Economia
02/10/2015 10:03 - Importações caem 32% com crise e dólar
Com uma queda de 32,7% nas importações, devido ao desaquecimento da economia e à alta do dólar, a balança comercial brasileira registrou um superávit de US$ 2,944 bilhões em setembro, como resultado de US$ 16,148 bilhões em exportações e US$ 13,204 bilhões em importações. O número veio acima do previsto por analistas, que projetavam saldo de US$ 2,5 bilhões. Porém, houve forte queda nas exportações, provocada, principalmente, pelo recuo nos preços das principais matérias-primas exportadas pelo Brasil.
Em setembro, as vendas externas tiveram queda de 13,8% em relação ao mesmo mês do ano passado. As exportações de produtos básicos caíram 19,6%. As vendas para o exterior de minério de ferro recuaram 40,4%; as de petróleo em bruto, 37,8%; as de algodão, 35,2%; e as de farelo de soja, 23,7%.
Houve avanço das quantidades embarcadas, ou seja, a queda nas exportações reflete o recuo nos preços. O temor de uma desaceleração maior da China e a expectativa de uma alta dos juros nos EUA ainda este ano afetaram as cotações internacionais das commodities em setembro. A piora no cenário internacional pode dificultar a retomada do crescimento brasileiro, já que, diante da crise interna, os analistas tinham a expectativa de que um incremento nas exportações ajudasse a tirar o país da recessão.
No acumulado do ano, a balança comercial acumula saldo de US$ 10,246 bilhões, ante um déficit de US$ 742 milhões nos nove primeiros meses de 2014.
Este ano, o país deve registrar superávit comercial de US$ 15 bilhões, devido ao novo patamar do dólar. A estimativa é do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro. Em declarações anteriores, ele havia falado em saldo de US$ 12 bilhões, mas, com a taxa de câmbio em torno de R$4, a projeção mudou.
— O câmbio ajuda, e isso já aparece na balança comercial — afirmou o ministro, em almoço com empresários na Associação Comercial do Rio de Janeiro ( ACRio). — Temos chance de fechar com superávit no patamar de US$ 15 bilhões. É um resultado fantástico, porque no ano passado tivemos um déficit de US$ 4,5 bilhões. Isso já dá uma ideia do que o realinhamento cambial produz. Evidentemente, volatilidade cambial não é bom. Seria interessante que o câmbio se estabilizasse em um patamar que desse ao setor exportador uma compensação por alguns custos elevados que o Brasil tem, como logística e sistema tributário.
O resultado da balança de setembro foi o melhor para o mês desde 2011, quando as exportações superaram as importações em US$ 3 bilhões.
Alívio na conta do petróleo
Além do desaquecimento da atividade econômica, o comércio exterior brasileiro foi afetado pela conta petróleo. O déficit na balança comercial de petróleo e derivados, que no ano passado estava em US$ 12,9 bilhões, baixou para US$ 3,5 bilhões no acumulado janeirosetembro de 2015. Dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior ( MDIC) mostram que as importações brasileiras de combustíveis e lubrificantes caíram 61,9%; de matérias-primas e intermediários, 26%; e de bens de consumo, 23,4%.
A queda das exportações brasileiras foi observada em todos os mercados de destino: Europa Oriental, 51,2%; África, 22,6%; União Europeia, 19,6%; América Latina e Caribe, exceto Mercosul, 14%; Oriente Médio, 13,7%; Estados Unidos, 13,3%; Ásia, 8,3%; e Mercosul, 4,5%. Já as vendas para a China subiram 22,8%.
Entre os manufaturados, caíram as vendas de açúcar refinado (33,7%), máquinas para terraplanagem (28%), medicamentos (21,9%), tubos flexíveis de ferro e aço (19,5%) e motores/geradores (18,5%).
Veículo: Jornal O Globo
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