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01/04/2016 11:53 - Dólar cai 10,09% e bolsa sobe 16,97% em março

                                                                  Moeda americana terminou o último dia de março cotada a R$ 3,5913.

O dólar à vista terminou o último dia de março em baixa de 0,61%, cotado a R$ 3,5913. Com esse resultado, a moeda norte-americana acumulou queda de 10,09% frente ao real. Essa desvalorização no mês reflete essencialmente a repercussão de fatores políticos que enfraqueceram o governo Dilma Rousseff.

Os investidores reagiram de maneira otimista ao aumento das chances de uma troca de governo, por estarem convencidos de que um impeachment presidencial seria a solução para os impasses político e econômico. O ponto máximo até agora foi a saída do PMDB da base de apoio a Dilma, oficializada na última terça-feira. Desde então, a busca do governo por contraofensivas trouxe incertezas ao cenário e favoreceu as correções em baixa na Bovespa.

A negociação de cargos entre o Planalto e partidos pequenos para garantir votos contrários ao impeachment foi um dos fatores que geraram cautela nos investidores. Hoje, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) disse acreditar que a saída do PMDB foi "precipitada".

Além disso, os ministros do Supremo Tribunal (STF) decidiram, por 8 votos a 2, pela manutenção da liminar do ministro Teori Zavascki, que ordenou ao juiz Sergio Moro que remetesse à Corte o caso das interceptações telefônicas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em vídeo enviado a manifestantes contrários ao impeachment, Lula disse que "a democracia custou luta, sacrifício e mártires".

O mercado de câmbio também foi influenciado por fatores específicos. A pressão dos investidores "vendidos" na formação da Ptax do último dia de março e a venda de apenas 17% da oferta do Banco Central de swaps cambiais reversos trouxeram forte pressão de baixa para o dólar. Tanto que a moeda americana chegou a cair mais de 2% durante a manhã. À tarde, passada a Ptax, houve certa correção nas cotações e o dólar ganhou força. As discussões no STF reforçaram esse movimento.

Bovespa

O mercado brasileiro de ações sucumbiu a uma forte onda de correções, que levou a Bovespa a fechar em queda de 2,33%, aos 50.055,27 pontos, nesta quinta-feira. Mesmo com esse resultado, o Índice Bovespa ainda terminou o mês de março com valorização de 16,97%, a maior alta mensal desde outubro de 2002. A queda das ações no pregão desta quinta-feira foi atribuída em parte a uma realização dos lucros recentes, mas também a dúvidas do cenário político.

Entre as 61 ações que fazem parte do Ibovespa, apenas três fecharam em alta: JBS ON (+3,11%), Qualicorp ON (+1,99%) e Rumo Logística ON (+1,21%). Já as maiores baixas do índice ficaram com Klabin Unit (-6,17%), Lojas Americanas PN (-5,22%) e Marfrig ON (-4,56%).

Taxas de juros

O último dia de março foi marcado por alta generalizada e significativa das taxas de juros negociadas no mercado futuro. A recomposição de prêmios respondeu basicamente a dois fatores: o tom mais cauteloso do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do Banco Central e as dúvidas que começam a pairar em torno do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Havia nesta quinta-feira grande expectativa entre os investidores em torno do RTI, principalmente porque alguns índices de inflação vinham apontando desaceleração importante nos últimos dias. Foi o caso do IGP-M, divulgado ontem, que passou de 1,29% em fevereiro para 0,51% em março, alimentando apostas em um corte de juros no curto prazo. Com o RTI, essas apostas praticamente desapareceram.

No documento, o BC afirma que o momento atual não permite "flexibilização monetária" e reconhece, pela primeira vez, o estouro da meta de inflação em 2016. A autoridade monetária ressaltou ainda que há aumento de incertezas associadas ao balanço de riscos. A previsão para o PIB de 2016 foi revisada de -1,9% para -3,5%. A estimativa do IPCA deste ano passou de 6,2% para 6,6% no cenário de referência e de 6,3% para 6,9% no cenário de mercado.

O tom "hawkish" (duro) do BC teve impacto principalmente na ponta curta da curva de juros, uma vez que o mercado corrigiu posições que admitiam um afrouxamento da política monetária.

As taxas dos vencimentos mais longos também avançaram, dando continuidade à realização de lucros iniciada na véspera. O cenário político contribuiu para incentivar a cautela e o aumento dos prêmios de risco. Depois de formalizada a saída do PMDB da base de apoio do governo, pesaram dúvidas quanto às contraofensivas do governo.

Um dos destaques do noticiário político foi a declaração do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), à tarde. Ele afirmou ter considerado "precipitada" a reunião da Executiva Nacional do PMDB que determinou o rompimento formal do partido com o governo. "É evidente que isso (a decisão do rompimento) precipitou reações em todas as órbitas: no PMDB, no governo, nos partidos da sustentação, nos partidos da oposição, o que significa em outras palavras, em bom português, que não foi um bom movimento, um movimento inteligente", criticou.

Nos negócios na BM&FBovespa, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para liquidação em janeiro de 2017 chegou ao final dos negócios na etapa regular com taxa de 13,885%, ante 13,760% do ajuste de ontem. O DI para janeiro de 2018 projetou 13,72%, de 13,46% do ajuste anterior. O vencimento de janeiro de 2021 teve a taxa elevada de 13,62% para 13,91%.

 



Veículo: Jornal Correio do Povo - RS

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