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21/10/2015 10:21 - Aumento do ICMS deve deixar itens mais caros em Minas

Com quatro unidades na Capital, o proprietário da Papelaria Brasilusa, Marco Antônio Gaspar, afirma que a alta nos preços dos produtos é notória nas prateleiras. Segundo ele, que também é vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), o lápis de produção nacional aumentou cerca de 10% nos últimos meses, assim como o caderno. Mas ele confirma que a principal diferença está nos produtos importados. "O que alterou muito foram itens importados, que representam a maioria do mix. Produtos como mochilas e estojos aumentaram 25% a 30%", diz. Ele afirma que também sentiu grande diferença nos produtos plásticos, que aumentaram cerca de 20%.

O empresário afirma que os preços altos não vão expulsar os clientes das lojas, mas ele acredita que o consumidor terá uma nova postura na hora de comprar. "Os pais não vão mais fazer todas as vontades das crianças e vão optar pelo modelo mais antigo e mais barato", diz. Para manter as vendas, Gaspar afirma que está apostando nas redes sociais, onde disponibiliza propagandas e promoções. "Também estamos negociando com os fornecedores e conseguindo preços atrativos para aqueles produtos que estão saindo de linha", destaca.

Gaspar afirma que também está viabilizando para o volta às aulas mais uma unidade da Brasilusa no bairro Floresta, na região Oeste da Capital. Ele explica que já possuía esse imóvel no bairro e, por isso, não teve que fazer um novo investimento. A ideia do empresário é aproveitar de seu próprio estoque em mais um ponto de venda no melhor período para o setor, que é o fim de ano. Ele afirma que a empresa não deve crescer em 2015 e a expectativa é atingir o mesmo faturamento de 2014, que também não foi muito positivo devido à Copa do Mundo.

Empresário do segmento de papelaria, Cristiano Gomes Consentino também tem visto sua margem de lucro despencar com o aumento dos preços. Ele é proprietário de três unidades da papelaria Mixpel, sendo duas no Centro e uma no bairro de Lourdes, na região Centro-Sul da Capital. Ele afirma que o aumento do dólar é o principal motivo para esse cenário, já que a papelaria trabalha com muitos produtos importados.

"A solução é reduzir nossa margem de lucro, pois se eu repassar tudo para o consumidor pode ficar inviável a comercialização", diz. Segundo ele, nos últimos meses, ele reduziu entre 20% e 30% seu lucro nos produtos. Ele afirma que se preparou comprando produtos antes da disparada do dólar mas, ainda assim, 2015 foi um ano de difícil planejamento, já que a moeda americana mudava o tempo todo.

As três unidades da Mixpel fazem cerca de 1.300 vendas por dia e, este ano, terá faturamento igual ao de 2014. "Acabou que conseguimos igualar o faturamento porque entramos com e-commerce, mas a venda na loja caiu, gerando queda de 15% a 20% no faturamento deste ano, em relação a 2014", afirma.

Na Port Papelaria, que tem cinco unidades em Belo Horizonte e região metropolitana e uma em Brasília, a situação não é diferente. O gerente de Marketing, Geraldo Melo, afirma que a empresa está esperando pelo Àvolta às aulas" mais caro dos últimos tempos". Mas ele frisa: não são os produtos que são caros, mas os impostos e o impacto da variação do dólar que incidem sobre eles. "Nesses últimos meses a escalada dos preços foi galopante e a indústria repassa para o varejo porque não vai ficar no prejuízo. Nós, por outro lado, não podemos repassar", diz.

De acordo com o gerente, entre os principais itens que sofreram aumento na Port estão os cartuchos de tinta e as impressoras, que têm muitos itens importados. Mas ele afirma que até mesmo itens básicos, como lápis, apontador e régua apresentam um aumento exagerado nos preços. "O que acontece é que o cliente já paga um valor alto pelo básico, então deixa de comprar itens de maior valor agregado.  muito contraditório a ÀPátria Educadora" ter cargas tão altas para o material escolar", afirma.

Ele afirma que a Port teve queda de 20% a 30% nas vendas este ano em relação a 2014. Para tentar atrair os clientes, a empresa tem apostado no marketing e na otimização de custos. "Se antes anunciava em várias rádios, canais de TV e jornais impressos, agora temos que escolher uma mídia de maior audiência e apostar mais na comunicação on-line, que é muito mais barata", diz.

ICMS - Em Minas Gerais, o aumento dos preços do material escolar pode ser ainda maior. Isso porque, até este ano, o setor contava com a redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) de 18% para 12%, garantido em 2012 pelo governo do Estado.

De acordo com o vice-presidente da CDL/BH, Marco Antônio Gaspar, a volta dos 18% já é uma realidade para 2016, mas ele afirma que a entidade está negociando com a Secretaria da Fazenda para que esse reajuste seja postergado. "Estamos brigando com o governo para ver se conseguimos adiar esse aumento para março, pois, pelo menos, passa o início do ano, que é quando o setor vende mais", diz.

Na Port Informática, o gerente de Marketing já está se preparando para o pior. Ele afirma que a empresa planejou as finanças de acordo com a realidade atual, mas já adicionou nos encartes de "volta às aulas" que os preços podem ser alterados. "Como não sabemos como ficará o ICMS em 2016 e com a mudança contante do dólar fica difícil fechar os preços e até planejar gastos internos. Então, infelizmente, tivemos que usar um recurso jurídico e avisar o consumidor que os preços podem sofrer aumento a qualquer momento sem aviso prévio", diz.

 



Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG

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