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24/08/2016 09:56 - Crise fecha estabelecimentos na RMBH

Em meio à crise econômica, cerca de 400 lojas encerraram as atividades somente no centro de Betim

 

Em 2016, mais de 400 estabelecimentos comerciais foram fechados somente no centro de Betim. O número faz parte de um levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) da cidade em parceria com a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) e, apesar de dizer respeito apenas ao município, retrata uma realidade que vem sendo enfrentada de modo geral por outras cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte. A queda na produção das indústrias, o consequente crescimento do desemprego e a insegurança da população em comprometer a renda em tempos de recessão têm feito o comércio desses municípios sucumbir à crise.

O varejo de Betim sente de perto a retração no consumo da população, decorrente principalmente do desaquecimento das atividades da indústria local, fortemente atrelada ao setor automotivo. Presidente da CDL do município, José de Oliveira Barboza relata que as vendas na região praticamente inexistem, sendo uma tarefa difícil encontrar alguém dentro das lojas comprando ou na rua transportando mercadorias.

“O desempenho da indústria reflete diretamente no comércio, porque nossas famílias são operárias e dependem dela para sobreviver. Então, se as indústrias estão demitindo, isso afeta bem rápido as pessoas que vivem em Betim, e quem recebe primeiro esse impacto são os lojistas”, avalia Barboza, ao destacar que praticamente todos os segmentos do varejo têm sofrido com a queda nas vendas.

De acordo com dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), de janeiro a julho, as vendas de veículos novos no País caíram 24,68% na comparação com o mesmo período de 2015. Em Minas Gerais, segundo números da Cetip, que opera o Sistema Nacional de Gravames (SNG), no mesmo intervalo a retração foi de 18,4%. Enquanto isso, o Index da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) mais recente mostra que o emprego no setor de veículos automotores registrou queda de 11,1% de janeiro a junho frente ao primeiro semestre do ano passado.

Em Nova Lima, o cenário não é diferente. O município, que aguarda uma recuperação do comércio para o segundo semestre, teve parte das expectativas frustradas logo na primeira grande data de comemoração. Presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Nova Lima (ACISNL), Tatiane Verônica Ribeiro conta que os lojistas não conseguiram atingir as metas estipuladas para a campanha do Dia dos Pais e verificaram uma queda brusca no consumo.

Assim como em Betim, a região central de Nova Lima é uma das que a deterioração do comércio é mais visível. Apesar de não contar com o respaldo de um levantamento estatístico, Tatiane Ribeiro destaca que vários estabelecimentos no local fecharam as portas neste ano ou estão passando o ponto.

Informalidade - Segundo a presidente da ACISNL, há empresários, inclusive, que têm deixado a condição formal para buscar a renda na informalidade. O segmento de vestuário, que possui maior oferta na cidade, é também o que mais tem sofrido.

Sem emprego, muitas pessoas no País estão recorrendo ao mercado informal do comércio, tornando-se mais um problema para os lojistas. Tatiane Ribeiro conta que Nova Lima também tem sofrido com isso. “O problema dos camelôs já existe na cidade há cerca de quatro anos. Logo, essa informalidade tem crescido não só por conta da crise, mas também pela falta de fiscalização do Poder Executivo. Muitos dos vendedores ambulantes que trabalham aqui vêm de Belo Horizonte”, diz.

Em Betim, o presidente da CDL conta que estão sendo montadas verdadeiras “lojas” nas ruas em frente aos estabelecimentos formais, o que tem gerado muita reclamação por parte dos empresários. “Está sendo uma guerra. Toda hora um comerciante reclama disso. Mas não tem como reclamar, porque à medida em que as pessoas vão perdendo os seus empregos, elas começam a ir para as ruas tentar alguma coisa. Se você passar no centro da cidade hoje, você vai ver muitos negócios nas calçadas, gente que abre os veículos e montam verdadeiras lojas dentro deles”, conta Barboza.

Fonte: Jornal Diário do Comércio de Minas

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