Economia
13/01/2017 10:07 - Número de franqueadoras encolheu pela primeira vez em 29 anos, diz ABF
Mesmo com alta de 8% no faturamento no ano passado, o setor de frachising não conseguiu sair ileso a crise: foram fechadas em 2016 um total de 34 redes, o que representou uma queda de 1,1%
São Paulo - Apesar de apresentar um crescimento acima da inflação em 2016, cerca de 8%, o setor de franquias não saiu ileso de um ano marcado por turbulências econômicas e políticas.Pela primeira vez nos últimos 29 anos, o ramo mostrou um recuo no número de franqueadoras, que caiu 1,1%. O resultado preliminar foi divulgado ontem (12) pela Associação Brasileira de Franchising (ABF). "Em momentos de crise o modelo de franquias deixa de ser o foco de algumas marcas. Temos casos de pequenas redes que deixaram de atuar pelo formato e que assumiram as lojas", afirmou o diretor de inteligência de mercado da entidade, Claudio Tieghi.
De acordo com ele, houve também alguns fechamentos, mas "nenhum grande 'player' deixou de atuar pelo franchising". O presidente da associação, Altino Cristofoletti Junior, disse ao DCI que desde a fundação da ABF, em meados de 1987, foi a primeira vez que o setor apresentou um recuo no número de redes franqueadoras.
Com a queda, o total de marcas atuando por franquias passou de 3.073, em 2015, para 3.039 ao final do ano passado - uma diminuição de 34 empresas. Segundo a entidade, a maioria das que fecharam em 2016 faziam parte do segmento de Alimentação (19,4%), seguido pelo de Esportes, Saúde, Beleza e Lazer (18,2%) e pelo de Negócios, Serviços e Outros Varejos (12,4%). Na sequência veio o segmento de Educação e Treinamento, que representou 10,1% dos fechamentos. Para 2017 a previsão é de que o total de franqueadoras fique estável.
Em relação ao número de unidades, o resultado prévio da ABF mostrou um avanço de 3,1%, fechando o ano passado com 142 mil operações. Apesar de parecer contraditório - considerando os fechamentos de franqueadoras - Tieghi afirmou que isso se deu porque houve uma consolidação de algumas grandes redes, que abriram mais lojas em 2016. Para este ano, a projeção da entidade é que o crescimento no número de operações fique entre 4 a 5%.
Faturamento desacelera
Mesmo com a alta nominal de 8% no faturamento no ano passado - que levou o setor a um faturamento de R$ 150,7 bilhões - o desempenho do faturamento do franchising sentiu uma desaceleração, se comparado com o ano anterior. De acordo com Tieghi, o resultado foi o segundo mais fraco dos últimos dez anos - atrás apenas de 2014, quando o ramo cresceu 7,7%. Em 2015, o setor avançou 8,3%, em termos nominais (sem considerar a inflação).
Para este ano, a entidade prevê que o desempenho se mantenha em patamares semelhantes, e o crescimento deve ser entre 7 a 9%, apesar das projeções de melhora no PIB e na inflação. "Fomos bem conservadores nessa previsão e ela será aprimorada ao longo do ano", afirmou Tieghi.
Outro ponto tratado pelos executivos foi a questão do financiamento para franquias, que segundo Cristofolleti será um pleito importante do setor para este ano. "O Brasil ainda não tem uma estrutura adequada para o financiamento de micros e pequenos negócios e vamos trabalhar bastante nisso", disse. Ele citou como exemplo o Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe), que apesar de ser uma boa iniciativa, em sua visão, ainda é insuficiente para toda a demanda existente.
Microfranquias
Sobre as microfranquias, modelo de operação que vem ganhando cada vez mais relevância no setor, Tieghi afirmou que houve um crescimento no número de redes que atuam com o formato. Em 2016, as franqueadoras que operam microfranquias (com investimento inicial de até R$ 80 mil), subiu para 557, frente à um total de 497 em 2015.
"As microfranquias são um modelo novo, mas que vem crescendo bastante nos últimos anos. À medida que a economia retrai a franqueadora precisar oferecer novos formatos com um investimento menor", afirmou Tieghi. De acordo com o levantamento da ABF, "Perfil das Microfranquias", 79,8% das 557 dessas redes operam exclusivamente com microfranquias, enquanto o restante atua também com o modelo tradicional.
Dessas que operam com ambos os formatos, 36% afirmam ter interesse em desenvolver o modelo de microfranquias nos próximos anos, ainda de acordo com o estudo da entidade. Atualmente, as franqueadoras que operam microfranquais já representam 18% do total, e a tendência é de que essa fatia cresça ainda mais nos próximos anos.
"As microfranquias têm a tendência de trazer um retorno do investimento mais rápido, o que é lógico considerando o aporte menor necessário", afirmou o diretor da ABF. Segundo a pesquisa, a estimativa de retorno do aporte inicial é de em média 12 meses. Nas franquias 'tradicionais', esse retorno varia entre 18 e 36 meses na maioria dos casos.
Pedro Arbex
Fonte: DCI - São Paulo
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