Economia
13/10/2015 11:01 - Indústria sente o peso da conta de luz
O custo da energia disparou. Não precisa ser nenhum técnico para comprovar. Basta olhar as últimas faturas. E se para o consumidor residencial o impacto é grande, para o industrial o peso é ainda maior.
Segundo um levantamento da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), o Brasil tem a tarifa mais cara para a indústria entre 28 países analisados. Por aqui, o megawatt/hora custa R$ 544. A Índia e a Itália estão logo atrás, com preços próximos dos R$ 500. Em tempos de crise econômica, os industriais estão tendo que fazer e refazer as contas para minimizar os impactos dos reajustes.
Na indústria de alimentos Tambaú foram diversas as medidas adotadas. “Passamos a negociar mais com fornecedores, barganhamos descontos para compras à vista, buscamos um consumo mais consciente”, diz o presidente da empresa, Hugo Gonçalves. Segundo ele, o valor pago com a conta de energia teve um aumento de 45% quando se compara um mês de 2015 com o mesmo período de 2014.
“Este não foi o único reajuste. Por isso tivemos que apertar os cintos. Paralelamente, investimos em outras áreas, como no redesenho das embalagens, para chamar a atenção do consumidor”, conta Gonçalves. A estratégia adotada deu certo. No primeiro semestre deste ano, a empresa registrou um crescimento de 15% nas vendas. “O que está nos preocupando é a redução do poder de compra. Por isso precisamos continuar adotando medidas e buscando novas”, afirma.
De acordo com a consultora em regulação e comercialização de energia da C&T Assessoria, Maria da Conceição Gama, uma das alternativas para a reduzir a despesa com energia é a compra no mercado livre. “Neste caso há uma maior negociação de valores, já que as distribuidoras praticam tarifas reguladas e publicadas pela Aneel. Adquirindo energia no mercado livre, o preço pode ser negociado abaixo da tarifa da distribuidora e não tem a bandeira tarifária”, explica.
A compra neste mercado é comum junto a grandes indústrias. Já os pequenos e médios industriais ficam reféns das distribuidoras. “Neste caso, é possível adotar opções internas de eficiência energética. São ações que vão desde a cultura da economia de energia elétrica, como implantação de lâmpadas de LED, até a implantação de um projeto de energia para consumo próprio. Tudo depende do quanto a empresa possa, e esteja disposta, a investir”, ressalta Maria da Conceição.
Alguns grandes consumidores industriais estão indo além e questionando encargos setoriais determinados pela União, pela Aneel e demais órgãos regulatórios do setor energético. “As ações judiciais estão cada vez mais rotineiras e denotam que os agentes do setor passam a exigir uma maior acuidade por parte dos entes reguladores como forma de garantir constitucional e legalmente direitos instituídos”, ponta o advogado especialista em direito da energia e direito societário do escritório Da Fonte Advogados, Lucas Pimentel. Segundo ele, por enquanto, esses tipos de ações estão ganhando forma em indústrias do Sul e Sudeste do país. “O Nordeste precisa entrar nesta rota”, enfatiza.
Veículo: Jornal Diário de Pernambuco
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