Volume de calotes apresentou alta de 2,52% em outubro ante mesmo mês no ano passado.

Além das quedas consecutivas das vendas durante todo o ano, o comércio varejista da capital mineira tem enfrentado outro problema, o "calote". A inadimplência apresentou alta de 2,52% em outubro ante mesmo mês no ano passado. Trata-se do maior aumento verificado nesse período nos últimos três anos, haja vista que em 2014 houve crescimento de 1,48% e de 0,74% em 2013. ɐ o que aponta levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH).

Para o vice-presidente da CDL-BH, Davidson Cardoso, o fato é atribuído ao próprio cenário macroeconômico recessivo, com inflação e juros altos e desemprego. Ele acredita que as dívidas devem ter sido contraídas a longo prazo na compra, por exemplo, de carros ou imóveis. "Essa situação já era esperada".

Já na análise comparativa entre outubro deste ano com o mês anterior, houve acréscimo de 1,33% no número de dívidas em atraso. "Novamente, percebe-se o reflexo da piora dos indicadores econômicos como a inflação alta e os juros elevados no orçamento das famílias que não conseguem quitar todas as suas despesas", explica Cardoso.

Cardoso relembra que pesquisa recente realizada pela CDL-BH revelou que dos 200 consumidores belo-horizontinos entrevistados, 54% não fazem nenhum tipo de planejamento financeiro e que isso pode gerar dívidas e, conseqüentemente, inadimplência. Na opinião do vice-presidente da entidade, isso não deveria acontecer. "Momentos de instabilidade econômica exigem um melhor controle do orçamento por parte das famílias".

13º - Com o acúmulo de dívidas, parte dos consumidores não está conseguindo colocar as contas em dia e limpar os nomes, segundo Cardoso. Ele acrescenta que, com o pagamento do 13º salário, muitas pessoas deverão utilizá-lo para quitar os pagamentos em atraso. Com a proximidade do Natal, melhor data comemorativa em termos de vendas para o varejo, os consumidores vão ter que estar com nomes limpos e sem pendências financeiras para fazer as compras.

Por outro lado, Cardoso diz também que há consumidores que estão mais cautelosos na hora de ir às compras em função do atual quadro do País e das incertezas sobre os rumos da economia e da crise política. "As pessoas estão inseguras em meio à corrupção, ao rebaixamento de grau de investimento do Brasil. Mudanças têm de acontecer para que a economia volte a crescer".

Em relação ao perfil dos inadimplentes, a maior parte dos registros (8,60%) no SPC da entidade foi de consumidores de 50 a 64 anos na comparação outubro de 2015 e mesmo período do ano passado. Já os inadimplentes de 40 a 49 anos representaram 6,05%, de 65 a 84 anos (5,49%), de 85 a 94 anos (3,46%) e de 30 a 39 anos (2,05%). As faixas que apresentaram queda são: de 18 a 24 anos (-16,26%) e de 25 a 29 anos (-0,85%).

Sobre o tempo de atraso do débito, no mesmo período de comparação, a maioria das dívidas em atraso corresponde a dívidas de três a cinco anos (13,32%), em seguida aparece o intervalo de até 90 dias (1,57%). Apresentaram queda as faixas de: de 181 a 360 dias (-5,84%), de 361 dias a três anos (-1,41%) e de 91 a 180 dias (-0,14%).

Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG