Menos pessoas estavam pagando algum tipo de parcelamento no fim do ano passado e, dentre a fatia de consumidores endividados, boa parte usou crédito para comprar artigos de primeira necessidade. É o que mostra o Perfil Econômico do Consumidor, pesquisa da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomercio-RJ) e do instituto Ipsos.

Segundo o levantamento, realizado em outubro e divulgado nesta semana, 50% dos entrevistados afirmaram não estar pagando nenhum tipo de parcelamento no momento. A enquete ouviu 1,2 mil pessoas em 72 cidades do país. "Isso demonstra mudança no comportamento do brasileiro, que está mais consciente em função da conjuntura econômica", afirma Glória Amorim, diretora de políticas e estratégias do Sistema Fecomercio. Para ela, a parcela considerável de pessoas sem nenhum tipo de dívida mensal é menos reflexo da recessão, que reduziu a renda e a concessão de crédito, mas sim do amadurecimento do consumidor. Como exemplo, menciona outro levantamento da entidade, em que 18% afirmaram ter algum tipo de poupança.

Destes, 70% estão guardam dinheiro para alguma eventualidade. A proporção dos que pretendem usar recursos poupados para reformar a casa é de 10%. Compra de automóveis e gastos com lazer têm 6% cada. "Há um número expressivo de pessoas poupando para comprar produtos duráveis", diz a diretora, para quem o consumidor tem guardado dinheiro e pesquisado mais para comprar à vista. No levantamento sobre consumo, a intenção de compra de bens duráveis para os três meses seguintes ficou em 17%, percentual não tão baixo, avalia Glória. Entres os consumidores que pretendem comprar algum bem durável, os produtos mais citados são televisão (24%), smartphone (20%) e fogão (10%).

De acordo com a diretora da Fecomercio-RJ, os dados da pesquisa têm relação com o resultado das vendas do varejo em novembro, que surpreenderam positivamente, com alta de 2% no conceito restrito ante outubro, e de 0,6% no ampliado. Para a pesquisadora, o dado refletiu a antecipação de vendas para o Natal, provocadas pelos descontos da Black Friday.

Mesmo entre os 50% dos consumidores que pagam algum tipo de parcelamento, a maior parte tem como finalidade a compra de alimentos (35%), seguida de artigos de vestuário (30%) e pagamento de dívidas (26%). A opção de compra de eletrodomésticos aparece em quarto lugar, com 22% das respostas e, como último destino, os consumidores pesquisados mencionaram a compra de eletroeletrônicos (11%). A modalidade de financiamento mais usada pelos consumidores com financiamentos é o cartão de crédito, citado por 53% dos entrevistados. Carnê de loja e empréstimos bancários foram mencionados por 33% e 11% dos consultados, respectivamente.

Fonte: Valor Econômico