Economia
18/12/2015 10:46 - Inflação pesa e rendimento médio dos brasileiros despenca 8,8% em um ano
Com a alta dos preços superando os dois dígitos e a retração da atividade econômica, os ganhos mensais registraram quedas nas comparações mensal e anual; a indústria foi a principal afetada.
Os ganhos mensais dos trabalhadores brasileiros caíram a uma média de R$ 2.177,20 no mês passado, ante R$ 2.388,29 em novembro de 2014, uma queda de 8,8%. Para especialistas, a culpa disso é do aumento dos preços.
Em 2015, a inflação tem evoluído mais rapidamente que as receitas dos brasileiros "e está correndo os salários", afirmou Paulo Dutra, coordenador do curso de ciências econômicas da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) já acumula alta de 10,48% em 12 meses encerrados em novembro último.
O economista acrescenta que parte da população está deixando empregos com salários melhores por ocupações com remunerações inferiores. "Em um cenário de crise, muitos brasileiros são demitidos e aceitam trabalhar por menos, voltando ao mercado com rendimentos menores", explicou.
E a trajetória de queda nos ganhos também é percebida na comparação mensal. O rendimento médio caiu 1,3% entre outubro e novembro deste ano, baixando de R$ 2.205,43 para os R$ 2.177,20. Todas as informações são da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"Essa diminuição vem ocorrendo muito em função da queda de rendimento em atividades com maior número de dispensas", ressaltou Adriana Beringuy, técnica do IBGE. "Isso acontece, por exemplo, nos grupos de serviços prestados a empresas e na indústria", concluiu.
Na comparação entre outubro e novembro, registraram retração nos rendimentos as atividades de indústria (-4,5%), serviços prestados a empresas (-2,2%), serviços financeiros, imobiliários e pessoais (-1,3%), construção (-0,5%) e comércio (-0,3%). Por outro lado, houve estabilidade para serviços domésticos e leve alta para educação, saúde, serviços sociais e administração pública (1,3%).
Tiago Cabral, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) disse que "podemos esperar uma queda mais leve dos salários no ano que vem". Segundo ele, o descontrole dos preços "passa a incorporar um futuro inflacionário pior", o que colabora para reajustes mais elevados nos salários e quedas menores no rendimento médio.
Desemprego
Ainda segundo a PME, o País registrou um corte de 540 mil postos de trabalho com carteira assinada no período de um ano, o equivalente a uma queda de 4,6% em novembro em relação a igual mês de 2014.
O emprego sem carteira no setor privado também caiu (-7,2%), são 147 mil empregados a menos. No entanto, aumentou o trabalho por conta própria em 0,9% no período, 41 mil pessoas a mais nessa condição no País.
Em relação a outubro, houve expansão de 0,5% nas vagas formais, 52 mil postos a mais com carteira assinada no setor privado em novembro. O emprego sem carteira cresceu 3,3%, 60 mil pessoas a mais. Enquanto o trabalho por conta própria recuou 0,2%, menos 9 mil pessoas nessa condição.
A fila do desemprego cresceu 53,8% em novembro em relação ao mesmo mês de 2014. O montante equivale a 642 mil pessoas a mais em busca de uma vaga. Já o total de ocupados diminuiu 3,7%, 858 mil vagas extintas.
Na comparação com outubro, entretanto, houve redução de 4,2% no número de desocupados, 80 mil desempregados a menos. Quanto ao total de ocupados, houve crescimento de 0,3%, o equivalente a 72 mil postos de trabalho a mais.
O setor mais afetado novamente foi a indústria. Foi registrado fechamento de 315 mil vagas em novembro em relação ao mesmo período do ano passado o equivalente a uma queda de 8,8% no total de empregados, segundo o IBGE.
No comércio, a queda foi de 3,2%, patamar próximo das retrações apontadas em serviços prestados a empresas (-3,7%) e serviços financeiros, imobiliários e pessoais (-3,4%).
Para o ano que vem, a previsão dos especialistas entrevistados pelo DCI não é boa. "Deve haver aumento do desemprego, causado pela redução da atividade econômica, que é intensificada por políticas fiscais e monetárias de retração, e pela inabilidade do governo para resolver essa situação", afirmou Dutra.
Veículo: Jornal DCI
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