cartão de crédito, enquanto o parcelado das pessoas físicas está em 5,2%. "Houve alta expressiva da renegociação no crediário porque, apesar da intenção de pagamento, não há orçamento", comenta Lima, do Meu Crediário.
O executivo afirma que, nesse quesito, é importante que a renegociação seja feita de forma a ser honrada e que, frente ao cenário de retomada gradual para a economia do País, o lojista "precisa de atenção".
"Não adianta fazer uma renegociação que o devedor não consiga pagar. O crediário sobe, mas o risco também. A tendência de as pessoas deixarem de pagar ainda é muito latente no setor e, com receio, o lojista deixa de ceder o crédito e o segmento vive um ciclo vicioso até a volta da economia", acrescenta o sócio-fundador.
Para Peralta, porém, apesar dos altos índices de calote, o crediário tende a continuar crescendo tanto porque o consumidor começa a pesquisar mais , como pela movimento mais forte de "independência bancária" pelas empresas. "As empresas já estão investindo em tecnologias que evitem isso, e o consumidor está mais consciente", avalia.
Ele ainda reforça que, em um primeiro momento pelo menos, isso ainda deve se alavancar em 2017. "Com o investimento em inteligência de crédito, as carteiras tendem a ficar mais sadias e a projeção é de crescimento em 35% para este ano", conclui Peralta.
Isabela Bolzani
Fonte: DCI - São Paulo
Veja mais >>>
03/01/2025 10:43 - Pix já é a forma de pagamento mais usada no Brasil28/06/2024 10:20 - GPA conclui processo de venda de postos de combustíveis
27/06/2024 09:00 - Grupo Zaffari anuncia investimento de R$ 1,5 bilhão em novos empreendimentos
24/06/2024 11:21 - Rede Festival implanta soluções para gestão de frota e reduz custos
21/06/2024 09:05 - Spani anuncia investimento de R$ 45 milhões com nova loja Paulínia
20/06/2024 09:06 - Flex Atacarejo prevê aumento nas vendas durante as festas juninas
18/06/2024 08:46 - ExpoSuper 2024 promete movimentar mais de R$ 1 bilhão no setor supermercadista catarinense
13/06/2024 09:25 - Com aquisição, rede britânica avança em foodservice
06/06/2024 09:30 - Festa Junina: supermercadistas esperam aumento nas vendas de produtos típicos
31/05/2024 10:19 - Consumidores americanos voltam a preferir supermercados
28/05/2024 09:06 - Varejista europeu busca expansão com abordagem múltipla
24/05/2024 10:05 - DM assina parceria com o Grupo Aliança
23/05/2024 08:50 - Trader Joe’s: consumidor quer valor, não preço
22/05/2024 09:28 - Paderrí investe na categoria de pães e bolos, trazendo maior valor agregado para o mercado
22/05/2024 09:22 - Satisfação do consumidor em abril atinge 77,95% na região Centro-Oeste do País