Dívidas em atraso cresceram 1,75% em janeiro, aponta a CDL-BH.

A inflação e o maior endividamento dos consumidores provocaram um aumento da inadimplência junto ao comércio da Capital no início deste ano. Dados da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) mostram que o volume de registros no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) em janeiro foi 3,97% maior do que o observado no mesmo mês do exercício passado. Já em relação a dezembro, a alta foi de 1,24%.

Embora a economista da entidade, Ana Paula Bastos, argumente que o aumento da inadimplência nos primeiros três meses do ano seja normal, em função das compras de Natal e dos gastos com material escolar, matrículas e pagamentos de impostos, é possível observar grande elevação dos índices frente aos registrados no exercício passado. Em janeiro de 2015, a mesma pesquisa da CDL-BH apontou aumento da inadimplência de 0,28% sobre o primeiro mês de 2014 e de 0,56% sobre o mês anterior.

“Além desse aumento tradicional, há também a influência do cenário econômico, pois o índice acompanha o comportamento da taxa de desemprego e das taxas de juros”, justifica Ana Paula.

Ainda assim, a economista prefere não fazer quaisquer previsões a respeito do comportamento do consumidor no decorrer de 2016. Ela destaca apenas a permanência do mau hábito de não planejar a vida financeira. “A falta de planejamento financeiro familiar também compromete e muito o compromisso com as dívidas”, ressalta.

O indicador de inadimplência da CDL-BH também apontou crescimento de 1,75% das dívidas em atraso em janeiro deste ano, na comparação com o mês anterior. Quando comparado com o mesmo mês de 2015, a alta foi de 6,4%. “Novamente percebe-se o efeito corrosivo da inflação e da piora dos indicadores de desemprego sobre a renda das famílias. Os consumidores estão entrando em uma situação onde a renda não consegue suprir todas as despesas”, explica Ana Paula.
 
Faixa etária - O levantamento da CDL-BH mostrou também que no mês de janeiro, a inadimplência entre os consumidores com idade de 50 a 64 anos avançou ainda mais na Capital. O número de pessoas inadimplentes nesta faixa etária cresceu 9,28% em janeiro deste ano na comparação com o mesmo mês de 2015. O aumento é o maior dos últimos seis anos, nesta mesma base de comparação.

“A inadimplência desse público vem crescendo, pois são pessoas responsáveis financeiramente por suas famílias e que foram impactadas de forma negativa pelo aumento do custo de vida e pelo desaquecimento do mercado de trabalho”, explica Ana Paula.
Já o intervalo que apresentou maior concentração de pessoas com pendências atrasadas foi o de até 90 dias, com 13,96%. É importante ressaltar que houve alto crescimento na comparação anual de pessoas com dívidas em atraso entre três a cinco anos: 2,41%. No mesmo período do ano passado, esse intervalo apresentou queda de 15,03%.

Além disso, o segmento que deteve a maior quantidade de dívidas registradas em janeiro de 2015 em comparação com o mesmo período de 2014 foi o de água e luz (13,76%). No entanto, no que se refere à participação no montante total das dívidas registradas em atraso, os bancos apresentaram maior participação (57,01%).

Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG