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06/04/2015 10:24 - Agronegócio de SC ganha rentabilidade na exportação com alta do dólar

Venda de suínos e aves catarinenses representa até 30% dos embarques brasileiros ao exterior

 



A alta do dólar está trazendo maior rentabilidade em reais para as indústrias exportadoras de Santa Catarina, principalmente na área do agronegócio. A Aurora Alimentos, que no ano passado teve 20% do faturamento nas exportações, totalizando R$ 1,3 bilhão, é uma das empresas beneficiadas com a valorização da moeda americana. Principalmente porque no ano passado conquistou o mercado norte-americano.

– Vai ser bom, sem dúvida – disse o vice-presidente da cooperativa, Neivor Canton.

No entanto, Canton prevê que o crescimento das exportações não será tão significativo quanto o aumento da moeda americana, que teve um valorização de cerca de 40% em um ano.

– Os compradores vão barganhar uma redução nos valores em dólares – diz Canton.

Mesmo assim a agroindústria já teve um crescimento de 12% a 15% sobre o faturamento por tonelada exportada no primeiro trimestre de 2015. Para o diretor-executivo da Associação Catarinense de Avicultura (Acav) e do Sindicato das Indústrias de Carne e Derivados (Sindicarne), Ricardo Gouvêa, os ganhos com as vendas externas vão compensar aumentos de custo no mercado interno, como de energia e combustíveis.

O presidente da Companhia Integrada para o Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) e vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina (Faesc), Enori Barbieri, diz que o agronegócio catarinense vive um bom momento, com incremento no faturamento das exportações e boa safra. Mas ele teme um desequilíbrio a médio e longo prazo por conta da cotação da moeda americana e da economia.

– No momento, o dólar alto é bom para quem exporta, mas a médio e longo prazo é ruim pois um desequilíbrio do dólar gera inflação, que corrói o ganho, além de aumentar o custo de importação – afirmou.

As lideranças do setor também alertam que a alta do dólar vai pressionar os custos e influenciar no aumento de preço ao consumidor.

– Vai pressionar os preços da carne, pois é uma espiral – diz Gouvêa, da Acav e Sindicarne.

O certo é que o agronegócio catarinense deve novamente propiciar uma balança favorável, que foi de US$ 1,7 bilhão em 2013.

Sobe e desce do turismo segue a variação da moeda americana

A alta do dólar dos últimos meses afeta o turismo de duas formas diferentes. Para os catarinenses que pretendem viajar para o exterior, pode mudar a escolha do roteiro. Do ponto de vista da atração de turistas, é uma oportunidade econômica diante de um cenário conturbado.

– Pode haver uma grande demanda para o Brasil, e nós estamos dentro do cenário por Santa Catarina ser uma referência – disse o presidente da Santur, Valdir Walendowsky.

E esse efeito não é limitado apenas para turistas alemães ou americanos. A mudança no valor da moeda faz com que sair do país fique mais caro e os próprios brasileiros decidam mudar o roteiro da viagem, beneficiando os destinos nacionais mais conhecidos.

– Acredito que a alta do dólar vá se reverter em um bom número de turistas novos para nós – disse Ely Ribeiro, presidente do braço catarinense da Associação Brasileira de Agências de Viagem (Abav-SC).

Ainda não é possível falar em números, já que a mudança no câmbio é relativamente recente, mas a Santur afirma que está realizando um trabalho de divulgação do Estado em outras regiões do país para aproveitar a oportunidade que aparece em meio à crise. A Abav-SC também tem uma proposta semelhante.

Ao perceber que, em pacotes estudantis para escolas privadas, uma viagem para a Disney ficou quase R$ 5 mil mais cara por pessoa, a entidade está incentivando um projeto que aposta na vinda de turmas escolares para Santa Catarina. Oferece um alternativa nacional, o parque Beto Carreiro World, com custo total de cerca de R$ 2 mil por estudante para uma estadia de cinco a seis dias.

O efeito, no entanto, não deve ser imediato. Ele ocorrerá mais no longo prazo, diz Rafael Silochi, agente de viagens da Apino Turismo, agência especializada em roteiros com estrangeiros em Santa Catarina.

– Essa época não é de tanta procura – explica.

Europa ganha preferência dos viajantes com cotação do euro

O salto nos valores da moeda americana pegou turistas de surpresa. Até então, ir para os Estados Unidos era considerado um passeio mais acessível. A Europa era o sonho. O cenário atual inverteu essa balança. Na compra para turismo, um dólar chega a custar R$ 3,35.

– Algumas pessoas que atendi resolveram trocar – afirma Alexandre Carvalho, vendedor da agência de viagens Açoriana Turismo.

Ele destaca que os mais fiéis, que viajam para fazer compras, continuam escolhendo os Estados Unidos como destino. Enquanto o dólar aumentou quase 40% em um ano, o euro não chegou a variar 10%. Isso aproximou os preços de uma viagem aos EUA ao patamar dos roteiros para a Europa, tradicionalmente mais caros.

– Tive uma grata surpresa nessa terceira vez que eu fui agora. Não sei se Floripa está muito caro ou lá está começando a ficar mais acessível. Pagamos lá fora basicamente a mesma coisa que pagamos aqui em alimentação – disse o empresário Felipe Gondin.

Ele passou uma semana em Amsterdã, na Holanda, e em Paris, na França. E acrescenta que deve esperar um bom tempo antes de pensar em viajar para os Estados Unidos, onde já morou, por causa do câmbio e da preferência pelo velho continente para fazer turismo. A incerteza em relação aos valores da moeda no futuro é uma preocupação também em relação à moeda europeia. No início de fevereiro, ela estava no mesmo patamar que o ano passado. Desde então, aumentou quase R$ 0,30.

– Já comprei parte dos euros para garantir a viagem – disse a bancária Ana Lúcia de Moraes, com viagem para a Itália marcada para junho, junto com o marido. ´



Veículo: Diário Catarinense

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