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12/02/2015 10:42 - Rio Grande do Sul acompanhou resultado fraco do setor no ano passado

Se o desempenho do comércio brasileiro não anima, a situação não melhora quando são analisados apenas os dados do setor no Rio Grande do Sul em 2014. No ano passado, o IBGE apurou um crescimento de 2,3% das vendas no comércio gaúcho, resultado muito semelhante ao índice nacional, de 2,2%. No estudo que leva em conta as receitas, o aumento regional, que fechou o ano em 9,1%, também em pouco diferente do resultado brasileiro, de 8,5%.

Para a Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), os resultados já eram esperados, e confirmam o período de transição pelo qual passa o setor desde o fim de 2013. “O que vem motivando essa desaceleração do comércio, com resultados bem piores do que estávamos acostumados a ver nos últimos 10 anos, são fatores que são nacionais, portanto não é à toa o comportamento parecido do Rio Grande do Sul com o encontrado no Brasil”, argumenta Lucas Schifino, economista da entidade.

Entre estes fatores, Schifino aponta a queda de três pilares que garantiram o ciclo de expansão do consumo a partir de 2004. O número de pessoas trabalhando, que formam a base consumidora do comércio, parou de crescer em 2014, enquanto a alta de inflação comprometeu o poder de compra das famílias e a alta dos juros tornou mais difícil o acesso ao crédito. Além disso, embora não haja, ainda, nenhum indício de superendividamento das famílias, o economista da Fecomércio-RS alerta que a parcela de renda comprometida com dívidas aumentou, deixando pouco espaço para novos compromissos.

O desempenho agropecuário, principal particularidade que geralmente diferencia as vendas no Rio Grande do Sul em relação às do País, também teve pouca influência em um ano sem estiagens ou grande aumento na safra, mantendo-se similar em relação ao ano anterior.
“Em 2013 já apontamos o pior resultado desde 2004, e, agora, o pior resultado desde 2003. Fica evidente que estamos vivendo o fim de um ciclo, o que também não deve mudar em 2015”, argumenta Schifino.

A última projeção da Fecomércio-RS em relação ao seu próprio indicador, o Índice de Vendas do Comércio (IVC), que utiliza outra metodologia em relação ao estudo do IBGE, prevê um crescimento de 0,5% no setor no Rio Grande do Sul para 2015, enquanto projeta um resultado de estagnação ou mesmo leve declínio no resultado do ano passado, ainda não divulgado.

A previsão, porém, não quer dizer que necessariamente 2015 será um ano melhor para o setor do que 2014. “A projeção foi realizada nos meses de novembro e dezembro, quando as previsões para a economia brasileira como um todo ainda eram mais favoráveis do que agora”, justifica Schifino, afirmando que, dessa forma, 2015 deve representar mais um ano ruim para o setor.
Juros para pessoa física atingem maior patamar desde janeiro de 2012

A taxa de juros média para pessoa física subiu 0,09 ponto percentual em janeiro ante dezembro, atingindo 6,39% ao mês, o maior nível desde janeiro de 2012, segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac). Para as pessoas jurídicas, o juro médio subiu 0,13 ponto percentual, para 3,67% ao mês, patamar mais elevado desde março de 2012.

Segundo a Anefac, a alta nos juros pode ser atribuída à elevação da Selic e ao cenário de inflação elevada, que reduz a renda das famílias e aumenta o risco de crescimento na inadimplência. “Agregado a isto temos o baixo crescimento econômico, que deve resultar no aumento dos índices de desemprego”, diz o relatório divulgado pela entidade, acrescentando que os juros no mercado brasileiro devem continuar subindo nos próximos meses.
Black Friday antecipa a venda do Natal

A realização da Black Friday em novembro pode ter resultado em uma antecipação de compras dos consumidores para o Natal, o que teria prejudicado o resultado do varejo no último mês de 2014. A avaliação é de Juliana Vasconcellos, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Algumas atividades que não apresentavam crescimento no ano até novembro, no mês apresentaram crescimento muito acima da média dos outros meses de novembro. Por ter tido um movimento de promoção muito grande em novembro, a gente acredita que isso tenha afetado essas compras junto com a antecipação do décimo terceiro das famílias, com reflexo em dezembro”, contou Juliana.





Veículo: Jornal do Comércio - RS

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