Economia
10/08/2016 10:56 - Inflação oficial ganha força e fica em 0,52% em julho
Acumulado no ano foi para 4,96%, nos últimos 12 meses, índice é de 8,74%
Alimentação e bebidas tem a maior variação para julho desde 2000.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, atingiu 0,52% em julho. No mês anterior, o IPCA havia chegado a 0,35%, segundo informou nesta quarta-feira (10) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com este resultado, o acumulado no ano foi para 4,96%, menor que os 6,83% registrados em igual período do ano anterior. Considerando os últimos 12 meses, o índice é de 8,74%, pouco abaixo dos 8,84% relativos aos 12 meses imediatamente anteriores. Em julho de 2015, o IPCA registrou 0,62%.
De acordo com Eulina Nunes, coordenadora de índices de preços do IBGE, a “culpa” da inflação voltar a ganhar força em julho é “especialmente” do feijão e do leite. “Na verdade, os alimentos aumentaram muito e vários, mas o feijão e o leite se destacaram”, disse.
Recorde de alimentos e bebidas
Com 65% de participação no IPCA do mês, o grupo alimentação e bebidas registrou a mais elevada variação para os meses de julho desde 2000, quando a alta atingiu 1,78%. Em julho de 2016, inflação de alimentos e bebidas chegou a 1,32%.
Em julho, o leite foi a principal contribuição individual na inflação do mês, com aumento de 17,58%. Em segundo lugar, destacou-se o feijão, com alta de 32,42%, informou o IBGE. O arroz também mostrou aumento de 4,68% na média. "Com isto, o feijão com arroz, prato típico da mesa do brasileiro, passou a custar bem mais", analisou o instituto.
Segundo Eulina, em geral, no mês de julho, os alimentos tendem a puxar as taxas do IPCA para baixo. "É período de oferta maior de alimentos, o que faz com que os preços se estabilizem ou até se reduzam. Neste mês de julho, especialmente, a taxa dos alimentos foi para 1,32% por função de problemas climáticos que afetaram as lavouras. É menor oferta de forma geral provocada pelo clima”, explicou.
“O feijão carioca é o mais consumido [no país], e ele está pressionando os outros também porque as pessoas estão optando por outros tipos de feijão porque ele está muito caro”, diz Eulina.
Eulina explica que o preço do feijão sobe por escassez de oferta. "Chuva na época de plantio, seca quando estava mais para frente, que acabou com as lavouras em abril mais ou menos, e teve frio, geada, porque o Paraná é o principal produtor do feijão”.
No caso do leite, Eulina afirmou que o motivo de o preço estar mais caro também é a escassez provocada por questões climáticas.
Por regiões
A maioria das regiões pesquisadas pelo IBGE ficou acima do IPCA geral, segundo Eulina, e apresentou aceleração na taxa de um mês para outro, com exceção de São Paulo, devido à queda no preço da energia elétrica.
"O que se traduz que [a região metropolina de] São Paulo foi muito importante no sentido de contribuir na contenção da taxa do mês de julho. Energia elétrica tem peso muito grande no orçamento das famílias, e apresentando redução em algumas regiões, entre elas, São Paulo, levou o resultado do grupo [habitação]. Quer dizer, as despesas de moradia ficaram um pouco mais baratas de junho para julho”, diz a coordenadora de índices de preços.
Mais baratos
Entre os produtos que ficaram mais baratos de um mês para o outro, destacam-se a cebola, com -28,37% e a batata-inglesa, cujos preços caíram 20%.
Variação de preços, em junho e no ano, em %:
Feijão-preto
41,59 e 84,69
Feijão-carioca
32,42 e 150,61
Feijão-mulatinho
18,89 e 119,22
Leite longa vida
17,58 e 48,98
Feijão-fradinho
14,72 e 41,88
Leite condensado
9,87 e 27,03
Fubá de milho
7,11 e 25,49
Manteiga
5,72 e 52,05
Leite em pó
5,26 e 12,34
Arroz
4,68 e 11,11
Bolo
3,97 e 9,37
Ovos
3,87 e 15,54
Alho
3,54 e 40,96
Chocolate em barra e bombom
3,48 e 19,04
Açúcar refinado
3,38 e 19,25
Cafezinho
2,52 e 9,61
Queijo
2,34 e 8,58
Café da manhã
2,32 e 6,42
Chocolate e achocolatado em pó
1,92 e 11,29
Açúcar cristal
1,69 e 15,87
Margarina
1,44 e 11,65
Refrigerante
1,29 e 6,77
Pão francês
1,18 e 5,19
Macarrão
1,05 e 6,96
Farinha de trigo
1 e 5,11
Frango inteiro
0,91 e 0,6
Café moído
0,90 e 11,04
Iogurte
0,89 e 10,17
Farinha de mandioca
0,85 e 36,52
Carnes industrializadas
0,74 e 4,26
Lanche fora
0,72 e 6,91
Biscoito
0,51 e 5,92
Fonte: Portal G1
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