Economia
21/10/2016 12:29 - Consumidor está mais endividado
Contrariando as expectativas, o número de belo-horizontinos inadimplentes cresceu 5,22% em setembro, frente ao mesmo período do ano anterior, a maior alta registrada para esta base de comparação nos últimos três anos. Desde 2013 (+3,14%), quando teve início a divulgação dos dados pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), o indicador não havia observado um percentual tão elevado.
A economista da CDL-BH, Ana Paula Bastos, reconhece que o resultado acabou sendo uma surpresa. Tradicionalmente, no segundo semestre, as pessoas tendem a aproveitar a antecipação de parte do 13º salário para colocar as contas em dia, o que não tem acontecido na intensidade esperada neste ano. A especialista explica que, por causa do desemprego, muitos trabalhadores deixaram de ter o acesso ao benefício, dificultando ainda mais a quitação das dívidas pendentes.
“Além do desemprego, muitas pessoas estão com o custo de vida apertado, então, não estão conseguindo pagar os seus débitos. A expectativa é de que, com a entrada do 13º salário em novembro, haja uma queda nesse número de inadimplência, porque há muitas pessoas só esperando o recurso para fazer os pagamentos”, afirma a economista.
Segundo Ana Paula Bastos, com a renda restrita e o encarecimento do custo de vida gerado pela inflação elevada, grande parte das pessoas têm optado pelo pagamento de despesas essenciais, como contas de água, luz e alimentação, em detrimento das outras dívidas. Na comparação com agosto, a inadimplência também teve aumento de 0,66% em setembro.
O número de dívidas em atraso em Belo Horizonte registrou alta de 4,84% em relação a setembro de 2015. O crescimento do indicador frente ao último ano também foi o maior desde 2013 nessa base de comparação. Frente a agosto, os débitos pendentes subiram 0,28%.
Idade - A maioria das contas atrasadas (30,51%), na comparação com setembro de 2015, foi registrada por consumidores com idade superior a 65 anos. “O custo de vida desse público é alto. Afinal, a combinação de aumento dos gastos com planos de saúde e remédios acaba levando muitos ao desequilíbrio financeiro”, explica Ana Paula Bastos, citando também a aposentadoria como fator de redução da renda.
Os homens permaneceram liderando a lista dos mais endividados. De acordo com o levantamento da CDL-BH, o sexo masculino respondeu, em setembro, por um crescimento de 5,04% nos registros frente ao mesmo mês no ano passado. Entre as mulheres, a elevação foi de 4,97%.
Na última quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciou a redução da taxa básica de juros (Selic) em 0,25 ponto percentual, que passou a ser de 14% ao ano. Segundo a economista da CDL-BH, a decisão ajuda na negociação das dívidas em atraso na medida em que as tornam um pouco menores para o consumidor.
Fonte: Jornal Diário do Comércio de Minas
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